Sabemos que uma dieta rica em peixes ricos em Omega-3 é recomendada para se ter um cérebro mais afiado na velhice. Mas será que adultos na meia-idade já colhem os frutos? Um estudo, que acaba de ser publicado pela Neurology, periódico da Academia Americana de Neurologia, aponta que provavelmente sim, após avaliação dos níveis de Omega-3 nas hemácias de adultos com média de idade de 46 anos. Esses níveis refletiam o contingente dessa classe de ácido graxo oriundo da dieta, mas também de suplementos.

O estudo envolveu mais de dois mil voluntários e aqueles que apresentavam uma maior concentração de Omega-3 tinham um melhor desempenho cognitivo e também um maior volume dos hipocampos, estruturas cerebrais fortemente ligadas à memória. Esse efeito positivo se deu mesmo com níveis modestos de ácidos graxos Omega-3, cerca de metade do recomendado. Vale lembrar que os efeitos positivos se estendem aos vasos sanguíneos, contribuindo para uma menor incidência de eventos cardiovasculares como infarto do coração e acidente vascular cerebral. A Associação Americana de Cardiologia recomenda duas porções de peixe por semana para o incremento da saúde cardiovascular.

O consumo de ácidos graxos da família Omega-3 é a mais estudada interação entre alimento e a evolução das espécies. O ácido docosahexanóico (DHA) pode ser considerado o ácido graxo mais importante para o cérebro, já que é o mais abundante nas membranas das células cerebrais e são considerados essenciais por não serem produzidos pelo organismo humano, que precisa obtê-los por meio de dieta. Acredita-se que o consumo de Omega-3 teria sido fundamental para o processo de aumento na relação peso cérebro/ peso corpo, fenômeno conhecido como encefalização, ou seja, aumento progressivo do tamanho do cérebro em relação ao corpo ao longo do processo evolutivo. Estudos arqueológicos apoiam essa hipótese, já que o processo de encefalização não ocorreu enquanto os hominídeos não se adaptaram ao consumo de peixe.