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Um dos fenômenos muito especiais da maternidade é o deslocamento do eixo de preocupações de uma fêmea: a vida orientada para suas próprias necessidades passa a se concentrar também no cuidado e bem-estar de seus filhos.
A natureza dá uma forçinha para que esse projeto de cuidar da cria seja bem sucedido, já que as alterações hormonais características da gravidez, parto e lactação, permitem com que o cérebro das mães seja “turbinado” nessas fases. O cérebro materno é por definição um modelo espetacular do fenômeno de neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro em criar novas conexões em resposta a um estímulo.
A maior parte das evidências de incremento de funções cerebrais com a maternidade tem origem em estudos com mamíferos inferiores, especialmente os roedores. Pesquisas apontam que não só as alterações hormonais, mas também o ambiente rico em estímulos associados à maternidade (ex: múltiplas novas tarefas, sons, cheiros), têm um papel importante nesse upgrade cerebral das mães.
A maioria dos mamíferos compartilha instintos maternais de defender seu ninho e sua cria. Ao ter que optar entre sexo, drogas, alimento ou seu ratinho recém-nascido, mamães ratas escolhem seus ratinhos. O cuidado com os filhotes ativa nas mães centros cerebrais de recompensa ligados ao prazer, mesmo no caso de filhotes adotivos, e essa também é uma forma de explicar as raízes do altruísmo. Esse fenômeno também foi demonstrado entre as mães humanas ao ouvir o choro dos filhos, ou simplesmente ao olhar para eles.
Em ratinhas, temos evidências de que a maternidade provoca aumento do volume dos neurônios e mais conexões em algumas regiões cerebrais. Mais recentemente, tem sido demonstrado também o fenômeno de geração de novos neurônios. Essas mamães passam a apresentar melhor desempenho em orientação espacial e memória, ficam mais corajosas e rápidas para capturar a presa, e com menos sinais de ansiedade em situações de estresse. Tudo em prol de uma maior capacidade de alimentar as crias. Não é à toa que Artemis é ao mesmo tempo a deusa grega do parto e da caça.
E esses efeitos parecem durar bastante. As mamães ratinhas chegam ao equivalente humano de 60 anos de idade com melhor desempenho e coragem, além de menor declínio cognitivo e também menos sinais de degeneração cerebral quando comparadas a ratinhas virgens da mesma idade.
E com os pais ? As pesquisas são menos abundantes do que com as mães, mas também revelam que tanto primatas como roedores apresentam mudanças cerebrais com a paternidade: aumento de conexões, melhor habilidade espacial e menos sinais de ansiedade.
É possível que a neurobiologia da maternidade humana não seja tão diferente daquilo que já foi demonstrado em mamíferos inferiores, já que a maior parte do código genético dos humanos é idêntica à dos ratinhos ou dos primatas. Não duvido que as mães modernas, com suas rotinas de malabaristas, apresentem adaptações cerebrais associadas à maternidade bem mais robustas do que das ratinhas, já que são submetidas a um nível de estimulação ambiental como nenhuma outra espécie. Além de cuidar da cria e de sua própria sobrevivência, freqüentemente protagonizam diversos outros papéis simultâneos (esposa, amante, conselheira, provedora, profissional realizada ou em busca de realização, dona-de-casa, etc.). É estímulo para dar, vender e jogar fora.
Um estudo recente envolvendo cerca de dez mil americanos mostrou que as mulheres que têm cabelo loiro natura loiro natural têm uma pontuação um pouco maior no teste de QI. As loiras apresentaram em média um QI de 103.2, as de cabelo castanho 102.7, 101.2 as de cabelo ruivo e 100.5 as de cabelo preto. A pesquisa foi conduzida pela Universidade de Ohio nos EUA e publicada no periódico Economics Bulletin. O estudo também fez a mesma avaliação entre homens e os resultados foram idênticos para todos os tipos de cabelo.
A piadinha de loira burra pode parecer inofensivo para muitos, mas pode ter implicações negativas no mudo real. Ela pode ter impacto na contratação de pessoas, promoções e na vida social. O presente estudo aponta que qualquer tipo de discriminação por conta da cor do cabelo deve desparecer dos nossos mapas mentais.
Não podemos dizer que as loiras são mais inteligentes, mas definitivamente podemos dizer que o cérebro delas não deixa nada a desejar. Uma das explicações para a discreta vantagem das loiras é terem sido criadas em lares com mais material de leitura. Calcula-se também que pelo menos 3% das mulheres que responderam que eram loiras naturais, na verdade, pintavam o cabelo.
Os homens modernos dão mais valor ao cérebro das mulheres do que à beleza quando têm que escolher uma parceira. Essa é a conclusão de uma pesquisa recém-publicada pelo periódico European Review of Social Psychology.
O senso comum é o de que os homens dão importância, muitas exagerada, para a beleza da mulher, mas pesquisadores americanos e austríacos mostraram nessa pesquisa que isso está mudando, pelo menos em países mais desenvolvidos. Nos países com maior igualdade de oportunidades entre os gêneros, é menor a força do antigo modelo homem provedor e mulher jovem e bonita, algo que psicólogos evolucionistas não acreditam muito. Pensam que o homem e a mulher carregam modelos mentais dos ancestrais que não mudaram muito com as transformações sociais.
O estudo mostra que em países com maior desigualdade de gêneros como Coréia e Turquia, a preferência das mulheres por homens bons provedores é duas vezes maior do que em países como a Finlândia e Estados Unidos. Na Finlândia, por exemplo, os homens são mais interessados do que as mulheres por uma companhia com alto nível educacional e inteligente.
Há muito pouco tempo o nível educacional e salário de uma mulher faziam pouquíssima diferença na hora de um homem escolher uma parceira. Hoje em dia esses atributos fazem mais diferença. Não custa também dar um bom trato no visual.
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Estamos familiarizados com ideia de que existem poucas mulheres em posições de poder. Menos de 15% dos cargos executivos são representados por mulheres e elas compõem menos de 5% da lista dos 500 tops da revista Fortune.
As mulheres enfrentam mais obstáculos que os homens para alcançar posições de poder e, quando alcançam, os obstáculos são maiores do que no caso dos homens. Estamos falando de discriminação mesmo. Elas ainda hoje carregam o estigma de serem menos competentes e preparadas para assumir cargos de liderança. Além disso, muito preconceito ainda existe ao ver as mulheres “roubarem” tempo da família para se dedicar ao trabalho. A CEO do Yahoo recentemente foi bastante criticada, e por muitos quase “apedrejada”, quando decidiu por uma licença maternidade bem curta após gerar dois filhos gêmeos.
Estudos têm-nos mostrado que existem outras questões que fazem com que as mulheres subam menos na escada de poder no trabalho. Pesquisadores da Universidade de Harvard estudaram mais de 4000 indivíduos incluindo executivos em posições de liderança, alunos de MBA de excelência e até estudantes do college. Eles mostraram que, em todas essas fases da vida profissional, as mulheres têm objetivos de vida mais diversificados, como tempo para se dedicar às suas coisas pessoais (atividade física, lazer e amigos) e tempo para filhos e família. Elas enxergam as posições de poder no trabalho, da mesma forma que os homens, como formas de alcançar respeito, prestígio e riqueza. Entretanto, elas identificam mais pontos negativos que os homens como o estresse e sacrifício da vida pessoal.
Elas consideram que têm o mesmo potencial que os homens em alcançar as posições de poder, mas preferem ficar num degrau intermediário. Elas podem ter o poder, mas não querem. Quando mulheres e homens são interrogados para apontar numa escada três posições hierárquicas, a que eles consideram estar no momento, a que eles teriam capacidade de alcançar e a posição que gostariam de estar, homens e mulheres não são diferentes nas posições que estão no momento e nas que podem alcançar, mas as mulheres se posicionam abaixo dos homens onde gostariam de estar.
Muitas transformações, recentes transformações. As mulheres não querem só comida (poder). Querem comida, diversão e arte. Elas não querem só dinheiro. Querem dinheiro e felicidade. (Comida – TITÃS).
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As mulheres não são mais preguiçosas que os homens. Também não são menos analíticas. Qual é a razão delas participarem menos em áreas acadêmicas como as ciências, engenharia, tecnologia e matemática? Uma pesquisa recém-publicada no prestigiado periódico Science mostra que as pessoas envolvidas nessas áreas acreditam de forma enfática que é preciso ser brilhante para estar dentro desse jogo, qualidade que muitos ainda acreditam que as mulheres são menos favorecidas. .Esse estereótipo das mulheres serem menos brilhantes é a melhor explicação para a menor representação delas nesses campos do conhecimento.
O estudo foi conduzido por pesquisadores das universidades de Illinois e Princetown nos EUA e avaliou 1800 pesquisadores e estudantes de graduação, de 30 diferentes disciplinas. Entre outras perguntas, eles tinham que responder quais qualidades julgavam importantes para alcançar o sucesso em seus ramos. As áreas em que os entrevistados julgavam que o brilhantismo era fundamental foram também as menos representadas por mulheres. Essa crença leva as mulheres a inconscientemente se afastar desses campos do conhecimento. Pode também levar à discriminação em exames de seleção.
É bom lembrar que não há qualquer evidência científica de que os homens são mais brilhantes que as mulheres.
A maior pesquisa sobre esse assunto foi publicada recentemente no periódico Archives of Sexual Behavior e incluiu a opinião de 64000 americanos com a maior parte deles nos seus trinta e pouco anos.
65% das mulheres ficam mais abaladas com a traição emocional do parceiro do que com a traição sexual – 46% no caso dos homens. 54% dos homens ficam mais abalados com a infidelidade sexual do que com a emocional – 35% no caso das mulheres. Com os bissexuais e gays não existem diferenças entre traição emocional e sexual.
Sob a perspectiva da evolução da espécie os homens ficariam mais balançados com a traição sexual porque vivem a incerteza da paternidade. As mulheres não vivem nunca a incerteza da maternidade. Já as mulheres ficam mais vulneráveis com a traição emocional, pois o parceiro pode desviar recursos que iriam para os filhos.
Do ponto de vista cultural, o homem sente o desmoronamento de sua masculinidade quando a mulher o trai sexualmente. Já a mulher, considerada o elemento que pensa mais a relação, sente-se mais frustrada quando o homem se envolve emocionalmente com outra mulher.
A diferença entre os gêneros ocorreu independente da idade, nível sócio-econômico, antecedentes de traição e duração da relação. Entretanto, os jovens se mostraram mais chateados com uma possível traição sexual.
O fato é que os dois tipos de infidelidade fazem mal a todo mundo, independente da orientação sexual. A infidelidade é a causa comum de dissolução de relacionamentos estáveis em diversas culturas. Uma meta-analise de 50 estudos mostra que 34% dos homens e 24% das mulheres já tiveram em algum momento uma relação extraconjugal.
Os homens fazem mesmo mais coisas estúpidas que as mulheres. Esse é o resultado de uma pesquisa publicada na edição de natal do prestigiado Jornal Britânico de Medicina – BMJ. ´
É bem conhecido que os homens têm maior comportamento de risco, frequentam mais as emergências de hospitais por acidentes esportivos e de trânsito e morrem mais cedo. Pesquisadores da Universidade de Newcastle na Inglaterra foram além. Eles investigaram o quanto os homens fazem mais coisas idiotas que as mulheres. Para isso eles analisaram os ganhadores do prêmio Darwin em um período de 20 anos. O prêmio é concedido desde a década de 1990 a indivíduos que “melhoraram a raça humana” ao cometer uma idiotice. Melhoraram por sumir do planeta usando métodos estúpidos e de forma absolutamente voluntária.
Um exemplo é o de um homem que engatou um carrinho de supermercado a um trem e morreu após ser arrastado por mais de cinco quilômetros. Isso para não pagar a passagem. Outro exemplo é o de um terrorista que enviou uma carta bomba com uma quantidade insuficiente de selos. A carta voltou e ele abriu a própria carta. Bum. Não são meros acidentes.
De um total de 318 prêmios, 282 (87%) foram concedidos a homens. Os resultados corroboram a teoria de que os homens são mais idiotas, fazem mais coisas estúpidas, correm mais riscos sem necessidade. Para alimentar a auto-estima?
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A resposta do cérebro a situações ameaçadoras é menor quando ele tem contato com imagens de pessoas amadas. Essa é a conclusão de um estudo publicado esta semana no periódico Social Cognitive and Affective Neuroscience.
Pesquisadores da Universidade de Exeter na Inglaterra avaliaram a resposta da região do cérebro que monitora as ameaças que enfrentamos, melhor dizendo as amígdalas, através da ressonância magnética funcional. Quando os voluntários eram apresentados a palavras e expressões faciais com contexto ameaçador, a ativação das amígdalas era bem menor quando eles eram apreciavam previamente de forme rápida imagens de pessoas amadas. Isso aconteceu mesmo sem prestar atenção no contexto das imagens das pessoas queridas.
Estudos prévios já haviam mostrado que esse contato com imagens de pessoas amadas é capaz de reduzir a resposta cerebral à dor. É bem conhecido também que é mais fácil a recuperação de pessoas com trauma psicológico quando elas têm o suporte emocional de pessoas queridas.
Novos estudos serão realizados usando essa estratégia no tratamento de indivíduos com estresse pós-traumático e outros transtornos mentais que levam a uma hipervigilância a situações estressantes e que, por sua vez, provocam respostas emocionais negativas exageradas.
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As mães são mais altruístas que os pais. Do ponto de vista evolutivo, a explicação dessa diferença é a maior certeza que as mães têm de que os filhos são seus, certeza que é menor no caso dos pais.
Em situações de carestia, o conhecimento do perfil de altruísmo das pessoas pode ser relevante, como em programas de redistribuição de renda. Qual a melhor estratégia? Direcionar recursos para a família como um todo ou para um dos membros? No Brasil, mais de 90% dos depósitos do Bolsa Família são direcionados às mães. Realmente essa é uma decisão bem acertada.
Uma cooperação entre pesquisadores da Tanzânia e da Holanda testaram o quanto os gêneros são diferentes no quesito altruísmo com os filhos em uma situação de carestia na área rural da Tanzânia.
Grupos de pais tinham que escolher entre uma sandália para os filhos ou um “regalo” para si mesmos, como dinheiro ou meio quilo de açúcar. As sandálias tinham alto valor relativo, já que as crianças tinham o hábito de andar longas distancias descalças. As sandálias também valiam mais.
Quando a decisão era tomada de forma independente, as mães foram mais altruístas que os homens. Em outro experimento, em que ambos faziam as escolhas sabendo que outro também participaria com a sua decisão, o comportamento não foi diferente entre os gêneros.
Será que as mães passaram a contar que os pais teriam um comportamento altruísta? É o famoso deixa que eu deixo do futebol? Outra possível explicação para os resultados é que as mães não quisessem ficar em desvantagem imaginando que os pais tomariam uma decisão egoísta. As mães poderiam também imaginar que a obrigação dos pais era de garantir o beneficio ao filho.
Anyway, dinheiro nas mãos da mãe aparece mais para os filhos.
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Ameaça de estereótipo é um fenômeno em que uma pessoa experimenta insegurança e ansiedade pelo receio de terem um pior desempenho por fazerem parte de um grupo com estereótipo de inferioridade. Estamos falando da raça negra e gênero feminino, por exemplo.
As pessoas que fazem parte desses grupos têm pior desempenho quando “lembradas” desses estereótipos. Esse é o caso de meninas em testes de matemática quando lembradas que os meninos são melhores em matemática. O mesmo ocorre se as meninas recebem algum “toque” de que meninos são superiores no xadrez. O estereótipo de um campeão de xadrez é ode um homem bem esquisito e não o de uma mulher de salto alto.
Negros também têm pior desempenho em um teste cognitivo quando são avisados que a resolução do problema depende de habilidade intelectual. Negros carregam o estereotipo que são menos inteligentes que os brancos. Pobres também carregam um estigma gigante.
A ameaça de estereótipos pode fazer com que mulheres não sigam uma série de carreiras que os homens são supostamente superiores. Pode fazer com que negros não desenvolvam plenamente suas habilidades cognitivas. Meninos também carregam seus estereótipos. Sá que eles têm mesmo menores dons artísticos?
É fundamental a conscientização desse fenômeno por parte de pais e professores. Dar pistas para que se lembre da igualdade entre os gêneros e entre as raças pode fazer que não existam diferenças entre os grupos.
Em tempo. Esta semana o presidente do São Paulo deu a infeliz declaração: “Gostaria muito de ter o Kaká. É alfabetizado, tem todos os dentes na boca, bonito, fala bem…”. Pelo que eu saiba estereótipos de superioridade não ajudam a marcar gol.
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Esta última semana tivemos mais uma pista que ajuda a entender porque uma pessoa que sofre de enxaqueca com aura tem mais chance de sofrer um derrame cerebral.
Pesquisadores americanos demonstraram que essas pessoas têm a rede de vasos sanguíneos incompleta, especialmente nas regiões mais posteriores do cérebro. Foram estudados 170 voluntários com e sem enxaqueca através de angiografia e ressonância magnética. O estudo foi publicado no periódico PLoS ONE.
Cerca de 25% das pessoas que sofrem de enxaqueca apresentam também o fenômeno da aura, que é um aviso de que a dor está por começar, mas que também pode acontecer já na fase da dor de cabeça. O fenômeno comumente apresenta-se como sintomas visuais – visão de pontinhos luminosos, flashes em ziguezague, falha no campo visual. Menos comumente, a aura pode se apresentar como formigamento de um lado do corpo, dificuldade para falar e, mais raramente, como perda da força de um lado do corpo. Durante a aura, o cérebro é acometido por uma breve onda de excitação, seguida imediatamente de uma onda de depressão de sua atividade elétrica de forma mais sustentada. Esse componente elétrico é acompanhado de breve dilatação dos vasos, seguida por constrição e, consequente, redução do fluxo sanguíneo. Esse fenômeno também é demonstrado em pessoas com enxaqueca que não experimentam sintomas da aura.
Existem outras explicações para a relação entre enxaqueca com aura e derrame cerebral:
Aterosclerose e sangue com maior tendência à coagulação
Alterações cardíacas
Redução do calibre dos vasos durante a crise de enxaqueca
Não é só na capacidade de lembrar da data do aniversário de casamento que as mulheres deixam os homens para trás. Mulheres têm mais facilidade que os homens em reconhecer o rosto de uma pessoa e isso se dá porque elas analisam as características do rosto por mais tempo. Essa é a conclusão de uma pesquisa recém-publicada pelo periódico Psychological Science, jornal da Associação de Ciência Psicológica.
Pesquisadores da Universidade McMaster no Canadá utilizaram a tecnologia de rastreamento visual para identificar o comportamento do olhar frente a uma tela de computador com diversos rostos e seus respectivos nomes. De forma inconsciente, as mulheres fixavam por mais tempo o olhar nos olhos, nariz e boca e em um segundo momento conseguiam associar melhor a fisionomia com o nome de cada figura. Os achados ajudam a entender por que algumas pessoas lembram-se mais facilmente da fisionomia de uma pessoa, mesmo após um único encontro.
Essa mesma tecnologia é utilizada por publicitários e designers para entender qual parte de uma imagem ou objeto tridimensional as pessoas fixam mais o olhar. Além disso, muitas pesquisas estão em andamento para identificar padrões dos movimentos oculares característicos em algumas condições neuropsiquiátricas como o autismo, déficit de atenção e Doença de Parkinson.
Mulheres e homens também apresentam algumas diferenças quando a tarefa é orientação espacial. Temos dois sistemas neuronais que se complementam para esse fim. Um deles usa pistas visuais, como placas de trânsito, árvores, etc. O outro usa direção e distância. Os homens tendem a se guiar mais por direção e distância e as mulheres por pistas visuais. No mato, os homens têm menos chance de se perder, mas, em compensação, no shopping as mulheres são imbatíveis.
Pesquisadores da Universidade do Arizona, nos EUA, descobriram um grupo de células do hipotálamo, região do cérebro que faz a ponte com os sinais hormonais, que podem ser as responsáveis pelas desconfortáveis ondas de calor que grande parte das mulheres vivencia nos primeiros anos da menopausa.
Em um modelo de menopausa em camundongos, os pesquisadores mostraram que o efeito de dilatação dos vasos da pele era interrompido quando um grupo de células do hipotálamo, chamadas de KNDy, era inativado. Apesar de representarem uma pequena população de células do cérebro, elas têm grande importância no controle das fontes de energia do corpo, temperatura e reprodução. Com a baixa dos níveis do hormônio estradiol, essas células ficam hiperfuncionantes e disparam o comando de vasodilatação, com a intenção não muito apropriada de provocar a perda de calor do organismo.
A descoberta abre uma importante janela para o desenvolvimento de futuras terapias para o controle das ondas de calor da menopausa. O estudo foi publicado nesta última semana pelo prestigiado periódico da Academia Nacional de Ciências dos EUA – PNAS.
Já é consenso que a terapia de reposição hormonal (TRH), apesar de poder reduzir os sintomas da menopausa e o risco de osteoporose e fraturas, não traz outras vantagens à saúde da mulher e não deve ser utilizada como forma de prevenção de doenças. Já são muitas evidências de que o uso prolongado desse tipo de tratamento pode até aumentar o risco de uma série de doenças como trombose nas veias e câncer de mama. Com relação ao cérebro, a situação não é muito diferente.
Há poucos meses, o último relatório da divisão de saúde preventiva dos EUA sobre essa questão confirma essa posição concluindo que a TRH com a combinação dos hormônios estradiol e progesterona aumenta o risco de demência enquanto o uso do estradiol isoladamente aumenta o risco de derrame cerebral. As indicações da TRH estão cada vez mais restritas, e isso é um assunto cada vez MENOS polêmico.
RECOMENDAÇÕES PARA O USO DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL
1- A TRH só deve ser indicada se os sintomas de menopausa forem moderados a severos;
2- As mulheres devem avaliar cuidadosamente os potenciais riscos e benefícios da TRH;
3- Os hormônios devem ser usados na mínima dose e pelo menor tempo possível;
4- A TRH não deve ser utilizada para a prevenção de doenças cardiovasculares ou demência;
5- A mulher em uso de TRH deve ser clinicamente reavaliada a cada 3-6 meses ou pelo menos anualmente.
Antes da puberdade, os meninos até têm um pouco mais de enxaqueca que as meninas, mas aos 20 anos a freqüência já é duas vezes maior entre as mulheres e três vezes maior aos 40 anos.
O candidato mais forte para explicar essa diferença é o perfil hormonal das mulheres e temos várias pistas que apóiam essa idéia: 1) enxaqueca passa a ser mais frequente entre elas a partir da puberdade; 2) mais de 50% apresentam enxaqueca no período menstrual e cerca de 70% das enxaquecosas têm crises mais freqüentes e/ou mais fortes nessa fase do ciclo; 3) a maioria tem menos crises na menopausa e durante a gravidez.
Outra possível explicação é uma diferente resposta das mulheres à percepção do estresse e da dor. Essa é uma idéia que é apoiada por estudos de ressonância magnética que apontam que os circuitos neuronais que envolvem o processamento de emoções são mais robustos entre elas, tanto do ponto de vista estrutural como funcional. Nas mulheres, estímulos dolorosos estimulam esses circuitos de forma mais intensa. Essas peculiaridades são uma preciosa janela para a melhor compreensão das razões que fazem as mulheres terem distúrbios de dor de forma mais frequente, e isso não se limita à enxaqueca.
Problemas de saúde que são muito freqüentes e que têm base genética inequívoca, como é o caso da enxaqueca, fazem-nos sempre refletir se não poderia haver uma vantagem evolutiva para que tantos indivíduos apresentem essa condição. Ao pensarmos nos fatores que comumente desencadeiam crises de enxaqueca (ex: jejum prolongado, estresse, cheiros fortes), poderíamos até compará-los a situações predatórias. Essa é uma forma de encarar a enxaqueca como um aliado e não como um inimigo, um alarme cerebral que nos avisa quando estamos fora do nosso equilíbrio ideal. O cérebro das mulheres então teria evoluído mais do que o dos homens? As mulheres são mais expostas a “situações predatórias”?
Hipoteticamente, ao longo da evolução da espécie muitos se beneficiaram desse alarme e alguns poucos pagam o preço. Estes são os que têm crises de enxaqueca fortes e frequentes. Que bom que a medicina também evoluiu e hoje temos inúmeras opções de tratamento para essa condição neurológica.
Uma pesquisa recém-publicada no periódico Journal of Clinical and Experimental Neuropsychology confirma evidências anteriores de que as mulheres com o diagnóstico da Doença de Alzheimer apresentam declínio cognitivo mais acelerado que os homens.
Pesquisadores da Universidade de Hertfordshire nos EUA conduziram uma metanálise de quinze diferentes estudos que investigaram diferenças de gênero na evolução da doença envolvendo mais de dois mil voluntários. Os resultados apontaram que, após o diagnóstico de Alzheimer, os homens têm um melhor desempenho em diferentes domínios cognitivos como memória, habilidades visuo-espaciais e até mesmo linguagem, função esta que as mulheres levam vantagem sobre os homens quando se pensa em indivíduos saudáveis. No envelhecimento normal, as mulheres não ficam para trás.
A chance de apresentarmos um quadro de demência chega a 25% após os 80 anos, 50% após os 90, sendo que a causa mais comum é a Doença de Alzheimer. Ela é mais freqüente entre as mulheres e as evidências apontam que as lesões cerebrais associadas à doença têm maior repercussão clínica entre elas. A atual pesquisa solidifica o conceito de que a doença nas mulheres é mais agressiva e as explicações mais cogitadas para essas diferenças são a herança genética da doença que tem mais influência sobre as mulheres, o declínio dos níveis do hormônio estradiol após a menopausa e uma maior reserva cerebral nos homens.
Para a prevenção da Doença de Alzheimer, podemos começar ou manter algumas atitudes que já são consenso: atividade física regular, manter o cérebro ocupado e o peso em dia, comer peixe, se possível duas vezes por semana, e evitar substâncias tóxicas ao cérebro como o cigarro e o excesso de álcool.
Não é raro no consultório neurológico o medo e a apreensão de mulheres em tratamento para epilepsia que descobriram que estão grávidas. Exceto nos casos em que há um transtorno psiquiátrico grave associado, a grande maioria das mulheres que fazem tratamento para controle de crises epilépticas podem e devem ficar grávidas se este for o desejo.
Elenco a seguir algumas informações que devem ajudar a reduzir a ansiedade de pacientes e médicos quando frente à condição EPILEPSIA E GRAVIDEZ e podem também colaborar para a redução do ESTIGMA associado à doença.
NA COMBINAÇÃO EPILEPSIA E GRAVIDEZ:
Não há evidências de aumento de risco:
* Piora da frequência de crises epilépticas
* Estado de mal epiléptico
* Pre-eclampsia e eclampsia
* Aborto espontâneo
Não há evidências de aumento de risco substancial (> 2 vezes):
* Parto cesariana
* Sangramento no final da gravidez
Não há evidências de aumento de risco moderado (> 1.5 vezes):
* Contrações prematuras
* Parto prematuro
HÁ evidências de aumento de risco substancial (> 2 vezes)
quando a mulher fuma na gravidez:
* Contrações prematuras
* Parto prematuro
! Controle das crises por pelo menos 9 meses antes da gravidez signiifica uma chance de 84-92% da mulher NÂO ter crises durante a gravidez!
Toda mulher fértil deve usar ácido fólico em combinação com a medicação anti-epiléptica para reduzir o risco de malformações fetais, mesmo se não estiver planejando gravidez. Quando descobre que está grávida, a mulher não deve interromper seu tratamento. Se planeja ficar grávida, é bom discutir com o médico se há opções terapêuticas com menor risco. De todas as medicações, o valproato de sódio é o que está associado ao maior risco de malformações.
Referências:
Practice Parameter AAN, AES, Neurology 2009
North American AED Pregnancy Registry, Neurology 2012
Testes de inteligência têm mostrado que as pessoas têm apresentado melhor desempenho de geração em geração, fenômeno intrigante conhecido por efeito Flynn. Nosso QI tem mais chance de ser maior que dos nossos pais enquanto o dos nossos filhos será maior que os nossos. James Flynn, o pesquisador que inspirou o termo por ter sido o primeiro a demonstrá-lo na década de 1980, revelou recentemente que sua última pesquisa, ainda não publicada, apontou pela primeira vez que as mulheres não deixam nada a dever aos homens nos escores de QI. A amostragem da pesquisa envolveu voluntários da Austrália, Nova Zelândia, Estônia, África do Sul e Argentina.
De acordo com Flynn, o resultado pode ser explicado pelo maior acesso das mulheres a educação e trabalho, entre outras oportunidades de estímulo cognitivo do mundo moderno. Será que elas vão ultrapassar os homens nas próximas décadas? Se continuarem no ritmo que estão, acumulando cada vez mais funções, pode ser que elas alcancem alguns metros de vantagem nessa corrida.
Durante o período fértil, as mulheres, vestem-se de forma mais sedutora, têm a voz e expressão facial mais atraentes e, não raramente, ficam mesmo se achando. Além disso, costumam vigiar mais de perto o parceiro, e por que não a parceira?
É isso mesmo. As mulheres são mais ciumentas em seu período fértil e, junto à maior atratividade que elas exibem nessa fase do ciclo, reduzem o risco de perderem o parceiro para uma rival. Esse é um raciocínio aplicável apenas às mulheres das cavernas? Nem tanto. Nossos instintos arcaicos não são muito diferentes daqueles dos nossos ancestrais.
Durante o período fértil, há evidências de que o ciúme é proporcional à concentração do hormônio estrogênio e que as mulheres que usam pílula anticoncepcional ficam ainda mais ciumentas. Uma pesquisa recém-publicada pelo periódico Evolution and Human Behavior confirma esses achados e dá um passo a mais. Os pesquisadores estudaram diferenças entre as mulheres solteiras e as comprometidas.
Vinte e nove mulheres, 16 descomprometidas e 13 em uma relação estável, foram submetidas a um questionário que avalia o grau de ciúme em dois diferentes períodos: com e sem uso de pílula anticoncepcional. Os resultados mostraram que as mulheres, comprometidas ou não, realmente eram mais ciumentas em seus períodos férteis. Já na fase em que estavam usando pílula anticoncepcional, o grau de ciúme das mulheres comprometidas era o mesmo que tinham na fase fértil quando não usavam pílula. No caso das solteiras, o uso da pílula estava associado a ciúmes em níveis mais modestos.
Mas por que a pílula amplificava mais o ciúme das mulheres comprometidas do que das solteiras? Será que o uso da pílula pode ter influenciado a dinâmica da relação do casal dando mais chances ao ciúme? Perguntas a serem respondidas em futuros estudos, mas resumindo, o período fértil da mulher pode ser uma época de maior conflito no relacionamento e isso pode ser ainda mais relevante quando a mulher faz uso de pílula anticoncepcional. O outro lado da moeda é que algumas mulheres usam o próprio ciúme de forma inteligente, seduzindo o parceiro e fortalecendo a relação. No caso de ciúmes desafinados, certamente não será a interrupção do uso da pílula que resolverá o problema.
Quando se fala em comportamento e talentos femininos, a maior parte de suas peculiaridades guarda forte relação com fatores culturais, mas uma pequena parcela tem a ver com fatores biológicos mesmo. De fato, existem diferenças de gênero na anatomia, função e química cerebrais que podem fazer diferença no entendimento da maior ou menor prevalência de alguns transtornos neuropsiquiátricos entre as mulheres. Vale lembrar que no cérebro as coisas funcionam em via dupla, já que o comportamento também tem o poder de influenciar essa herança biológica.
O cérebro das mulheres é menor do que o dos homens, mas e daí? Isso não reflete a princípio nenhum tipo de vantagem ou desvantagem. Se quiserem provocar os homens, elas podem dizer de boca cheia que o cérebro feminino tem fluxo sanguíneo e proporção de substância cinzenta mais avantajados.
Meninas têm o hipocampo maior e a amígdala menor que os meninos. As duas são estruturas vizinhas, sendo o hipocampo uma das principais regiões do cérebro responsáveis pela memória e a amígdala pode ser comparada a uma válvula de regulação das emoções. Essas diferenças podem ser atribuídas às diferentes concentrações de receptores de hormônios masculinos e femininos nessas estruturas. Nosso cérebro alcança seu maior volume por volta dos 15 anos e depois disso ele vai ficando aos poucos mais murchinho. Nos homens, a redução de volume é relativamente maior nas regiões frontais e temporais, enquanto, nas mulheres, isso é mais expressivo no hipocampo e nas regiões parietais.
Os sistemas dos neurotransmissores serotonina, dopamina e GABA têm uma tendência a ser mais robustos entre as mulheres. No caso da serotonina, as mulheres têm maiores concentrações no sangue, mais receptores em algumas regiões do cérebro e, no caso de mulheres deprimidas, menor concentração de proteínas transportadoras do neurotransmissor. Essas diferenças podem contribuir para a maior prevalência de depressão e transtornos alimentares nas mulheres. Já um sistema de dopamina mais potente pode responder por uma maior vulnerabilidade ao abuso de drogas entre elas.
Muitos desses detalhes ainda não têm qualquer aplicação prática, mas deverão nortear a construção de novas estratégias terapêuticas que possivelmente serão diferentes entre os gêneros. O tratamento de uma mulher com uma determinada condição neuropsiquiátrica pode vir ser a ser diferente daquele indicado para os homens.