You are currently browsing the category archive for the ‘Sociedade & Meio Ambiente’ category.

Ricardo Afonso Teixeira*

Chegamos aos 70 anos com o cérebro mais protegido contra declínio cognitivo quando temos um trabalho desafiador ao logo das décadas. Essa é conclusão de um estudo norueguês publicado recentemente pela Neurology, periódico da Academia Americana de Neurologia.

Após analisarem sete mil pessoas em 305 diferentes ocupações, os pesquisadores demonstraram que 42% dos que tinham um trabalho com baixa demanda cognitiva apresentaram déficit cognitivo após os 70 anos, comparados a 27% daqueles com trabalho de alta demanda. O ofício que trouxe o maior efeito protetor foi o de professor. Os resultados foram ajustados para outros fatores como sexo, nível educacional, renda e atividade física regular. Outro estudo, realizado com funcionários públicos ingleses, já havia apontado que trabalhos considerados passivos, com pouca autonomia e baixa demanda em dimensões psíquicas e sociais, estão associados a maior sedentarismo.

Mas isso não é tudo. Hirayama é o personagem do premiado filme “Dias Perfeitos”, ainda em cartaz nos cinemas, e nos mostra aquilo que as pesquisas dificilmente conseguirão detectar. Hirayama trabalha como limpador de banheiros públicos em Tóquio. Tem uma rotina de trabalho repetitiva, mas tem dois canais de conexão essenciais abertos que nos fazem enxergar a experiência humana em outras dimensões. O primeiro deles eu chamaria de amor à vida. Aqui incluo a empatia e a forte ligação com o mundo natural, seja em casa ou nos seus intervalos de almoço no trabalho. O segundo canal é o amor à arte. Sempre que tem uma oportunidade saca sua câmera fotográfica para registrar elementos do seu primeiro canal de conexão. A música o acompanha com suas fitas cassetes e, como todo filme do diretor Wim Wenders, a trilha é impecável. Chega em casa, deita-se no chão e liga sua luminária de luz fraca para ler William Faulkner. Difícil imaginar que Hirayama faça parte do grupo com maior chance de declínio cognitivo desse estudo que descrevemos anteriormente pelo fato de seu trabalho exigir pouca demanda cognitiva. Ele pode até ter traços obsessivos, mas eu diria uma obsessão do bem.

Dica de filme, mas também vai uma de livro. Faulkner já estava na mira após o relato de Gabriel Garcia Marques de que ele tenha sido o autor que mais o influenciou. O mesmo diz John Fosse, autor Norueguês, vencedor do último Prêmio Nobel de Literatura. Hirayama me inspirou a encarar “O Som e a Fúria” de Faulkner, uma sinfonia com todos os seus movimentos. O livro não é tão extenso, mas um livro difícil, talvez uma sinfonia de Mahler e não de Mozart, em que o leitor terá sua descomunal recompensa se não desistir antes de chegar ao final e ovacionar o maestro e sua orquestra.

* Ricardo Afonso Teixeira é doutor em neurologia pela Unicamp, professor do curso de medicina do Unieuro e neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília

Estudos robustos nos mostram que os homens são mais amigáveis após o término de um conflito quando comparados às mulheres. Isso parece soar meio desafinado, pois é bem reconhecido que os homens são mais agressivos e competitivos. Que história é essa de amigáveis?

Em um desses estudos, pesquisadores da Universidade de Harvard analisaram centenas de vídeos de “batalhas do dia a dia moderno” de 44 diferentes países. Estamos falando de competições esportivas. Eles demonstraram que ao final de uma partida os homens têm uma maior proximidade com o “inimigo” do que as mulheres. Isso foi identificado como abraços, apertos de mãos e tapinhas nas costas.

A explicação evolutiva para esse comportamento é que os homens, após terminado o conflito, têm a tendência em se aproximar do oponente para garantir alianças para uma futura guerra. Eles garantem a perpetuação da espécie não só vencendo disputas para conseguir gerar mais filhos, mas também por preservarem a comunidade como um todo em conflitos entre grupos.

Estudos com chimpanzés evidenciam essa mesma tendência: os machos depois de uma briga dão mais abracinhos que as fêmeas. Quanto às fêmeas, sabemos muito bem que no universo família elas são mais cooperativas. Porém, as mulheres sentem-se mais abaladas, quando um conflito ocorre com outra mulher quando comparamos com a mesma situação em que os personagens são dois homens.

Voilà Jair. Ligue para o Lula dando as congratulações, faça uma daquelas suas lives pedindo para os caminhoneiros desobstruírem as estradas e, no dia primeiro de janeiro, entregue a faixa e dê uns tapinhas nas costas do Lula.  

.

A ciência política tem apontado uma crescente polarização entre partidos políticos, a emergência de líderes e movimentos populistas, circulação de falsas informações e um aumento expressivo de violência política. Esse fenômeno está associado a uma fragilização do sistema tradicional de ativismo político das democracias ocidentais.

Uma série de estudos tem apontado que fazem parte desse cenário indivíduos que querem a destruição dos modelos institucionais vigentes e esse ativismo disruptivo, chamado de Necessidade de Caos, é mais frequente entre indivíduos socialmente marginalizados e em sociedades com maior desigualdade econômica. É mais comum entre homens e em indivíduos com renda média do que os de baixa renda. A Necessidade de Caos também é associada à psicopatia e personalidades com forte componente de narcisismo e maquiavelismo. Pesquisas têm sugerido que essas pessoas têm um intenso desejo de subir subitamente na escala de reconhecimento social e a promoção do caos é uma estratégia para alcançar essa obsessão.

Uma pesquisa recente demonstrou essa tendência em 20% dos voluntários em quatro diferentes países de língua anglo-saxônica: Estados Unidos, Canadá, Austrália e Inglaterra. Uma escala para avaliação do sentimento de Necessidade de Caos foi aplicada a mais de 12 mil adultos e incluía itens como “Quando penso em nossas instituições sociais e políticas penso que elas deveriam ser destruídas” ou “Eu fantasio um desastre que acabe com quase toda a humanidade para um pequeno grupo de sobreviventes começar tudo de novo.” O estudo apontou que a Necessidade de Caos com alta pontuação na escala descrita anteriormente foi mais frequente entre os voluntários que tinham perfil político de extrema direita e com característica mais niilista, sem uma visão de reconstrução.   

Mona Lisa With Face Mask

Antes de ler este artigo, enfatizo que as máscaras vieram para ficar e continuarão fazendo parte do nosso dia a dia por um bom tempo ainda. A pandemia está muito longe de alcançar um controle no nosso meio.

Porém, não há como negar que o uso da máscara tem nos proporcionado, às vezes,  situações constrangedoras ao não reconhecermos pessoas do nosso círculo social.  Além disso, a máscara pode dificultar a percepção das emoções das pessoas, apesar do olhar e o tom de voz das pessoas já nos dizerem quase tudo.

Para entender melhor o impacto do uso das máscaras sobre o reconhecimento facial das pessoas, pesquisadores canadenses e israelenses conduziram um estudo que analisou como isso acontece. A pesquisa foi publicada recentemente pela prestigiada revista Scientific Reports.

Como esperado, as máscaras dificultaram o reconhecimento facial pelos cerca de 500 indivíduos testados em um experimento online. Do ponto de vista qualitativo, a presença das máscaras dificultou sobremaneira a identificação facial como um todo, também chamada de percepção holística. Essa percepção holística é proporcional à capacidade que temos de reconhecer as imagens de cabeça para baixo, o que foi confirmado nessa pesquisa: o efeito da inversão foi duas vezes menor nas faces com máscara. Isso significa que o reconhecimento holístico com a máscara já estava dificultado, e a inversão teve menor impacto. Já foi demonstrado em estudos anteriores que a parte inferior da face, a parte que fica sob a máscara, é a que mais tem influência nesse reconhecimento holístico. Tanto é que que quando a imagem é invertida, a identificação da face inferior é mais prejudicada que a dos olhos.

 

As mulheres tiveram mais facilidade nesses testes de reconhecimento facial, com ou sem máscaras, confirmando uma série de pesquisas prévias.

Continue usando sua máscara. Os benefícios são infinitamente maiores que os irrisórios desconfortos.

Close Up Photography of Yellow Green Red and Brown Plastic Cones on White Lined Surface

Vivemos em rede desde os mais remotos tempos e o sucesso da espécie humana depende de sua capacidade em fazer relações sociais, capacidade que é vista como uma vantagem evolutiva. Indivíduos no centro de uma rede social têm mais acesso à informação, e no caso dos nossos ancestrais, essa informação poderia ser, por exemplo, o local de uma nova fonte de alimento. Entender melhor como funciona as redes sociais permite-nos entender também como elas podem influenciar importantes problemas de saúde pública, área recente do conhecimento chamada de epidemiologia social. Nos últimos anos, riquíssimos estudos nessa área vêm sendo publicados pelos pesquisadores americanos Fowler e Christakis, junto a outros colaboradores, nos mais renomados periódicos científicos do mundo. Vejam só como os amigos têm influência em nossas vidas:

1- Os pesquisadores publicaram um estudo revelando que, numa epidemia infectocontagiosa, no caso, o vírus da gripe, indivíduos mais ao centro da rede social são acometidos mais precocemente. Esse achado pode facilitar o controle de epidemias ao se focar os esforços precocemente em indivíduos mais vulneráveis.

2- A rede social de um indivíduo tem impacto no seu risco de tornar-se obeso em até três graus da rede (ex: amigo do amigo do amigo). Essa associação é muito mais forte pela proximidade social do que pela geográfica, como é o caso de vizinhos.  A chance de uma pessoa se tornar obesa é 57% maior se um amigo se tornou obeso num dado período. Entre irmãos, a chance é 40% maior e no caso do cônjuge, a chance aumenta em 37%.

3- Esse mesmo efeito de contágio social existe na chance que uma pessoa tem de parar de fumar. Quando um dos membros de um casal para de fumar, o outro tem uma chance 67% maior de parar também. O indivíduo tem 25% mais chances de parar quando um irmão/ irmã também para, 36% mais chance quando um amigo para e 34% mais chance quando um colega de trabalho para.

4- O contágio social também exista na capacidade de uma pessoa se considerar feliz. Há uma tendência de pessoas felizes estarem no centro de suas redes sociais e próximas de outras com alto grau de felicidade, criando aglomerados de pessoas felizes. Além disso, ao longo do tempo, as pessoas ficam mais felizes quando passam a ser cercadas por outras felizes. Um amigo feliz que mora por perto (menos de 2 km) aumenta a chance de uma pessoa ser feliz em 25%, irmãos felizes por perto em 14%, e vizinhos em 34%. Esse efeito contagioso da felicidade diminui com o tempo e também com a distância entre as pessoas, e não é percebido entre colegas de trabalho. Também existe uma tendência do contágio social de sintomas depressivos entre amigos e vizinhos. O efeito parece ser mais marcante com amigas do sexo feminino.

5- O mesmo fenômeno foi demonstrado quando o assunto é consumo de bebidas alcoólicas. A quantidade de álcool que uma pessoa consome é proporcional ao tanto que seus amigos e parentes próximos bebem. O padrão de consumo de álcool de vizinhos e colegas de trabalho não tem a mesma influência. Aqueles que não bebem têm menos amigos e parentes que não bebem.

6- E é claro que com outras drogas não ia ser diferente. O efeito do contágio social no perfil de uso de drogas entre adolescentes chega a envolver quatro níveis da rede social. Também foi demonstrado esse contágio no número de horas diárias de sono e que há uma relação estreita entre a quantidade de sono o e o consumo de drogas. Quando uma pessoa dorme menos de sete horas por noite, a chance de um amigo dormir menos de sete horas é 11% maior. Quando um adolescente usa maconha, a chance de um amigo usar é 110% maior. Quando uma pessoa dorme menos de 7 horas, a chance de um amigo usar drogas aumenta em 19%.

Este é um novo modo de pensar a saúde. Qualquer intervenção positiva nos hábitos de vida de um indivíduo pode se alastrar para a sua rede social. Há também o outro lado da moeda: comportamentos negativos também se difundem pela rede. É de se esperar que a internet amplifique cada vez mais esse poder, tanto para o lado positivo quanto negativo, mas o balanço geral certamente será um reflexo da eficiência das políticas públicas para a promoção de saúde da população. Christakis, que é considerado um dos cem pensadores mais influentes do mundo, não esconde sua indignação com a condução da pandemia durante o governo Trump.

Scenic View of the Forest During Sunrise

Vocês irão concluir que o oxigênio do título acima refere-se ao espaço verde, mas tem outras conotações também. Pesquisas têm revelado que durante a pandemia as pessoas têm procurado mais contato com a natureza. O mais recente estudo foi conduzido no estado de Vermont nos EUA durante os primeiros meses da pandemia, numa época de fechamento de escolas e comércio não essencial e restrição de viagens. Dois terços dos moradores passaram a visitar os parques naturais com maior frequencia e 80% declararam que as visitas aos parques passaram a ter uma importância ainda maior na pandemia para o equilíbrio físico e mental. Entre aqueles que em 2019 não tinham o hábito de frequentá-los, 26% passaram a aproveitar os parques nesse período.    

Em tempos de crise como a que vivemos agora, a garantia de acesso ao espaço verde deve ser vista como uma questão de saúde pública para mitigar os impactos mentais negativos em situações dramáticas. Em 2011, a cidade de Futaba no Japão sofreu simultaneamente um terremoto, um tsunami e um acidente nuclear. O governo imediatamente recriou uma série de ecossistemas na cidade para promover o bem estar psíquico da população.

E falando um pouco mais de catástrofe e governos, o presidente da Coalisão de Saúde Mental Mundial recentemente rejeitou a orientação da Associação Americana de Psiquiatria ao dar um diagnóstico psiquiátrico a uma pessoa pública, no caso, Donald Trump, sem examiná-lo pessoalmente. A Coalizão se valeu da Declaração de Genebra que defende que médicos podem se expressar quando frente a governos destrutivos, Declaração criada após a experiência do Nazismo.

De acordo com a Coalisão, o fenômeno Trump e seus seguidores estão embasados em um narcisismo simbiótico e uma psicose compartilhada. Por narcisismo simbiótico devemos entender que um líder, faminto por adulação para compensar sua baixa autoestima, projeta uma onipotência grandiosa, enquanto seus seguidores, carentes pelo estresse social e econômico, buscam ansiosamente por uma figura parental. Quando esses indivíduos assumem posições de poder, eles elicitam a mesma patologia numa parte da população com encaixe perfeito, como uma chave feita para aquela fechadura. Quanto à psicose compartilhada, eles a chamam também de folie à million. Folie à deux (loucura a dois) é um fenômeno descrito na psiquiatria desde o século XVII e refere-se a sintomas delirantes compartilhados por duas pessoas geralmente da mesma família ou próximas. A folie à deux também é chamada de transtorno psicótico induzido, e folie à million, socorro! Quando um indivíduo muito sintomático é colocado em posição de poder e influência, seus sintomas podem se propagar à população por meio de ligações emocionais, amplificando patologias pré-existentes e afetando até indivíduos previamente saudáveis. E o fator delirante provavelmente é mais forte do que um cálculo estratégico, pois ele se dissemina mais facilmente.          

É importante salientar que os indivíduos com transtornos mentais como um grupo não são mais perigosos que a população geral, mas quando o transtorno mental vem acompanhado de componentes destrutivos, esses indivíduos são mais perigosos sim. E de onde vem esse elemento destrutivo? Simplificando, se uma pessoa não recebe amor, ela busca respeito. Se ela não tem o respeito, ela realiza ameaças. Trump vive hoje a rejeição e a violência é uma compensação à perda de poder.

Esta não é uma história de ficção e qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real aqui nos trópicos não é mera coincidência. 

China tem 800 milhões de celulares

Nesta última semana tivemos a publicação de um estudo que mostra uma relação causa-efeito inequívoca entre a radiação emitida pelos aparelhos de telefonia celular e alguns tipos de câncer.

O estudo foi realizado com milhares de ratinhos que foram submetidos à radiação comparada à que recebemos do telefone celular por nove horas ao dia, começando no útero materno até o fim da vida. O aparecimento de tumores no cérebro e no coração foi mais comum entre os ratinhos expostos à radiação e de uma forma dose-dependente. Aliás, nenhum dos ratinhos do grupo controle apresentou tais tumores.

A extrapolação desses resultados para o mundo real dos humanos não é imediata, mas o estudo dá uma forte balançada nesse capítulo câncer X celular.

No ano de 2010, foi publicado o estudo multicêntrico INTERPHONE que envolveu mais de cinco mil pacientes com tumores cerebrais de treze diferentes países. Essa pesquisa demonstrou que não havia associação entre o uso do celular e a chance de apresentar tumores cerebrais. Entretanto, os resultados apontaram uma leve tendência de tumores do tipo glioma nos 10% dos indivíduos que mais usavam o celular. Esse foi o tipo de tumor cerebral encontrado no estudo dos ratinhos.

Em 2008, foi publicada uma metanálise, que é um tipo de balanço geral de todos os estudos realizados até então, evidenciando que o uso do celular no longo prazo aumenta o risco de tumores cerebrais (Hardell et al., Int J Oncol 2008). No mesmo ano de 2008, uma série de neurocirurgiões de grande renome mundial passou a se manifestar afirmando que a tarefa de provar definitivamente que o celular causa tumor cerebral é só uma questão de tempo, já que uma lesão dessa natureza precisa de pelo menos dez anos para se desenvolver. Além disso, o jornal oficial da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia em conjunto com outras sociedades de neurocirurgia de nível internacional, conclamou em 2008 a cooperação da sociedade científica com os órgãos governamentais para tirar essa história a limpo, devido à potencial gravidade da situação.

Tanto se reconhece os potenciais riscos à saúde do telefone celular que vários países europeus recomendam restrições ao seu uso.  O último documento da Organização Mundial da Saúde sobre o tema foi emitido em 2011 e enfatiza que os estudos ainda estão sendo conduzidos para avaliar os reais riscos no longo prazo, mas vincularam o uso de celulares com um “possível” risco de câncer cerebral em seres humanos.

Se o telefone celular causa tumor cerebral ou não entre os humanos, isso ainda é uma pergunta em aberto. Porém, algumas dicas podem ser consideradas:

– não exagere na dose;

– deixar o celular longe do corpo sempre que possível;

– o uso de fone de ouvido com microfone que permite uma certa distância do aparelho do corpo não é uma má ideia.

** isto o mundo inteiro já sabe e não há qualquer polêmica: dirigir usando o celular é tão arriscado quanto dirigir embriagado. Pesquisas mostram que até 30% dos acidentes de carro são decorrentes do uso do celular.

.

Estamos familiarizados com ideia de que existem poucas mulheres em posições de poder.  Menos de 15% dos cargos executivos são representados por mulheres e elas compõem menos de 5% da lista dos 500 tops da revista Fortune.

As mulheres enfrentam mais obstáculos que os homens para alcançar posições de poder e, quando alcançam, os obstáculos são maiores do que no caso dos homens. Estamos falando de discriminação mesmo. Elas ainda hoje carregam o estigma de serem menos competentes e preparadas para assumir cargos de liderança.  Além disso, muito preconceito ainda existe ao ver as mulheres “roubarem” tempo da família para se dedicar ao trabalho. A CEO do Yahoo recentemente foi bastante criticada, e por muitos quase “apedrejada”, quando decidiu por uma licença maternidade bem curta após gerar dois filhos gêmeos.

Estudos têm-nos mostrado que existem outras questões que fazem com que as mulheres subam menos na escada de poder no trabalho. Pesquisadores da Universidade de Harvard estudaram mais de 4000 indivíduos incluindo executivos em posições de liderança, alunos de MBA de excelência e até estudantes do college. Eles mostraram que, em todas essas fases da vida profissional, as mulheres têm objetivos de vida mais diversificados, como tempo para se dedicar às suas coisas pessoais (atividade física, lazer e amigos) e tempo para filhos e família. Elas enxergam as posições de poder no trabalho, da mesma forma que os homens, como formas de alcançar respeito, prestígio e riqueza. Entretanto, elas identificam mais pontos negativos que os homens como o estresse e sacrifício da vida pessoal.

Elas consideram que têm o mesmo potencial que os homens em alcançar as posições de poder, mas preferem ficar num degrau intermediário. Elas podem ter o poder, mas não querem. Quando mulheres e homens são interrogados para apontar numa escada três posições hierárquicas, a que eles consideram estar no momento, a que eles teriam capacidade de alcançar e a posição que gostariam de estar, homens e mulheres não são diferentes nas posições que estão no momento e nas que podem alcançar, mas as mulheres se posicionam abaixo dos homens onde gostariam de estar.

Muitas transformações, recentes transformações. As mulheres não querem só comida (poder). Querem comida, diversão e arte. Elas não querem só dinheiro. Querem dinheiro e felicidade. (Comida – TITÃS).

É muito bem reconhecido que o seu sucesso profissional depende de sua personalidade e que as pessoas extrovertidas, proativas, ambiciosas e cuidadosas costumam subir mais na carreira. Porém um estudo recente mostrou que a personalidade  do companheiro ou companheira também faz diferença.

Pesquisadores da Universidade de Washington aplicaram um questionário a 4500 voluntários casados que incluía uma avaliação da personalidade, satisfação com o casamento, estilo de vida e indicadores de sucesso profissional. Eles concluíram que as pessoas que tinham um parceiro ou parceira consciencioso(a) eram as que tinham mais sucesso profissional – mais promoções, melhores salários e maior satisfação profissional. Qual a explicação?

Pessoas conscienciosas são cautelosas e organizadas e gerenciam bem suas vidas. São capazes de oferecer apoio confiável e dividir as tarefas da casa. O estudo mostrou que esse efeito dos parceiros conscienciosos foi evidente para ambos os gêneros e independente da renda da casa vir dos dois ou de um só. Uma pessoa conscienciosa do seu lado também é um estímulo para ter esse mesmo comportamento no trabalho.  Os resultados também mostraram que as pessoas eram mais satisfeitas com o relacionamento quando o parceiro tinha essa característica de personalidade.

Conscienciosos(as) são um partidão. Para a relação e para o sucesso no trabalho.

Conscienciosos são um partidão. Para a relação e para o sucesso no trabalho.

,

O sentimento de estar conectado com as pessoas da comunidade pode até diminuir o risco de infarto do coração.  Essa foi a conclusão de um estudo recém-publicado pelo Journal of Epidemiology & Community Health

Mais de cinco mil voluntários americanos, com uma média de idade de 70 anos, foram acompanhados por quatro anos e responderam a um questionário que avaliava a percepção de coesão social com a vizinhança. Eles tinham que dar uma nota de um a sete para quatro afirmações:

  • Eu realmente sinto que faço parte da comunidade;
  • Se eu tiver algum problema, eu terei uma série de pessoas na vizinhança que eu posso contar com apoio;
  • A maioria das pessoas da vizinhança é confiável;
  • A maioria das pessoas da vizinhança é amigável.

Quanto menor a pontuação nas repostas, maiores foram as chances de sofrer um ataque do coração. Esse efeito foi independente do grau de suporte social de amigos e familiares.

Já existiam algumas poucas pesquisas mostrando um maior risco de infarto do coração e derrame cerebral quando se tem uma baixa coesão social com a vizinhança.  A atual pesquisa foi pioneira ao avaliar o lado positivo de uma boa integração com a vizinhança. Essa coesão social também promove mais saúde mental e favorece comportamentos saudáveis, como a prática de atividade física. .

Outras coisas da vizinhança que fazem diferença na saúde cardiovascular: níveis de ruído, poluição do ar, violência e número de estabelecimentos fast-foods.

 

APOIO

PREMIO TOP BLOG

Também no Correio Braziliense - Coluna Neurônios em Dia - Revista do Correio

Siga no Twitter

Twitter
    follow me on Twitter

    Blog Stats

    • 2.990.679 hits