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E não é que o som ambiente pode mudar o sabor da sua ceia? Se a ceia tiver muitas comidinhas doces ou azedas, ela ficará mais saborosa se a música tiver tons mais agudos. A torta de limão terá mais presença ao som de violinos de Vivaldi. Se na ceia predominar gostos amargos ou unamis**, música com tons graves realçará os sabores. O café, sem dúvida, será muito bem acompanhado por uma ária com Plácido Domingo. Essa influência de uma experiência sensorial sobre outra é uma interessante linha de pesquisa da Universidade de Oxford na Inglaterra liderada pelo psicólogo Charles Spence.

O laboratório de Spence testou também diferentes músicas para diferentes vinhos.  O mesmo vinho é considerado mais encorpado ao som de Carmina Burana de Carl Orff quando comparado a Mozart. Há um certo consenso que os tintos não gostam de música alegre. Os brancos adoram Mozart.

Spence tem levado suas experiências para o mundo real. Ele criou uma playlist para a British Airways direcionada ao cardápio dos voos e dá seus pitacos em restaurantes sofisticados. Defende também a ideia de que uma pasta fica mais autêntica se tiver uma música italiana ao fundo, cítaras para comida indiana, e por aí vai.

** unami é reconhecido como um quinto tipo de sabor, lado a lado com doce, azedo, amargo e ácido.  Unami é uma palavra de origem japonesa e significa delicioso, saboroso.  Alimentos ricos em glutamato como as algas marinhas, cogumelos shitaki e crustáceos são exemplos do sabor unami. Na verdade, o sabor nem é tão divino, mas ele torna agradável a palatabilidade de um grande número de alimentos. É a delícia do queijo parmesão por cima do molho bolonhesa.

Sabemos que uma dieta rica em peixes ricos em Omega-3 é recomendada para se ter um cérebro mais afiado na velhice. Mas será que adultos na meia-idade já colhem os frutos? Um estudo, que acaba de ser publicado pela Neurology, periódico da Academia Americana de Neurologia, aponta que provavelmente sim, após avaliação dos níveis de Omega-3 nas hemácias de adultos com média de idade de 46 anos. Esses níveis refletiam o contingente dessa classe de ácido graxo oriundo da dieta, mas também de suplementos.

O estudo envolveu mais de dois mil voluntários e aqueles que apresentavam uma maior concentração de Omega-3 tinham um melhor desempenho cognitivo e também um maior volume dos hipocampos, estruturas cerebrais fortemente ligadas à memória. Esse efeito positivo se deu mesmo com níveis modestos de ácidos graxos Omega-3, cerca de metade do recomendado. Vale lembrar que os efeitos positivos se estendem aos vasos sanguíneos, contribuindo para uma menor incidência de eventos cardiovasculares como infarto do coração e acidente vascular cerebral. A Associação Americana de Cardiologia recomenda duas porções de peixe por semana para o incremento da saúde cardiovascular.

O consumo de ácidos graxos da família Omega-3 é a mais estudada interação entre alimento e a evolução das espécies. O ácido docosahexanóico (DHA) pode ser considerado o ácido graxo mais importante para o cérebro, já que é o mais abundante nas membranas das células cerebrais e são considerados essenciais por não serem produzidos pelo organismo humano, que precisa obtê-los por meio de dieta. Acredita-se que o consumo de Omega-3 teria sido fundamental para o processo de aumento na relação peso cérebro/ peso corpo, fenômeno conhecido como encefalização, ou seja, aumento progressivo do tamanho do cérebro em relação ao corpo ao longo do processo evolutivo. Estudos arqueológicos apoiam essa hipótese, já que o processo de encefalização não ocorreu enquanto os hominídeos não se adaptaram ao consumo de peixe.

O consumo de café antes de fazer compras aumenta em 30% a quantidade de itens comprados e em 50% nos gastos. Esses são os resultados de uma pesquisa conduzida liderada pela Universidade da Florida nos EUA e publicada recentemente pelo periódico Journal of Marketing.

Os pesquisadores conduziram três experimentos para chegar a esses resultados envolvendo até 300 voluntários comparando o consumo de café expresso (100mg cafeína) com café descafeinado e água. Além de comprar e gastar mais, aqueles que tomaram o expresso compraram mais itens não essenciais, como velas aromáticas e fragrâncias. Isso foi demonstrado tanto em lojas físicas como em laboratório em compras pela internet. O efeito da cafeína sobre o comportamento de consumo foi bem menor estre aqueles que já consumiam café em grandes quantidades. Impulsividade associada à cafeína já foi demonstrada entre jogadores patológicos e até mesmo entre indivíduos com comportamento sexual de risco.

Por outro lado, a cafeína nos deixa mais alertas e pode inibir o comportamento impulsivo associado à privação de sono. A privação de sono deprime a função dos sistemas envolvidos no julgamento e percepção de risco e a cafeína minimiza esses efeitos negativos. A substância, nessa situação, ajuda, mas não em todas as dimensões cognitivas. Uma noite mal dormida deixa o cérebro menos eficiente em tarefas que demandam atenção e outras funções executivas. Uma dose de cafeína tem o poder de melhorar o desempenho cognitivo apenas em tarefas que exigem vigília e atenção, mas não naquelas que exigem processamento executivo mais complexo. Na privação de sono, mesmo com cafeína, a chance de erro é maior.

Uma pesquisa demonstrou, através de Ressonância Magnética Funcional e testes psicológicos, que uma noite sem dormir muda a forma como o cérebro processa a chance de ganhar ou perder. Uma noite com privação do sono provoca aumento de atividade cerebral em regiões que processam expectativas otimistas e reduz a atividade de outras que processam expectativas pessimistas. Além disso, os testes psicológicos evidenciaram que os voluntários se mostraram mais sensíveis a recompensas e com menor sensibilidade a consequências negativas.

Pessoas que têm marcadores genéticos que predispõem ao desenvolvimento da Doença de Alzheimer podem atrasar o aparecimento de sintomas através de sete atitudes. Essa é a conclusão de um estudo publicado na última semana pelo periódico Neurology da Academia Americana de Neurologia. As sete atitudes são: cérebro e corpo ativos, alimentação saudável, peso corporal em dia, não fumar, controle ótimo da pressão arterial, colesterol e glicemia.

Já sabíamos que os sete hábitos reduzem o risco da Doença de Alzheimer, mas o atual estudo nos mostra que isso é verdadeiro mesmo para aqueles que têm o perfil genético de maior risco. O estudo foi conduzido nos EUA envolvendo quase nove mil pessoas com idade maior que 54 anos e que foram seguidas por até 30 anos. O grupo de voluntários com maior risco genético foram aqueles que apresentavam pelo menos uma cópia da variante gênica APOE e4 que está associada a um maior risco da Doença de Alzheimer (pode aumentar o risco em até 12 vezes). Os que tinham ancestralidade europeia apresentavam em 27.9% dos casos a variante e4, e isso ocorreu em 40.4% de descendentes africanos. O grupo considerado de baixo risco era o que apresentava a variante e2 que está associada a um menor risco da doença (pelo menos 40% de redução de risco).

Para os descendentes europeus o risco de demência foi até 43% menor entre aqueles que melhor pontuaram numa escala dos sete hábitos descrito acima, independente do perfil genético. Já para os descendentes africanos com boa pontuação de hábitos, a redução de risco da doença foi de no máximo 17%.  

Como ainda não temos tratamentos que modificam o curso natural da Doença de Alzheimer, mudanças nos hábitos de vida são ferramentas preciosas para a prevenção da doença. E foi isso que o presente nos mostrou.

Por Dr. Ricardo Teixeira*

É só uma cabeça equilibrada em cima do corpo (Chico Science & Nação Zumbi)

Costumo provocar alguns dos meus pacientes que buscam minha orientação sobre como melhorar o funcionamento do cérebro de que existe uma hierarquia nas tarefas. A maioria está pensando em melhorar a memória, concentração e capacidades executivas. A hierarquia de tarefas se dá numa certa direção. Para otimizar essas capacidades precisamos estar vivos. Precisamos estar acordados.  Precisamos prestar atenção nas coisas. Só então atingiremos bom desempenho na memória e outras funções cognitivas complexas. Só que no meio desse caminho há uma pedra: nosso equilíbrio psíquico. Você pode estar vivo, mas se o equilíbrio emocional não estiver bem modulado, o resto da cadeia fica bem prejudicada.

Isso já se reflete no segundo passo que é estar acordado. O sono é influenciado sobremaneira pelas nossas emoções. Fica extremamente perturbado quando estamos preocupados, ansiosos ou deprimidos, sem falar de tantas outras condições que perturbam a qualidade do sono, muitas delas muito comuns, como o excesso de trabalho e o consumo exagerado de álcool. Como exigir desempenho do cérebro sem um sono reparador? O fato é que muitos desses fatores ameaçam também o primeiro estágio de nossa hierarquia que é o de nos mantermos vivos. Maiores índices de doenças que reduzem nossa expectativa de vida não nos ajudarão a passar para os próximos estágios.  

Temos um “zilhão” de evidências de que muitas ações que promovem o melhor funcionamento cerebral carregam também o potencial de modular nossas emoções. A atividade física regular libera substâncias no cérebro que o faz funcionar melhor. A mesma atividade física também ajuda no controle das emoções no dia a dia por outras vias neuroquímicas. E aqui nossa hierarquia de ações ganha autonomia de voo, com menos obstáculos para melhores resultados nas funções cognitivas complexas. O mesmo raciocínio vale para a sociabilidade, o trabalho altruísta, a experiência da arte, o contato com a natureza. E coisa boa atrai outras coisas boas.  Onde encontramos lazer, encontramos também mais limites no tempo dedicado ao trabalho. É claro que estamos falando daqueles que têm poder de escolha. Chico Science nos lembra disso em Samba Makossa: A responsabilidade de tocar o seu pandeiro é a responsabilidade de você manter-se inteiro. Se temos poder de escolha, somos um pouco mais responsáveis em manter-nos inteiros do que aqueles que não tem teto, comida na mesa ou que vivem num sistema Casa Grande e Senzala.

E coisa ruim atrai outras coisas ruins. O uso de substâncias neurotóxicas, por exemplo, atrai comportamentos que afetam toda nossa cadeia hierárquica, comprometendoa chance de nos mantermos vivos, nosso sono, nossa cognição. É o tão conhecido círculo vicioso.

Mas se essa discussão está ficando mais embolada do que você esperava, caro leitor, vamos a uma lista simples de atitudes para turbinar seu cérebro.

Durma bem

Pratique atividade física regularmente

A dieta mediterrânea pode preservar o funcionamento do seu cérebro ao longo dos anos (peixes, cereais integrais, frutas, legumes, azeite, pouca carne e laticínios)

Evite substâncias neurotóxicas e aqui se inclui o uso exagerado de álcool 

Sua socialização faz muita diferença

Seu cérebro precisa de atividades estimulantes  

E nesses tempos de pandemia e guerra, mantenha sua cabeça equilibrada em cima do corpo, procurando antenar boas vibrações, preocupando antenar boa diversão. Termino com Lenine, mais um ilustre pernambucano: Enquanto todo mundo espera a cura do mal… A gente espera do mundo e o mundo espera de nós, um pouco mais de paciência.

*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília

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Enquanto as doenças do coração mantêm a liderança como as principais causas de morte no mundo, observa-se um aumento substancial na prevalência das doenças do cérebro, especialmente as demências como a Doença de Alzheimer. É interessante notar que os quadros demenciais e as doenças do coração dividem os mesmos fatores de risco como a hipertensão arterial, diabetes, obesidade e tabagismo. Está se tornando claro que a redução dos fatores de risco vascular pode fazer a diferença na redução de doenças do cérebro, e não estamos mais falando só de derrame cerebral.

A mortalidade global associada à Doença de Alzheimer e outras demências têm crescido num ritmo maior que o das doenças do coração. Entre 2010 e 2020 houve um aumento de 44% na mortalidade associada a quadros demenciais e de 21% por doenças do coração. Quando se pensa em 30 anos (1990-2020), o incremento de mortes por quadros demenciais foi de 144%. Nos EUA, a mortalidade por Doença de Alzheimer tem sido até maior que por derrame cerebral.

Voltando aos fatores de risco vascular, o periódico Circulation da Associação Americana do Coração nos trouxe nesta última semana dados inequívocos de que o que não faz bem ao coração também não faz bem ao cérebro. Hipertensão arterial aumenta em cinco vezes as chances de uma pessoa apresentar declínio cognitivo e quadros demenciais. No caso da obesidade, esse aumento é de três vezes. Tabagismo aumenta o risco de demência em 30-40%.

Há também uma forte relação entre a função do coração e o desempenho cognitivo. Menor desempenho cognitivo é encontrado com 40% mais chances em portadores de doença coronariana. Essa relação também existe em quem tem fibrilação atrial, uma arritmia cardíaca comum. Insuficiência cardíaca eleva duas vezes o risco de um quadro demencial.

Fatores socioeconômicos, de gênero e raça também influenciam o risco de demência. Mulheres têm mais Doença de Alzheimer que os homens. Uma amostra global de 2020 mostra que 65% dos casos são de mulheres. Em uma análise da população americana, negros e hispânicos têm 3 a 4 vezes mais chances de desenvolver declínio cognitivo que interfere nas atividades de vida diárias quando comparados aos brancos, e aqui fatores socioeconômicos têm forte influência.

Voltando mais uma vez aos fatores de risco vascular, vale lembrar que o exercício físico e a dieta mediterrânea são um show na prevenção de doenças do coração e também de demência.     

Person Holding Black and White Wall Decor

Por Dr. Ricardo Teixeira*

O cerebelo é uma região do sistema nervoso central que fica na sua parte posterior e por muitos anos foi considerado o maestro de nossa coordenação motora. Há algum tempo temos evidências de que ele também participa da nossa atividade cognitiva, processamento das emoções e comportamento. Nesse caso, ele usa sua batuta para fazer com que as regiões ligadas ao pensamento e às emoções trabalhem em conjunto de forma mais eficaz. E esse conhecimento só teve início há duas décadas após a descrição da Síndrome Afetiva Cognitiva Cerebelar pelo americano Jeremy Schmahmann. Ele mostrou que indivíduos com lesões no cerebelo apresentavam, além de alterações de coordenação motora, disfunções cognitivas e de controle emocional.

Mais recentemente, temos evidências de ligação entre alterações da função do cerebelo a condições como adição a drogas, autismo e esquizofrenia. Esses achados sugerem que o cerebelo deva participar do sistema de recompensa cerebral e de nosso comportamento social, mas uma clara conexão entre esses sistemas ainda era desconhecida. A revista Science publicou em 2019 uma pesquisa que deixou mais clara essa questão.

Pesquisadores americanos mostraram, pela primeira vez, um circuito que liga o cerebelo diretamente ao centro tegmentar ventral, área do cérebro considerada um dos mais importantes centros do nosso sistema de recompensa. A pesquisa foi realizada em roedores e mostrou também que a estimulação desse circuito era capaz de provocar comportamento semelhante ao de adição. Um futuro experimento testará se roedores expostos a drogas, como cocaína, podem ter o componente de adição reduzido após a inibição desse circuito.

Neste mês de novembro, tivemos mais uma descoberta importantíssima da influência que um núcleo de neurônios no cerebelo tem sobre o comportamento humano. Desta vez foi demonstrada que a ativação desses neurônios é capaz de aumentar a saciedade em até 75%. O início da investigação partiu da evidência de um padrão de ativação atípico no cerebelo em pacientes com a síndrome de Prader Willi quando expostos ao alimento. Essa é uma condição genética rara em que os portadores comem compulsivamente, levando-os ao desenvolvimento de obesidade. Os pesquisadores conseguiram demonstrar também um circuito ligando esse grupo de neurônios no cerebelo com o sistema de recompensa cerebral.

Novos estudos em humanos já estão na mira desses laboratórios. A manipulação da atividade dessas conexões (cerebelo-sistema de recompensa) com técnicas de impulsos magnéticos e microeletricidade pode ser promissora para o tratamento de adição a drogas e obesidade, por exemplo.

*Dr. Ricardo Teixeira é neurologista e diretor clínico do Instituto do Cérebro de Brasília

Person Pouring Tea on Cup

Uma pesquisa encomendada pela Associação Brasileira das Indústrias do Café (ABIC) revelou que 94% dos indivíduos maiores de 15 anos bebem café e 95% desses o consomem diariamente. Entre aqueles que não tomam café, a principal razão apontada é a de que ele pode fazer mal à saúde. O estudo também revelou que 13% daqueles que bebem café pretendem reduzir seu consumo, e a razão principal é a preocupação de que o café possa fazer mal à saúde. Por isso, vale a pena colocar algumas cartas na mesa.

Uma revisão publicada pelo British Medical Journal reforça aquilo que já tínhamos boas evidências: 3 a 4 doses de café por dia fazem bem à nossa saúde. Pesquisadores do Reino Unido reuniram os resultados de mais de 200 estudos sobre os efeitos do café sobre nossa saúde e concluíram que podemos tomar café, com moderação, sem medo. Os resultados mostraram que o café promove maior longevidade e menor incidência de inúmeras doenças que elenco a seguir:

– doenças cardiovasculares;

– alguns tipos de câncer, como o de próstata, endométrio, fígado e pele;

– diabetes, cálculos biliares e gota;

– depressão, Doenças de Alzheimer e Parkinson.

Mas como o café pode ajudar a prevenir doenças neuropsiquiátricas? A grande responsável por esse efeito é a cafeína mesmo. A cafeína se liga a receptores do cérebro chamados de adenosina que promovem uma inibição da atividade cerebral. A cafeína tem uma ação inibitória nesses receptores fazendo uma inibição de um sistema que é inibitório. Por isso o efeito final é estimulante.  Quando reduzimos o efeito do freio de mão, o carro anda mais. Esta é a cafeína.

Modelos animais da Doença de Parkinson apontam que a inibição do receptor adenosina pela cafeína reduz a perda de células dos sistemas comumente envolvidos na doença.  No caso do da Doença de Alzheimer, estudos demonstram que o consumo de café ao longo da vida pode reduzir o risco da doença. Pesquisas em animais revelam que a cafeína tem o poder de reduzir as alterações patológicas encontradas no cérebro de quem sofre dessa doença. Entretanto, o consumo exagerado da bebida pode trazer efeitos danosos ao cérebro. Uma pesquisa publicada este mês pelo periódico Nutritional Neuroscience, envolvendo quase 18 mil voluntários, nos mostra que o consumo de mais de seis doses por dia está associado a uma redução do volume cerebral e ao aumento do risco de demência.Sem culpa, mas com moderação.

E vale lembrar que a cafeína deve ser evitada entre pessoas em situações de risco de fratura óssea e na gravidez.

Unrecognizable tired female in casual clothes covering face with hands while sitting on soft surface near brick wall in light apartment

O cérebro de uma pessoa com enxaqueca excita-se com mais intensidade do que o normal a diferentes estímulos externos (ex: luminosidade) ou internos (ex: privação de sono). São inúmeros os estímulos capazes de desencadear crises de enxaqueca. Porém, a resposta a cada um deles é muito individual e por isso listas de proibições rígidas podem ser mais penosas do que benéficas ao paciente.

Habitualmente, um estímulo deve ser reconhecido como fator desencadeante de crises num determinado indivíduo quando provoca crises em mais de 50% das vezes dentro de 24h após a exposição ao estímulo. É recomendável que cada indivíduo identique seus fatores desencadeantes e tente evitá-los. Entretanto, algumas atitudes podem ser recomendadas a qualquer pessoa que tenha crises de enxaqueca:

› Reduza o estresse no dia a dia;

Tente dormir sempre o mesmo número de horas por dia: evite tanto a privação como o exagero de sono;

› Faça suas refeições em horários regulares: evite o jejum prolongado;

› Evite alimentos identificados como desencadeantes de crises;
› Evite o consumo de álcool, especialmente vodka e vinho tinto;

› Evite o excesso de cafeína. Porém, não suspenda seu consumo de cafeína de um dia para o outro;

› Evite a exposição a luzes, ruídos e cheiros fortes;

› Faça exercícios físicos moderados pelo menos 5 vezes por semana. Evite atividade física exagerada e em horários muito quentes;

› Não deixe de beber sempre muita água: a desidratação é um fator desencadeante de crises.

Quanto à dieta, é bom conhecer as substâncias que são frequentemente associadas a crises de enxaqueca, e em quais alimentos você as encontra. Alguns estudos demonstram que entre 7 a 30% dos pacientes reconhecem algum alimento como fator desencadeante de crises, sendo os mais comuns: chocolate, queijos, frutas cítricas e bebidas alcoólicas.

Uma boa parte das substâncias envolvidas pertence à família das aminas biogênicas, produtos naturais do metabolismo de plantas, animais e microorganismos, como é o caso do processo de fermentação de alguns alimentos (ex: vinho, queijo). Os mecanismos de ação dessas substâncias incluem a provocação dos vasos cerebrais (vasoconstrição ou vasodilatação), estímulo de liberação de neurotransmissores assim como estímulo direto aos centros e vias nervosas envolvidas no processo da enxaqueca. Há também evidências de que fatores alérgicos possam estar associados, tema que ainda é bastante controverso.

Uma revisão de 180 artigos da literatura sobre dieta e enxaqueca publicada pelo periódico Headache nos traz uma boa discussão sobre o assunto. Além de recomendar o reconhecimento de alimentos que provocam crises em uma determinada pessoa, a revisão chama a atenção para três tipos de dieta que são potencialmente benéficas para o controle da enxaqueca: 1) com baixo teor de carboidratos; 2) com baixo teor de gorduras; 3) rica em ômega-3 (e.g., peixes, castanhas) e pobre em ômega-6 (e.g., óleos vegetais, como o óleo de soja). Esses dois últimos tipos de dieta acabam de ser confirmados como benéficos para redução da frequência e intensidade das crises em artigo publicado pelo respeitado periódico British Medical Journal. Estudos em roedores já haviam demonstrado que gorduras do tipo ômega-3 têm efeito protetor contra dor nas terminações do nervo trigêmeo enquanto as gorduras do tipo ômega-6 têm efeito contrário.    

Não custa lembrar também que alimentos industrializados costumam ser um mau negócio para quem sofre de enxaqueca.

5 Amazing Facts You Might Not Know About the Tsimane People - Blog

Eles são menos sedentários, têm uma dieta rica em fibras e gorduras saudáveis e têm o menor grau de aterosclerose nas artérias coronárias já descrito na literatura médica. Estamos falando dos índios da tribo Tsimane, habitantes da Amazônia Boliviana. E agora tivemos mais uma demonstração de que seus órgãos envelhecem de forma mais saudável. O cérebro deles, entre a meia-idade e a velhice, têm uma redução de volume 70% menor do que o de europeus e americanos.

Vale lembrar que um cérebro que encolhe menos ao longo das décadas tem menos chance de ser portador de uma patologia que pode levar a um quadro demencial, como a Doença de Alzheimer. Os resultados desse estudo foram publicados no periódico The Journal of Gerontology após análise do volume cerebral de 746 índios Tsimane com idades de 40 a 94 anos e comparados a moradores do mundo industrializado. A metodologia do estudo não permite criarmos uma relação causa e efeito entre o estilo de vida dos Tsimanes e a menor perda de volume cerebral, mas essa é uma conclusão para lá de tentadora. 

Brown Liquid Pouring on Black and White Ceramic Mug Selective Color Photography

Por Dr. Ricardo Teixeira*

O uso da cafeína após a privação de sono nos deixa mais alerta, mas não resolve tudo. Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos EUA, acabam de publicar um estudo demonstrando que uma noite maldormida deixa o cérebro menos eficiente em tarefas que demandam atenção e outras funções executivas. Mostraram também que uma dose de cafeína tem o poder de melhorar o desempenho cognitivo apenas em tarefas que exigem vigília e atenção, mas não naquelas que exigem processamento executivo mais complexo. Os resultados são relevantes para profissionais que confiam na cafeína após a privação de sono. A chance de erro é maior.

Por outro lado, a cafeína pode amenizar a tendência a comportamentos de risco associados à privação de sono, independente do estado de alerta do indivíduo. A privação de sono deprime a função dos sistemas envolvidos no julgamento e percepção de risco e a cafeína minimiza esses efeitos negativos.

Uma pesquisa demonstrou, através de Ressonância Magnética Funcional e testes psicológicos, que uma noite sem dormir muda a forma como o cérebro processa a chance de ganhar ou perder. Uma noite com privação do sono provoca aumento de atividade cerebral em regiões que processam expectativas otimistas e reduz a atividade de outras que processam expectativas pessimistas. Além disso, os testes psicológicos evidenciaram que os voluntários se mostraram mais sensíveis a recompensas e com menor sensibilidade a consequências negativas.

As repercussões desse tipo de mudança de comportamento do cérebro não devem ser tão inocentes. Já sabemos que problemas de sono só perdem para o álcool como causa de desastres no trânsito, especialmente pela redução da atenção e dos reflexos. Imaginem se ainda adicionamos uma pitada de comportamento valente e de risco.

Grey Metal on Soil

O cérebro de adultos jovens se recupera mais rápido de um desafio vascular e ainda tem um desempenho cognitivo melhor após o consumo de cacau rico em flavanols, substâncias encontradas em vários vegetais, especialmente nas frutas vermelhas, e que tem reconhecido papel protetor vascular. Essa é conclusão de um estudo recém-publicado pelo periódico Scientific Reports.

Dezoito adultos jovens inalaram ar com altas concentrações de gás carbônico que leva ao aumento do fluxo sanguíneo cerebral e oxigenação. Quando ingeriam cacau com altos teores de flavanols duas horas antes do teste o aumento do fluxo sanguíneo era maior do que após a ingesta de cacau processado com baixos teores dessas substâncias. Além disso, o desempenho em testes cognitivos complexos foi superior com os flavanols, o que não fez diferença em testes cognitivos simples. Os níveis de máxima oxigenação cerebral durante o teste chegou a ser mais de três vezes maior após a ingesta do cacau rico em flavanols quando comparado ao cacau com poucos flavanols. Quatro dos 18 voluntários não tiveram aumento de oxigenação e desempenho cognitivo, mas foram aqueles que já tinham um alto nível de oxigenação antes da testagem, sugerindo que tinham pouco a ganhar, pois já tinham uma condição fisiológica privilegiada. 

Um chocolate escuro não é necessariamente rico em flavanols. O próprio processo industrial de alcalinização do chocolate usado para melhorar sua consistência, aparência e para reduzir o sabor amargo, além de escurecer o chocolate, também joga pelo ralo os flavanols. E como os fabricantes não especificam nos rótulos a concentração dessas preciosas substâncias, é difícil saber ao certo o que um chocolate amargo realmente pode nos oferecer. Talvez nos próximos anos os fabricantes de chocolate comecem a registrar em seus rótulos a concentração de flavanols, ao invés de simplesmente dizer se o chocolate tem 70, 80 ou 90% de cacau.

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É isso mesmo. Localizamos alimentos com alto valor calórico com maior eficiência do que aqueles com menor conteúdo de energia, e isso é independente do prazer que o alimento promove. Essa é a conclusão de um recente estudo publicado pela prestigiada revista Scientific Reports.

Mais de 500 voluntários caminharam por uma sala experimentando amostras de alimentos de baixo e alto valor energético. Após a fase de degustação, as pessoas tinham que se recordar onde estava cada alimento e isso foi 30% mais fácil no caso dos alimentos mais calóricos. O mesmo aconteceu com a localização de amostras de odores, mas a diferença foi menos robusta.

A interpretação é a de que nosso cérebro é programado desde os tempos ancestrais a reconhecer com maior eficiência a localização de alimentos com alto valor energético. Esta vantagem evolutiva pode não ter tanta relevância no mundo contemporâneo de supermercados e geladeiras. Pelo contrário, com as facilidades de hoje, nossas memórias que fixam mais os alimentos de alto valor energético pode contribuir sobremaneira para a epidemia de obesidade.

People Sitting Beside Table

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Um estudo recém-publicado na revista The American Journal of Clinical Nutrition por pesquisadores da Universidade de Birmingham na Inglaterra avaliou o conjunto de 42 pesquisas que investigaram o efeito social da ingesta durante uma refeição. Os resultados nos mostram um fenômeno de “facilitação social” quando fazemos uma refeição com parentes ou amigos. Em outras palavras, comemos mais quando estamos acompanhados por pessoas conhecidas.

Esse efeito é visto como um comportamento ancestral de caçadores / coletores em que a refeição compartilhada é um momento de se proteger para um futuro próximo de insegurança alimentar. Além disso, a refeição compartilhada é mais prazerosa e, ao oferecer alimento para o seu grupo, ligações sociais são reforçadas. Uma má divisão do alimento pode levar ao ostracismo aquele que come mais. Dessa forma, com o instinto de modular as alianças entre as pessoas do grupo, os que comem menos acabam tendo uma maior ingesta quando em companhia dos seus pares.

A facilitação social não ocorre quando comemos com pessoas que temos pouca intimidade, pois queremos passar uma boa impressão para os estranhos. Isso é particularmente pronunciado entre mulheres que querem passar uma boa imagem para o homem e entre mulheres obesas que não querem ser taxadas de comilonas por desconhecidos ou quase desconhecidos.

Close-up of Coffee Cup

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É muito comum as pessoas que apresentam enxaqueca relatarem que costumam ter crises de dor de cabeça quando expostas a determinadas situações. A enxaqueca é uma condição neurológica que afeta cerca de 20% das mulheres e 8% dos homens e é a terceira doença mais prevalente no mundo, acometendo mais de um bilhão de pessoas.

 

É estimado que cerca de 90% dos pacientes reconhecem ao menos um fator que desencadeia suas crises e mais de 80% deles reconheciam múltiplos fatores. Esses fatores são chamados de gatilhos e os mais citados são a menstruação, o estresse emocional, privação ou excesso de sono, alguns tipos de odores, jejum prolongado e o clima, especialmente o calor. Quase 20% reconhecem algum alimento como gatilho das crises, sendo o chocolate, queijos e salsicha os mais lembrados. Outros gatilhos menos comuns são a exposição à luz e ruídos fortes e o consumo de cafeína.

 

Falando agora especificamente sobe o consumo de bebidas que contêm cafeína, existe uma dose segura? Uma pesquisa publicada recentemente pelo prestigiado periódico JAMA aponta que até duas porções de bebidas cafeinadas  por dia é uma dose segura que não provoca piora das crises de enxaqueca.

 

O estudo foi conduzido pela Universidade de Harvard nos EUA e acompanhou por seis semanas 98 pacientes adultos com crises de enxaqueca frequentes. Duas doses de bebida cafeinada eram o equivalente a dois copos de 230 ml de café, duas xícaras de chá de 170ml, duas latas de refrigerante tipo cola ou duas porções de 60ml de energético. As duas doses por dia não conferiam piora das crises entre aqueles tinham o hábito de consumir tais bebidas, mas no caso das pessoas que raramente as tomavam, mesmo uma dose por dia já foi deletéria para o controle das crises.

 

Na enxaqueca, é de extrema importância a identificação dos gatilhos de crises e deve-se tentar evitá-los quando possível. Vale ressaltar que não existe uma lista rígida de situações que devem ser evitadas, pois cada pessoa responde de forma diferente a cada uma delas. No caso do cafezinho, até duas doses por dia, para quem o toma regularmente, parece ser uma quantidade segura.

 

 

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Por Dr. Ricardo Teixeira

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Você está comendo um alimento saboroso, só na imaginação, 33 vezes seguidas. Após esse exercício, o alimento é oferecido ao vivo e em cores e você estará apenas com a metade do apetite de quem que fez outro exercício de imaginação, como manipular moedas. Isso foi testado com confeitos M&M e com pedacinhos de queijo, mas quando o experimento era com queijinhos, o apetite por chocolate não diminuía, e vice-versa. A saciedade não era transferível para outro tipo de alimento. Essas experiências foram publicadas pela revista Science e abriram discussões calorosas sobre o poder da mente no controle de peso.

 

Essa saciedade mental pode ser explicada pelo efeito de habituação. Estímulos repetitivos passam a não ter mais o mesmo impacto depois de um tempo. A primeira mordida costuma ser a mais gostosa. Entretanto, a última mordida também tem seu valor. Se sobrarem dois biscoitos em uma lata, eles serão considerados mais gostosos do que quando a lata está cheia.

 

O banquete mental teve seus efeitos colaterais. A vontade de comer outras comidas que combinavam com o alimento teste aumentou. Quem imaginou a degustação de queijinhos comeu menos queijo depois, mas comeu mais pão.

 

O poder da mente é realmente incrível. Este último mês, pesquisadores canadenses mostraram que só o fato de sermos confrontados com mensagens subliminares que nos lembram do café, já faz com que fiquemos mais alertas, mesmo sem chegarmos perto de uma xícara.

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Round White Sauce Plate

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Por Dr. Ricardo Teixeira

Aqui vai uma boa dica para um almoço de negócios: na hora de escolher o que comer, evite os pratos individuais. Dê preferência aos pratos para mais de uma pessoa que você possa dividir com o outro. A dica é baseada num estudo recém-publicado por pesquisadores das Universidades de Chicago e Cornell nos EUA. Eles mostraram que, quando o almoço tem pratos compartilhados, as pessoas colaboram mais e a negociação é mais fácil. E isso provavelmente ocorra também fora do mundo dos negócios.

Um prato compartilhado faz com que as pessoas tenham que coordenar suas atitudes, e em tese, isso traria benefícios para a coordenação das negociações e maior cooperação. A pesquisa solicitou aos voluntários que consumissem um lanche individual ou o mesmo conteúdo concentrado em uma travessa para ser dividido por dois. Após uma negociação envolvendo milhões de dólares hipotéticos entre representantes com interesses opostos, aqueles que dividiram a refeição cooperaram mais na negociação e acordo demorou menos.

O efeito foi demonstrado entre pessoas estranhas, mas foi ainda mais robusto entre conhecidos. Um dos autores do estudo diz que o compartilhamento de uma refeição tem mais chances de promover a cooperação quando o conteúdo precisa realmente ser dividido. Quando a quantidade é muito grande, as pessoas não precisam se preocupar se já retiraram da travessa uma porção justa. E complementa:  “Dividir uma refeição é uma ótima oportunidade para se conectar com o outro e criar um vínculo social. ”

 

 

Group of People Holding Hands Forming Teamwork

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Pesquisadores da Universidade de Ohio nos EUA demonstraram recentemente que uma equipe de trabalho é mais eficiente quando sob o efeito do café cafeinado. As pessoas interagem mais, dão mais avaliações positivas sobre a participação dos colegas e perdem menos o foco. O estudo foi publicado pela revista Journal of Psychopharmacology.

O maior nível de alerta é uma das explicações mais plausíveis para os resultados e talvez outras intervenções que aumentem esse nível de alerta, como exercício físico, tenham o mesmo efeito. Além disso, ao final do estudo, aqueles que tomaram o café cafeinado responderam mais frequentemente que gostariam de voltar a trabalhar com a equipe. São muitos os estudos que já avaliaram os resultados positivos do café sobre o desempenho cognitivo individual, mas esse é o primeiro que estudou os resultados em uma equipe de trabalho.

A cafeína se liga a receptores do cérebro chamados de adenosina que promovem uma inibição da atividade cerebral. A substância tem uma ação inibitória nesses receptores de um sistema que é inibitório. Por isso o efeito final é estimulante.  Quando soltamos o efeito do freio de mão, o carro anda mais. Esta é a cafeína.

Woman Drinking Wine

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Temos muitas evidências da influência de uma experiência sensorial sobre outras. Somos mais intolerantes ao barulho, por exemplo, em ambientes claros. Sabemos também que jantar com iluminação discreta faz com que a gente tenha tendência a comer menos. Por outro lado, essa penumbra favorece a escolha de alimentos menos saudáveis. Uma boa hipótese para explicar essa influência da luz é que no claro estamos mais atentos, inclusive para escolher as opções mais saudáveis do cardápio. Um experimento chegou a demonstrar que pílulas de cafeína placebo faziam com que as pessoas pedissem alimentos saudáveis em ambientes escuros na mesma proporção do que nos bem iluminados.

E quanto ao barulho? Um estudo recém-publicado pelo Journal of the Academy of Marketing Sciences demonstra que, quanto menor o volume da música no ambiente, mais escolhas saudáveis fazemos no restaurante. Uma possível explicação é que o volume alto do som promove um estresse que dificultaria escolhas mais conscientes. A pesquisa foi conduzida em um café na cidade de Estocolmo na Suécia por vários dias consecutivos.

 

Essa influência que uma experiência sensorial tem sobre a outra é uma linha de pesquisa fortemente desenvolvida pela Universidade de Oxford na Inglaterra e liderada pelo psicólogo Charles Spence. Ele demonstrou que uma refeição rica em alimentos doces ou azedos ficará mais saborosa se a música tiver tons mais agudos. Se tiver gostos amargos ou unamis**, música com tons graves realçará os sabores.

 

O laboratório de Spence testou também diferentes músicas para diferentes vinhos.  O mesmo vinho é considerado mais encorpado ao som de Carmina Burana de Carl Orff quando comparado ao som de uma cantora pop como Fernanda Takkai.

 

Spence tem levado suas experiências para o mundo real. Ele criou uma playlist para a British Airways direcionada ao cardápio dos vôos e dá seus pitacos em restaurantes sofisticados. Defende também a ideia de que uma pasta fica mais autêntica se tiver uma música italiana ao fundo, cítaras para comida indiana, e por aí vai.

 

** unami é reconhecido como um quinto tipo de sabor, lado a lado com doce, azedo, amargo e ácido.  Unami é uma palavra de origem japonesa e significa delicioso, saboroso.  Alimentos ricos em glutamato, como as algas marinhas, cogumelos shitaki e crustáceos são exemplos do sabor unami. Na verdade, o sabor nem é tão divino, mas ele torna agradável a palatabilidade de um grande número de alimentos. É a delícia do queijo parmesão por cima do molho bolonhesa

 

Sliced Tuna With Green Leaf Vegetables

Crianças por volta de seus dez anos de idade que consomem peixe pelo menos uma vez por semana dormem melhor e ainda têm uma maior pontuação em testes de QI. Essa é a conclusão de uma pesquisa recém-publicada pelo renomado periódico Scientific Reports. Os pesquisadores recomendam que os pais já poderiam criar esse hábito alimentar nas crianças desde os dois anos de idade para que elas se acostumem, já desde cedo, com esse alimento tão nobre para o cérebro.

Esses resultados foram interpretados pelos autores como tendo uma relação causa e efeito bem possível: melhorando a qualidade do sono, as crianças teriam melhores pontuações nos testes de Q.I. O mais provável é que o fator sono responda apenas parcialmente pelos resultados positivos do consumo de peixe na cognição.

A teoria da evolução defende a tese que nós humanos chegamos até aqui com o cérebro que temos pelo menos em parte graças ao nosso padrão de alimentação. Há uma série de evidências paleontológicas que nos aponta que existe uma relação direta entre acesso ao alimento e tamanho do cérebro, e que mesmo pequenas diferenças nesse acesso podem influenciar a chance de sobrevivência e o sucesso reprodutivo. Entre os hominídeos, pesquisas mostram que o tamanho do cérebro está associado a diversos fatores, que em última instância, refletem o sucesso em se alimentar, como é o caso da capacidade de preparar alimentos, estratégias para poupança de energia, postura bípede e habilidade em correr.

O consumo de ácidos graxos da família Ômega 3 é a mais estudada interação entre alimento e a evolução das espécies. O ácido docosahexanóico (DHA) pode ser considerado o ácido graxo mais importante para o cérebro, já que é o mais abundante nas membranas das células cerebrais e são considerados essenciais por não serem produzidos pelo organismo humano que precisa obtê-los por meio de dieta. Acredita-se que o consumo de Ômega 3 teria sido fundamental para o processo de aumento na relação peso cérebro/ peso corpo, fenômeno conhecido como encefalização, ou seja, aumento progressivo do tamanho do cérebro em relação ao corpo ao longo do processo evolutivo. Estudos arqueológicos apoiam essa hipótese, já que esse processo de encefalização não ocorreu enquanto os hominídeos não se adaptaram ao consumo de peixe.

 

 

 

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