Um estudo publicado na última edição do periódico Neurology, jornal oficial da Academia Americana de Neurologia, confirma que a enxaqueca vai muito além das crises de dor de cabeça: a doença está associada a um maior risco de eventos vasculares como o infarto do coração e derrame cerebral.
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Vinte e oito mil mulheres americanas com mais de 45 anos de idade foram acompanhadas por doze anos, sendo que 13% delas eram portadoras de enxaqueca. As mulheres com enxaqueca sem aura não apresentaram maior risco de eventos vasculares. Vale lembrar que aura são sintomas que acompanham a dor de cabeça como alterações visuais e da sensibilidade, e que ocorrem em 25% das pessoas que têm enxaqueca. No presente estudo, as mulheres com enxaqueca com aura e crises frequentes (≥ 1 vez por semana) tiveram risco de derrame cerebral quatro vezes maior. Mesmo aquelas com crises pouco frequentes (< 1 vez por mês) também apresentaram maior risco vascular, com chance duas vezes maior de ter um infarto do coração quando comparadas às mulheres sem enxaqueca.
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Esses resultados não devem gerar pânico em quem têm enxaqueca com aura, já que o risco absoluto de eventos vasculares é baixo: das 180 mulheres com enxaqueca com aura, apenas duas delas apresentaram um infarto do coração e quatro delas um derrame cerebral ao longo de 12 anos. Entretanto, é importante o recado de que indivíduos com enxaqueca com aura já saem à frente das outras pessoas com risco maior de eventos vasculares, e por isso devem evitar e controlar a todo custo outros fatores de risco como o tabagismo e, no caso das mulheres, o uso do hormônio estrogênio.
6 comentários
19 janeiro, 2013 às 7:03 am
Isabelle
Olá dr. Ricardo, primeiramente parabéns pelo blog! Bem, tenho 24 anos e ainda na adolescência comecei a apresentar casos esporádicos de enxaqueca com aura. Aos 16 comecei a fazer uso de anticoncepcional por indicaçao médica para diminuir os efeitos da minha tpm, pois eu tinha fortes dores, enjoos e diarréia. Ao longo dos anos troquei umas 6 vezes de anticoncepcional: alguns me davam sangramentos, outros enjoos. Quando o Yaz saiu no mercado, minha ginecologista logo me recomendou pois várias mulheres tinham conseguido diminuir os sintomas de tpm com ele. A começar minha segunda cartela com o Yaz, comecei a inchar como um balão e a ter auras severíssimas: via tudo preto, ficava surda, lingua pastosa, dores nos ombros. A aura passava sempre em meia hora e a dor de cabeça nem sempre chegava. Percebi que era do remédio e afastei de vez da minha vida. Pesquisando todos os anticoncepcionais que euja tinha tomado, percebi que me dava menos pior com os que continham gestodeno. Por isso, conversando com minha médica, resolvi tentar o diminut. Realmente nao tive mais espisódios de aura, mas ainda tenho alguns sintomas da enxaqueca. Tenho com muita frquencia sudorese excessiva e umas caimbras leves no braço esquerdo que pegam parte minha cabeça um pouco acima do pescoço. E fiquei sabendo do perigo de pessoas com aura de enxaqueca de tomarem anticoncepcionais com estradiol (o diminut contém). Entretanto, nao sei que método anticoncepcional utilizar, pois não quero ter filhos ainda. Além de tudo isso, tenho problemas de queda de cabelo em virtude de uma calvicie androgenetica. Minha dermatologista me proibiu de parar o anticoncepcional para nao agravar a queda. Mas tenho ficado apreensiva com a pilula. Apesar de nao ter aura, me sinto indisposta com frequencia, minha libido diminui consideralvemente após o uso da pílula. Gostaria da sua opinião a respeito do uso do Cerazette no meu caso. Ja conversei sobre a enxaqueca com um neuro e da pílula com a ginecologista e com a dermatologista mas ninguem chega a um consenso. O diminut foi o único que consegui tomar sem ter aura. Nunca testei anticoncepcional sem estrogenio, nao sei qual seria a reaçao em mim. Qual a sua opinião?
5 fevereiro, 2013 às 2:14 am
Ricardo Teixeira
O ideal~é tentar pilulas sem estradiol
21 dezembro, 2012 às 8:07 pm
Angela
Olá, Dr Ricardo! Lendo sobre enxaqueca com aura notei que os sintomas dessa doença se parecem com os sintomas de AVC, como saber se uma pessoa esta tendo uma crise de enxaqueca ou um AVC? Obrigada!
24 dezembro, 2012 às 1:45 am
Ricardo Teixeira
O primeiro episodio costuma gerar uma grande ensiedade pela percepção que pode ser um AVC, especialmente quandos os sintomas são de alteração de linguagem, da sensibilidade ou da força. No caso da aura da enxaueca, os sintomas são transitórios, durando menos de uma hora.
26 fevereiro, 2012 às 4:05 am
Isis
Tenho exaqueca…. Uso anticoncepcional há 7 anos, devido ao meu problema de ovário policístico. Fico naquele empasse. Há 3 anos atrás o neurologista pediu para que eu interrompesse o tratamento e foi isso que fiz, por 6 meses, pois engordei 6 kilos e meu rosto encheu de espinhas, fora as cólicas HORROROSAS que sempre tive, mas que a pílula aliviava. Por isso resolvi voltar com a pílula. Tenho quase todos os sintomas de quem tem ovário policístico e fica muito complicado pra mim conviver com todos eles.
Recentemente, tenho sentido mais dores de cabeça que o normal… E estou preocupada. Minha ginecologista diz que só posso tratar da síndrome de ovário policístico com o anticoncepcional.
Tenho 23 anos e não gostaria de voltar a parecer uma adolescente de 12 anos, gorda e espinhenta. Mas também não quero ter problemas de saúde por causa da pílula…
Não sei o que faço.
27 fevereiro, 2012 às 3:21 pm
Ricardo Teixeira
A recomendação de evitar pílulas na enxaqueca é só no caso das pílulas com ESTRADIOL e nas mulheres com enxaqueca COM AURA.