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Um estudo publicado na última edição do periódico Neurology, jornal oficial da Academia Americana de Neurologia, confirma que a enxaqueca vai muito além das crises de dor de cabeça: a doença está associada a um maior risco de eventos vasculares como o infarto do coração e derrame cerebral.

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Vinte e oito mil mulheres americanas com mais de 45 anos de idade foram acompanhadas por doze anos, sendo que 13% delas eram portadoras de enxaqueca. As mulheres com enxaqueca sem aura não apresentaram maior risco de eventos vasculares. Vale lembrar que aura são sintomas que acompanham a dor de cabeça como alterações visuais e da sensibilidade, e que ocorrem em 25% das pessoas que têm enxaqueca. No presente estudo, as mulheres com enxaqueca com aura e crises frequentes (≥ 1 vez por semana) tiveram risco de derrame cerebral quatro vezes maior. Mesmo aquelas com crises pouco frequentes (< 1 vez por mês) também apresentaram maior risco vascular, com chance duas vezes maior de ter um infarto do coração quando comparadas às mulheres sem enxaqueca. 

Esses resultados não devem gerar pânico em quem têm enxaqueca com aura, já que o risco absoluto de eventos vasculares é baixo: das 180 mulheres com enxaqueca com aura, apenas duas delas apresentaram um infarto do coração e quatro delas um derrame cerebral ao longo de 12 anos.  Entretanto, é importante o recado de que indivíduos com enxaqueca com aura já saem à frente das outras pessoas com risco maior de eventos vasculares, e por isso devem evitar e controlar a todo custo outros fatores de risco como o tabagismo e, no caso das mulheres, o uso do hormônio estrogênio.

 

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Confira artigo de minha autoria  recém-publicado na Revista de Jornalismo Científico ComCiência em que discuto quais as possíveis explicações para o maior risco de derrame cerebral entre as pessoas que têm enxaqueca. É discutido também como minimizar esse risco, especialmente entre as mulheres.

 Clique aqui para ler o artigo na íntegra. 

 

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Uma pesquisa recém-publicada pelo periódico Cancer Epidemiology Biomarkers and Prevention confirma recentes evidências de que mulheres com diagnóstico de enxaqueca têm menor risco de câncer de mama. Dessa vez os pesquisadores estudaram quase 10 mil mulheres com idades entre 34 e 64 anos e evidenciaram um risco 26% menor de câncer de mama entre as que tinham história de enxaqueca. Além disso, a redução de risco mostrou-se presente tanto nas mulheres na pré-menopausa como naquelas na pós-menopausa. 

Uma forma de explicar  esse efeito protetor da enxaqueca seriam hábitos de vida mais saudáveis entre as pessoas que sofrem com dores de cabeça: menor consumo de álcool e cigarro ou menor uso de terapia de reposição hormonal. Esses são conhecidos fatores desencadeantes de crises de enxaqueca e que também aumentam o risco de câncer de mama. Entretanto, o estudo demonstrou que o menor risco de câncer de mama entre essas mulheres com enxaqueca não podia ser explicado por esses hábitos.  Também não houve associação entre o risco de câncer e a idade em que as mulheres começaram a apresentar crises de enxaqueca. 

 

Outra hipótese é que o maior consumo de antiinflamatórios por mulheres com enxaqueca poderia ser implicado no menor risco de câncer de mama, já que o uso dessa classe de medicação está associado a um menor risco desse tipo de câncer. Porém, os pesquisadores do atual estudo já divulgaram que essa não deve ser uma explicação razoável, e resultados negativos dessa associação estão em processo para uma nova publicação.

 

Não é de se espantar uma relação entre a enxaqueca e o câncer de mama já que ambas são doenças intimamente associadas aos hormônios sexuais. A enxaqueca é duas a três vezes mais comum entre as mulheres e o período em que a mulher tem mais chance de ter crises é justamente na fase do ciclo menstrual em que os níveis de estrogênio caem abruptamente: nos dias que antecedem a menstruação. Além disso, mulheres que usam pílula anticoncepcional têm mais crises na semana livre de hormônios. Por outro lado, durante a gravidez, época em que os níveis de estrogênio estão elevados, as mulheres costumam ter menos crises de enxaqueca.  

 

Os resultados dessa pesquisa precisam ser confirmados em outras populações. Fica também em aberto o porquê de um menor risco de câncer de mama entre as enxaquecosas. A pesquisa também reforça o conceito de que a enxaqueca pode ter representado alguma vantagem evolutiva ao logo dos tempos, e por isso é uma condição geneticamente herdada e tão freqüente. Em consonância com essa idéia estão os resultados de um estudo populacional publicado em 2007 que demonstrou que indivíduos com enxaqueca envelhecem com o cérebro mais afiado do que aqueles sem enxaqueca. Pelo que podemos ver, até a enxaqueca também pode ter seu lado positivo.

 

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Um estudo recém-publicado pelo American Journal of Epidemiology confirma pesquisas anteriores de que a terapia de reposição hormonal, apesar de poder reduzir os sintomas de menopausa, não traz vantagens à saúde da mulher. Já são muitas evidências de que o uso prolongado desse tipo de tratamento, além de não proteger a mulher da doença coronariana, aumenta o risco de derrame cerebral, trombose nas veias e câncer de mama.

 

Ainda pairava no ar a suspeita de que se a terapia de reposição hormonal fosse iniciada em fases mais precoces na transição para a menopausa, os benefícios seriam maiores. Entretanto o presente estudo deu um certo banho de água fria nessa hipótese. Quando se comparou as mulheres que iniciaram a terapia de reposição hormonal mais tardiamente com as que iniciaram precocemente, não houve diferença na incidência de doença coronariana, derrame cerebral ou trombose venosa. Além disso, houve até mesmo uma leve tendência ao aumento de câncer de mama entre as mulheres que iniciaram a terapia mais precocemente.

 

Esses são resultados do desdobramento do mesmo estudo que, ainda em 2002, fez com que as indicações de terapia de reposição hormonal diminuíssem drasticamente após a demonstração de seus riscos numa população de milhares de mulheres. Veja abaixo que essas indicações estão cada vez mais restritas, posição atualmente consensual nos quatro cantos do mundo.

 

RECOMENDAÇÕES PARA O USO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL (TRH)

 

1- A TRH só deve ser indicada se os sintomas de menopausa forem moderados a severos;

2- As mulheres devem avaliar cuidadosamente os potenciais riscos e benefícios da TRH;

3- Os hormônios devem ser usados na mínima dose e pelo menor tempo possível;

4- A TRH não deve ser utilizada para a prevenção de doenças cardiovasculares ou demência;

5- A mulher em uso de TRH deve ser clinicamente reavaliada a cada 3-6 meses ou pelo menos anualmente.

 

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Apesar de 60% das mulheres apresentarem queixas de memória na fase de transição para a menopausa, poucas pesquisas foram feitas para entender o que realmente ocorre com o cérebro das mulheres nessa fase da vida. Um estudo recém-publicado pelo periódico científico Neurology revela que mulheres na fase de transição para a menopausa apresentam uma menor velocidade de processamento cognitivo e menor desempenho da memória verbal.

 

 O estudo acompanhou mais de duas mil mulheres com idades entre 49 e 61 anos e com exames seriados ao longo de quatro anos. A boa notícia é que esses efeitos parecem ser limitados, já que as mulheres voltaram a apresentar o mesmo desempenho cognitivo que tinham no período pré-menopausa após ultrapassarem o período de transição. Além disso, as mulheres que receberam reposição hormonal antes do término da menstruação foram beneficiadas do ponto de vista cognitivo. Em contraste, a reposição hormonal iniciada após o término da menstruação promoveu piora nos testes cognitivos.    

  

Uma forma de explicar as freqüentes queixas de memória na transição da menopausa é que a redução ou flutuação dos níveis do hormônio estrogênio podem dificultar o pleno funcionamento cerebral. Já foi bem demonstrado que algumas áreas cerebrais são ricas em receptores de estrogênio, regiões que são fortemente vinculadas à memória, como é o caso do hipocampo e o córtex pré-frontal. Além disso, estudos experimentais revelam que o estrogênio é capaz de elevar os níveis de neurotransmissores e também promovem o crescimento neuronal e formação de conexão entre os neurônios.  

 

O presente estudo sugere que a reposição de estrogênio pode ser benéfica ao desempenho cerebral na fase de transição da menopausa e que esse efeito positivo  parece não ser sustentado após o período de transição. Essa é mais uma evidência de que os benefícios do uso prolongado de reposição hormonal não consegue superar os riscos.

 

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A enxaqueca é cerca de três vezes mais comum entre as mulheres, chegando a afetar até um quarto delas em idade fértil. Durante a gravidez, é comum que as mulheres tenham menos crises de enxaqueca, mas algumas delas podem até piorar.

 

Recentemente, foi demonstrado que mulheres com enxaqueca têm um risco três vezes maior de apresentar hipertensão arterial na gravidez e um maior risco de gerar bebês de baixo peso. Chegou-se a demonstrar que a enxaqueca está associada a um risco 17 vezes maior de derrame cerebral em mulheres grávidas e 4 vezes maior de infarto do coração. Esses resultados foram confirmados por uma pesquisa recém-publicada pelo British Medical Journal.

 

Mais de 18 milhões mulheres grávidas foram acompanhadas por três anos e foram identificadas aquelas que tiveram o registro de crises de enxaqueca durante a internação hospitalar para o parto. O registro de crises de enxaqueca esteve associado a um maior risco das seguintes doenças na gravidez: derrame cerebral (risco 15 vezes maior), infarto do coração (risco 2.1 vezes maior), tromboembolismo pulmonar (risco 3.2 vezes maior), hipertensão arterial / pré-eclampsia (risco 2.3 vezes maior) e diabetes (risco 1.9 vezes maior).

 

A metodologia do estudo não permite concluir se a enxaqueca é causa ou conseqüência dessas doenças associadas. Entretanto, pesquisas anteriores, têm revelado que indivíduos com enxaqueca, especialmente a enxaqueca com aura e independente da gravidez, têm um maior risco de apresentar eventos vasculares, como o derrame cerebral, infarto do coração e tromboembolismo pulmonar. O atual estudo acrescenta que mulheres grávidas que apresentam crises de enxaqueca durante a internação para ganhar o bebê, essas devem ser monitoradas de forma mais cuidadosa por apresentarem maior risco de eventos vasculares, sobretudo o derrame cerebral.

 

 

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Por 40 dias e 40 noites, Noé, sua mulher, três filhos e os animais embaracaram na arca enquanto o dilúvio destruía o resto do mundo. Ao chegar em terra firme, uma das primeiras coisas que Noé fez foi “tomar vinho e ficar embriagado” e os filhos precisaram protegê-lo para que ele não metesse os pés pelas mãos. O livro do Genesis marca a presença do álcool e seus riscos já nos primórdios da humanidade.

 

Os problemas de saúde associados ao álcool incluem a dependência química, a intoxicação aguda e o seu consumo crônico que pode provocar mais de sessenta diferenças doenças. Entretanto, uma série de estudos têm-nos mostrado que beber com moderação está associado a uma maior longevidade e é capaz de reduzir o risco de uma série de doenças como o infarto do coração, derrame cerebral, Doença de Alzheimer e outros tipos de demência. Os maiores candidatos para explicar esse efeito protetor do álcool são o seu efeito anti-oxidante em doses moderadas com melhora de índices de gordura no sangue e o efeito de redução da tendência de coagulação do sangue.

 

Então deveríamos estimular que a população beba moderadamente, ou seja, até duas doses diárias para homens e uma para mulheres? A recomendação atual da Associação Americana do Coração (American Heart Association) é a de que quem não bebe não deve começar a beber, mas para quem já tem o hábito, o médico não deve criar proibições, e sim limitar o consumo e dar preferência ao vinho, já que o vinho além do álcool contém a uva com seus nobres ingredientes à saúde (ex: resveratrol).

 

Um estudo recém-publicado pelo Journal of National Cancer Institute acompanhou mais de um milhão de mulheres por sete anos e demonstrou que mesmo o consumo leve a moderado de álcool está associado a um maior risco de diferentes tipos de câncer como o de mama, reto e fígado. O consumo de álcool ainda potencializou o risco de outros tipos de câncer entre tabagistas: cavidade oral, orofaringe, laringe e esôfago. Os pesquisadores calculam que 13% dos casos desses tipos de câncer são causados pelo álcool e o risco de câncer não foi diferente entre o vinho e outros tipos de bebidas. No presente estudo, a média de consumo de álcool foi de uma dose diária (só 3% dessa população bebia mais que 3 doses diárias) e esse é o ponto que dá uma chacoalhada e amplia a análise da relação entre álcool e saúde. A conclusão mais importante do estudo é a de que não existe dose segura para o consumo de álcool.

 

Apesar dos efeitos protetores do álcool em doses moderadas sobre o cérebro e sistema cardiovascular, o aumento do risco de câncer anularia esses benefícios quando se pensa na saúde de forma sistêmica. Esse é um estudo tão importante que deverá mudar o discurso de boa parte dos médicos que atualmente orientam seus pacientes a tomarem um a dois cálices de vinho por dia para proteger o coração.

 

 

 

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Podemos entender a atividade física e a sexualidade como um círculo virtuoso, onde há influências positivas nos dois sentidos.  Indivíduos sexualmente ativos preocupam-se mais em estar com o corpo em forma, podendo assim aumentar a capacidade de atrair o(a) parceiro(a). A atividade física melhora o estado de saúde como um todo e ainda tem o poder de elevar a auto-estima, ambos trazendo benefícios à sexualidade. A atividade sexual regular, por sua vez, traz inúmeros benefícios à saúde, até mesmo por ser também uma atividade física.

 

Os dados mais precisos sobre o consumo de energia durante uma relação sexual são de estudos que avaliam o que se chama de equivalente metabólico (MET). Calcula-se que o MET relacionado à atividade sexual seja de 2 a 3, ou seja, metabolismo 2 a 3 vezes maior que no repouso. Durante o orgasmo o MET é maior: de 3 a 4. Uma caminhada tem o MET de 2 a 3, dependendo da velocidade. Uma corrida já apresenta um MET de 6 a 7. A atividade sexual é considerada como uma atividade física muito leve, por estar associado a um MET baixo. Uma caminhada leve ou atividade sexual “habitual” queima cerca de 200 calorias em 1 hora. Não devemos pensar que a atividade sexual é o suficiente do ponto de vista de atividade física, mas é melhor do que a combinação do sedentarismo e o celibato.

 

Do ponto de vista neuroquímico, a atividade física promove a liberação de uma série de substâncias no cérebro como a endorfina, dopamina e os endocanabinóides, que além dos efeitos imediatos de euforia e analgesia, são capazes de promover uma modulação do funcionamento cerebral de forma mais sustentada. Isso pode resultar em maior equilíbrio mental, menos sintomas de ansiedade e depressão, tudo isso colaborando para o equilíbrio da sexualidade de um indivíduo.

 

Nas academias de ginástica o cérebro pode ir mais além. O “clima de paquera” de uma academia pode até mesmo servir de “aquecimento” para a atividade física. Entre os mamíferos, o cortejo com o potencial parceiro sexual provoca uma série de mudanças comportamentais, que incluem maior atenção e disposição física. Entre os humanos, sabemos que o homem é bem mais responsivo aos estímulos visuais de beleza e juventude. Já as mulheres respondem mais a estímulos que envolvam sinais de poder e riqueza. Darwin explica.

 

E malhar em grupos de ambos os sexos também pode ter suas vantagens. Além dos estímulos visuais, até o cheiro de suor do sexo oposto pode influenciar o estado de disposição de quem está malhando, já que pode potencializar a percepção dos feromônios, com mudanças nos níveis hormonais de quem sente o cheiro. Na maioria dos mamíferos, os níveis hormonais são influenciados por sinais químicos externos, que são os chamados feromônios. Uma das pistas de que esse sistema também atua na espécie humana é a de que a convivência entre mulheres está associada a uma sincronia de seus ciclos menstruais, fato observado também em roedores.  Ainda existe muito debate se esse é um sistema relevante para a espécie humana, e recentes estudos têm confirmado que nossos níveis hormonais podem ser influenciados pelos odores das pessoas ao nosso redor. O candidato a feromônio humano mais estudado até o momento é o hormônio androstadienona presente na saliva, sêmen e suor dos homens. A androstadienona é capaz de influenciar o humor, nível de alerta, e atividade cerebral tanto nas mulheres, como entre homens com orientação homossexual.  Uma recente pesquisa revelou que mulheres que cheiravam a androstadienona pura tiveram seus níveis de hormônio corticóide elevados após 15 minutos e com duração de até 60 minutos. Pode-se até  hipotetizar que esse aumento nos níveis de corticóide poderia dar mais energia para o exercício físico, mas isso ainda é só especulação.     

 

Outra vantagem da atividade física em grupo é a de que a sensação de pertencer a um “time” promove um importante fenômeno que a ciência chama de “apoio social”, que faz bem à saúde independentemente da atividade física, ao reduzir, por exemplo, o risco de doenças cardiovasculares e depressão. O isolamento social não faz bem à saúde, e os efeitos negativos começam pela química cerebral mesmo. Esse apoio social tem sido repetidamente demonstrado como uma importante estratégia de incentivo à realização de atividade física, com melhora de indicadores de saúde. É a velha história de que é mais fácil alguém ter ânimo para caminhar pela manhã se for em boa companhia.

 

Muitas dessas questões podem explicar em parte o grande sucesso das academias de ginástica. Talvez explique também o fôlego de maratonista dos foliões no carnaval.

 

 

 

 

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Há algum tempo, a decisão de tratar a enxaqueca era fundamentada basicamente pelo critério Qualidade de Vida. Entretanto, nos últimos anos, graças aos avanços de técnicas de imagem cerebral, conhecemos cada vez mais sobre as repercussões funcionais e estruturais das crises de enxaqueca sobre o cérebro, o que nos deixa claro que tratar a enxaqueca é, antes de tudo, uma questão de proteção cerebral.

 

A última edição do periódico britânico Cephalalgia publicou uma pesquisa que confirma estudos anteriores que mostraram que pessoas que sofrem de enxaqueca apresentam depósito de ferro no tronco cerebral, e dessa vez mostrou que isso também acontece em núcleos da base, sendo que todas essas regiões fazem parte de circuitos de modulação da dor. Chama muito a atenção o fato do depósito de ferro ter sido maior em pessoas que sofriam de enxaqueca há mais tempo, sugerindo que quanto mais freqüentes as crises de enxaqueca, maior o depósito de ferro.

 

Esse é um achado que pode ajudar a explicar a razão pela qual 10 a 20% das pessoas com enxaqueca passam a ter a forma crônica da doença, com crises praticamente diárias. Alterações estruturais do cérebro decorrentes de repetidas crises poderia justificar o comportamento progressivo da doença nesses casos.

 

*Além de depósitos de ferro, já sabemos que freqüentes crises de enxaqueca podem provocar:

 

*Ativação recorrente de centros cerebrais profundos, que podem levar a sintomas como a alteração da sensibilidade e a alterações estruturais do tronco cerebral;

 

*Redução da substância cinzenta de algumas regiões cerebrais;

 

*Lesões da substância branca cerebral;

 

*Aumento do risco de derrame cerebral e infarto do coração (no caso da enxaqueca com aura).

 

Tanto a população leiga, e mesmo os profissionais da área da saúde, ainda têm a falsa crença de que a enxaqueca é um problema menor. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a enxaqueca como um problema de saúde pública de alta prioridade e a classifica como uma das 20 doenças que mais provocam incapacidade, lado a lado com o derrame cerebral, a AIDS e o diabetes. No caso das mulheres, ela é a 12ª no ranking da OMS. O custo da enxaqueca à sociedade vai muito além das questões orgânicas acima discutidas, mas envolve sérios prejuízos de ordem emocional, social e econômica.

 

Ler também

Enxaqueca e absenteísmo no trabalho.  

 

 

 

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Há algum tempo já se desconfia que a enxaqueca possa aumentar a freqüência de problemas de pressão alta durante a gravidez. Na verdade ambos os problemas tem muita coisa em comum, desde o ponto de vista bioquímico, até no aumento do risco de eventos vasculares como o derrame cerebral e o infarto do coração. Uma pesquisa publicada na última edição do periódico inglês Cephalalgia revela que aquilo que era mera desconfiança, agora tem comprovação científica satisfatória.

 

Pesquisadores italianos acompanharam mais de 700 mulheres grávidas a partir da 11ª semana sem história de hipertensão arterial. O risco de desenvolver pressão alta na gravidez foi três vezes maior entre mulheres com história de enxaqueca do que naquelas sem enxaqueca (9.1% e 3.1%). Os bebês das mulheres com história de enxaqueca também apresentaram maior risco de nascerem com baixo peso.

 

O estudo aponta que mulheres grávidas e que têm enxaqueca podem começar a ser vistas como mulheres com maior risco de desenvolver pressão alta na gravidez, e por isso devem ser acompanhadas de forma mais cuidadosa. Os resultados também sugerem que a identificação do antecedente de enxaqueca deve passar a fazer a parte de uma consulta pré-natal. Vale lembrar que a pressão alta na gravidez é uma das pricipais causas de complicações tanto à saúde da mãe como à do bebê.

 

 

 

 

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Na antiguidade, a vida em abstinência sexual foi vista como uma forma de evitar problemas de saúde. Apesar de ainda hoje podermos encontrar esse tipo de pensamento em algumas culturas, nas últimas décadas, estudos científicos rigorosos não só desmontaram de uma vez por todas o mito de que a atividade sexual pode ser deletéria à saúde, desde que devidamente protegida contra doenças sexualmente transmissíveis, mas também têm revelado que o sexo traz inúmeros benefícios à saúde:
– maior longevidade

– menor risco de doenças cardiovasculares
– maior auto-estima, menos sintomas de ansiedade e depressão e menos queixas de dor e insônia;
– etc, etc, etc.

 

Clique aqui e leia o artigo na íntegra.

 

 

 

 

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Cerca de 13% das mulheres apresenta depressão no primeiro ano após o parto, e em países desenvolvidos como a Inglaterra, a depressão pós-parto é considerada a principal causa de mortalidade materna. Além disso, a depressão pós-parto pode ter sérias conseqüências para a família como um todo, especialmente as crianças, já que a doença pode reduzir a interação mãe-bebê, diminuindo assim as chances de um adequado desenvolvimento cognitivo e psicossocial.       

 

O problema é pouco diagnosticado e tratado, freqüentemente por causa de dificuldade em reconhecer os sintomas, falta de informação das opções terapêuticas e ainda pelo receio das mães em passar a serem estigmatizadas. Além disso, apesar do tratamento com medicações antidepressivas ser eficaz, muitas mulheres são relutantes em usá-lo, especialmente pelo fato de estarem amamentando. A última edição do British Medical Journal traz duas importantes evidências de que a prevenção e a intervenção psicológica podem ser ferramentas fundamentais para reduzir o impacto da depressão pós-parto.

 

Um dos estudos demonstrou que a intervenção psicológica semanal domiciliar reduziu o risco de depressão pós-parto em 40% entre mulheres inglesas. Nesse caso, as mulheres recebiam a visita semanal de agentes de saúde treinados para identificar a depressão pós-parto através de escala objetiva e também eram treinados a oferecer dois tipos de intervenção psicológica: sessões baseadas em psicoterapia cognitivo-comportamental ou centradas na pessoa. Ambas as abordagens foram igualmente eficazes na redução do desenvolvimento de depressão pós-parto e com resultados bem superiores ao do grupo controle que recebeu as visitas habituais de profissionais de saúde.

 

O outro estudo, realizado no Canadá, mostrou que suporte psicológico por telefone oferecido a mulheres com alto risco de depressão pós-parto reduziu pela metade o risco em desenvolver a doença. Esse suporte telefônico era oferecido por mulheres que sofreram de depressão pós-parto e que receberam treinamento para tal abordagem. As mulheres foram muito receptivas à intervenção e se mostraram satisfeitas com a experiência e mais de 80% delas recomendariam esse tipo de suporte a uma amiga.

 

O apoio psicológico individualizado, mesmo que por um leigo, é capaz de oferecer a sensação de pertencer a uma rede social podendo melhorar a auto-estima e o estado mental como um todo. Esse tipo de apoio por telefone assim como comunidades virtuais de ajuda mútua pela internet são estratégias de prevenção e apoio terapêutico que rompem barreiras geográficas e de dificuldades socioeconômicas e acessibilidade, e deverão ser cada vez mais fortalecidas como genuínas ações de promoção à saúde.

 

Ler também: Saúde, internet e comunidades virtuais de ajuda mútua   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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A cafeína quando absorvida atravessa a placenta livremente e estudos em humanos demonstram que imediatamente após a ingesta de 200mg de cafeína, o fluxo sanguíneo placentário é reduzido em 25%. Além disso, o principal mecanismo de metabolismo da cafeína (Citocromo P450 1A2) é ausente tanto na placenta como no feto.

 

Já temos evidências que o consumo de cafeína na gravidez aumenta o risco de aborto espontâneo e de gerar recém-nascidos de baixo peso, especialmente em doses maiores que 200mg/dia.  Alguns estudos demonstraram que o excesso de café também pode reduzir a fertilidade feminina. Um novo estudo publicado esta semana no British Medical Journal sugere que ao invés de maneirar no café durante a gravidez, o melhor mesmo é evitá-lo.

 

Quase três mil mulheres com gravidez de baixo risco foram acompanhadas durante a gravidez com rígida monitorização do consumo de cafeína, álcool e cigarro, além de terem sido avaliadas quanto ao perfil individual de rapidez no metabolismo da cafeína. Confirmou-se a associação entre o consumo de cafeína na gravidez e menor peso dos recém-nascidos, e quanto maior a dose diária de cafeína, maior o efeito. IMPORTANTE: não houve dose baixa de cafeína que pudesse ser considerada segura no sentido de não influenciar o peso dos bebês. Além disso, o impacto do consumo de cafeína sobre o peso dos bebês foi semelhante ao do consumo de álcool no grupo estudado.

 

Não custa lembrar que a cafeína não está só no café e na coca-cola. Sua principal fonte de consumo entre essas mulheres estudadas foi o chá (60%), enquanto só 14% era por consumo de café. Tanto nos EUA como na Inglaterra, as agências federais de saúde recomendam que na gravidez não se deva usar mais que 300mg de cafeína por dia. Esse novo estudo certamente mudará a atual recomendação para que se evite cafeína de qualquer origem durante a gravidez. Para as mulheres que estão querendo engravidar, é bom reduzir o consumo também.

 

 

Leia também  Afinal, Café faz bem à saúde?  

 

 

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A enxaqueca é um transtorno neurológico que chega a acometer quase 20% das mulheres e é mais freqüente justamente nas fases de vida mais produtivas: entre 25 e 55 anos. Alguns estudos têm demonstrado que pessoas com enxaqueca perdem de 1 a 4 dias de trabalho por ano devido ao problema. Nos EUA, estima-se que o absenteísmo secundário à enxaqueca leva a um prejuízo de 8 bilhões de dólares ao ano.

 

A maioria das pesquisas que avaliou a relação entre enxaqueca e absenteísmo não oferece a possibilidade de comparação dos dias de trabalho perdidos com a população geral. Os poucos estudos que disponibilizaram essa comparação geraram resultados conflituosos, alguns deles com amostras populacionais pequenas.

 

Um novo estudo publicado este mês na revista Cephalalgia demonstrou que mulheres com enxaqueca realmente faltam mais ao trabalho por razões médicas do que a média da população. O estudo acompanhou por três anos mais de 27 mil mulheres do serviço público finlandês e revelou que 24% dessa amostra apresentava diagnóstico de enxaqueca realizado por médico. Mulheres com enxaqueca apresentaram cinco dias a mais de absenteísmo por ano quando comparado às mulheres sem enxaqueca, enquanto depressão e problemas respiratórios causavam 14 e 6 dias a mais de absenteísmo por ano respectivamente.  

 

Do ponto de vista econômico, o absenteísmo é apenas uma parte do prejuízo causado pela enxaqueca, já que mesmo que o profissional não tire licença por conta de crises, sabe-se que seu desempenho no trabalho é prejudicado. A realização de campanhas educativas para um maior reconhecimento e diagnóstico do problema, podendo assim proporcionar tratamento adequado a mais pessoas, é uma importante estratégia para melhorar a qualidade de vida e a capacidade de trabalho de uma parcela bem significativa da sociedade.

 

** O mesmo grupo de pesquisadores publicou no início do ano uma pesquisa que mostrou que mulheres realizadas profissionalmente têm menos enxaqueca.

Clique aqui e confira o post relacionado a esse estudo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Muita gente tem enxaqueca, mas nem todo mundo precisa de tratamento. É importante conhecer quais são os critérios que fazem com que um tratamento profilático seja indicado. Além disso, é importante saber que além das medicações clássicas usadas no tratamento profilático, existe uma série de outras abordagens farmacológicas e não farmacológicas de comprovado sucesso no tratamento da enxaqueca. Estamos falando de terapias Mente-Corpo (Ioga, Meditação), fitoterápicos, etc.

 Clique aqui e leia o artigo na íntegra.

 

  

 
 
 

 

 

 

 

Há tempos já sabemos que enxaqueca não é só dor de cabeça. Quem tem enxaqueca tem mais chance de sofrer de depressão, ansiedade, sintomas do labirinto e maior risco de derrame cerebral. Nos últimos anos, alguns estudos têm revelado que a enxaqueca também está associada a um maior risco de infarto do coração. A razão para esse maior risco de doenças cardiovasculares ainda não é bem conhecida, e são vários os candidatos: 1) aterosclerose?; 2) sangue com maior tendência à trombose?; 3) espasmo dos vasos sanguíneos?; 4) alterações cardíacas associadas?.

 

Um estudo publicado na última edição da revista Neurology (Academia Americana de Neurologia) ajuda-nos a entender melhor a relação entre a enxaqueca e eventos cardiovasculares, sugerindo que o primeiro suspeito da lista, a aterosclerose, não parece ter chance de ser o culpado.

 

Moradores do norte da Itália foram submetidos a acompanhamento médico por 5 anos incluindo exames seriados das artérias femorais e carótidas que medem o grau de aterosclerose de um indivíduo. Na população estudada, as pessoas que sofriam de enxaqueca tinham até mesmo um grau de aterosclerose menor do que aqueles sem enxaqueca. Em contraste, a população que apresentava enxaqueca apresentou maior risco de trombose nas veias, tanto nas pernas como no pulmão. A freqüência de trombose venosa entre as pessoas com enxaqueca foi de 18,9% comparada a 7,6% nas pessoas sem enxaqueca.

 

Esses resultados além de indicarem que a aterosclerose não deva ser o maior responsável pelas complicações vasculares dos pacientes com enxaqueca, sugerem que o segundo suspeito, sangue com maior tendência a trombose, possa realmente ter mais culpa no cartório do que se imaginava até então. O maior risco de trombose nas veias encontrado na pesquisa apóia essa hipótese, já que a coagulação do sangue é vista como o principal fator causal nesse tipo de trombose. Os indivíduos com enxaqueca desse estudo ainda apresentaram mais fatores da coagulação do sangue que predispõem à trombose (Mutação do fator V Leiden), especialmente no caso da enxaqueca com aura.

  

Essa maior tendência à trombose pode também estar associada ao conhecido fato de que há uma ativação da coagulação sanguínea no momento de uma crise de enxaqueca e que perdura por alguns dias. Apóia também essa hipótese o fato da pesquisa ter revelado que o risco de trombose foi maior nas pessoas que tinham mais anos de história de enxaqueca. Estudos anteriores já haviam mostrado que crises freqüentes de enxaqueca aumentam o risco de lesões cerebrais por trombose nas artérias.

 

Hoje em dia podemos falar de boca cheia que a decisão de se iniciar um tratamento para enxaqueca pra redução da freqüência e intensidade das crises tem a intenção não só de melhorar a qualidade de vida. O tratamento visa também proteger as pessoas de virem a desenvolver tromboses no cérebro, e provavelmente também em outras partes do corpo.

 

** Para melhor entender o que é a aterosclerose e trombose, leia o Post PREVIDÊNCIA VASCULAR. COMEÇE JÁ A SUA.

 

 

 

Estudos recentes realizados aqui mesmo no Brasil mostram que cerca de 70-80% das mulheres queixa-se de dor de cabeça no período próximo à menstruação e a enxaqueca é responsável por boa parte dessas dores de cabeça. É bom lembrar que quase 20% da população feminina tem enxaqueca.

 

As flutuações dos hormônios sexuais da mulher não só explicam o porquê da mulher ter cerca de três vezes mais enxaqueca do que o homem, mas também explica a íntima associação entre a enxaqueca e o período da menstruação. Até 70% das mulheres com enxaqueca percebem essa associação, seja pelo fato de só ter crises de enxaqueca no período da menstruação, seja porque nesse período as crises costumam ser mais fortes.

 

Existem várias estratégias de tratamento para a enxaqueca associada à menstruação, e um estudo publicado na última semana pela revista britânica Cephalalgia, confirmou que o tratamento hormonal (estrogênio) pode ser uma ferramenta valiosa nessas situações. O que a pesquisa nos trouxe de novidade é que o uso de terapias hormonais tem a chance de reduzir a freqüência de crises de enxaqueca não só no período perimenstrual, mas também ao longo de todo o mês. O tratamento hormonal também permitiu uma extraordinária redução na quantidade de medicações que as mulheres usavam para dor de cabeça.

 

A terapia com hormônios à base de estrogênio na enxaqueca tem outras peculiaridades que devem ser consideradas também. Algumas mulheres até têm suas crises intensificadas por conta do uso de estrogênio. No caso da enxaqueca com aura,  o uso de estrogênio deve ser discutido ainda com mais cautela, pois pode aumentar os riscos de isquemia cerebral.  Clique aqui e leia o post que discute essa questão.

 

A enxaqueca é coisa séria. Para se ter uma idéia, ela ocupa o oitavo lugar entre os problemas de saúde de maior impacto no dia-a-dia de uma mulher.  Não faz sentido viver reclamando de enxaqueca sendo que o problema tem diversas formas de solução.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres e vários fatores de risco têm sido demonstrados, entre eles: história familiar, exposição à radiação, uso de hormônios estrogênicos, pouco tempo de amamentação ou ausência desta, tipo de dieta, tabagismo e consumo de álcool, falta de atividade física.

 

Nos últimos anos, uma série de pesquisas tem revelado também associação entre o câncer de mama e eventos estressantes na vida, assim como estados de ansiedade e depressão. A explicação principal reside no fato de que fatores psicológicos podem levar a disfunções do sistema imunológico e o desenvolvimento de células malignas. Um novo estudo publicado esta semana na revista BMC Cancer sugere mais uma vez que mulheres que passam por mais eventos estressantes na vida apresentam maior risco em apresentar câncer de mama.

 

Pesquisadores israelenses avaliaram a história de vida de mais de 600 mulheres com idade entre 25 e 45 anos através de questionários que avaliavam o estado psicológico e eventos estressantes / traumáticos (ex: perdas de entes queridos, separação dos pais, perda do emprego, etc.). Uma parte das mulheres tinha história de câncer de mama e outra parte não apresentava história de qualquer tipo de câncer.

 

As mulheres com história de câncer de mama não só apresentavam maior pontuação na escala de sintomas de ansiedade e depressão e uma menor percepção de felicidade e otimismo, como também apresentavam maior pontuação na escala de eventos psicológicos estressantes / traumáticos: as mulheres com história de câncer de mama apresentavam mais freqüentemente dois ou mais eventos estressantes ao longo da vida.

 

Os estudos não são definitivos, mas colocam mais luz sobre uma questão importante: mulheres que passam por eventos psicológicos estressantes / traumáticos na infância podem ser consideradas como grupo de risco para o desenvolvimento de câncer de mama, e talvez necessitem de programas de prevenção diferenciados. Por outro lado, o otimismo e a auto-percepção de felicidade podem ser fatores protetores para o desenvolvimento da doença.

 

 

 

 

 

Há tempos já sabemos que o tabagismo aumenta o risco de derrame cerebral. Entretanto, boa parte das pessoas pensa que o AVC é problema só de gente velha, e mesmo que o tabagismo seja um fator de risco para derrame cerebral, o prejuízo só apareceria no fim da vida. As coisas não são bem assim. É indiscutível que o derrame cerebral é mais comum na população idosa, mas não é tão raro entre os jovens. Uma pesquisa que será publicada ainda este mês na revista Stroke (American Heart Association) mostraque o tabagismo entre mulheres jovens aumenta seu risco de apresentar um derrame cerebral. OK. Isso já sabíamos também. A novidade do estudo foi a demonstração da relação entre o numero de cigarros consumidos por dia e o risco de derrame cerebral. Mulheres que fumavam 1 a 10 cigarros por dia apresentavam chance 2.2 vezes maior de ter um derrame do que mulheres que não fumavam, 2.5 vezes maior com 11 a 20 cigarros/dia, 4.3 vezes maior com 21 a 39 cigarros/dia, e chance 9.1 vezes maior entre aquelas que fumavam mais de 40 cigarros/dia. Muito importante também foi o fato do risco de derrame entre ex-fumantes e não fumantes não ter sido diferente. O recado está bem claro, não?

 

 

 

 

 

Cerca de 25% das pessoas que sofre de enxaqueca apresenta também o fenômeno da aura, que é um aviso que de que a dor está por começar, mas que também pode acontecer já na fase da dor de cabeça. O fenômeno comumente se apresenta como sintomas visuais (ex: visão de pontinhos luminosos, flashes em zigue zague, falha no campo visual). Menos comumente, a aura pode se apresentar como formigamento de um lado do corpo, dificuldade para falar, e mais raramente como perda da força de um lado do corpo. Durante a aura o cérebro é acometido por uma onda de redução de fluxo sanguíneo.

 

O entendimento da relação entre enxaqueca e risco de derrame cerebral tem sido perseguido por décadas, e hoje sabemos que esse risco é maior entre indivíduos que apresentam a enxaqueca com aura. Sabemos também que o risco é maior ainda em mulheres jovens, que além da enxaqueca com aura, ainda fumam e/ou usam pílula anticoncepcional e entre aquelas com crises freqüentes. Mais recentemente, pesquisas têm-nos revelado que o risco de eventos vasculares é elevado como um todo, incluindo doença isquêmica do coração. As explicações incluem alteração da microcirculação, alterações da coagulação sanguínea durante ou fora da crise e até mesmo efeito adverso de medicações usadas para as crises. No caso de lesões cerebrais, algumas alterações congênitas do coração podem estar implicadas, por serem mais comuns nos indivíduos com enxaqueca.

 

Um estudo publicado esta semana pela revista Neurology nos traz um entendimento melhor ainda entre a relação entre o uso da pílula anticoncepcional,  enxaqueca com aura, e risco de derrame cerebral. Vinte e cinco mil mulheres foram acompanhadas por 12 anos, e aquelas que apresentavam enxaqueca com aura tiveram duas vezes mais risco de apresentar eventos vasculares, incluindo não só derrame cerebral como também infarto do coração. Os pesquisadores também demonstraram que as mulheres que além da enxaqueca com aura ainda apresentavam uma variante do gene MTHFR, já bastante estudado como fator de risco para eventos vasculares, essas apresentaram um risco quatro vezes maior de desenvolver derrame cerebral.  

 

Além do poder de aumentar o risco de eventos vasculares em mulheres com enxaqueca com aura, o uso de contraceptivos orais pode dificultar o controle das crises, e pílulas com menor concentração de estrogênio podem favorecer o controle. E é bom lembrar que o mesmo cuidado com as pílulas vale para reposição hormonal entre mulheres na menopausa que apresentam enxaqueca com aura.

 

 

 

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