Algumas pessoas vivem cercadas de amigos enquanto outras vivem mais isoladas. Algumas pessoas vivem em círculos sociais bem fechados onde todo mundo conhece todo mundo, enquanto outras transitam em diversos círculos sociais onde um grupo não tem o mínimo conhecimento do outro. Há algum tempo pesquisadores têm buscado explicar essas diferenças e um novo estudo publicado recentemente pela respeitada revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences confirma o que para muitos não tem nada de surpresa: o perfil genético de um indivíduo influencia a formação de sua rede social.
Pesquisadores americanos compararam as redes sociais de mais de mil adolescentes gêmeos, idênticos e não idênticos, e demonstraram que a semelhança de popularidade entre os gêmeos idênticos foi bem maior que no caso dos gêmeos não idênticos. O termo popularidade nesse caso refletiu o número de vezes que um indivíduo foi reconhecido como amigo pelos outros, a chance desses amigos conhecerem uns aos outros, e a chance de estar no centro de uma rede social.
O sucesso da espécie humana depende de sua capacidade em fazer relações sociais e por isso a popularidade é vista como uma vantagem evolutiva. Indivíduos no centro da rede têm mais acesso à informação, e no caso dos nossos ancestrais, essa informação poderia ser, por exemplo, o local de uma nova fonte de alimento. Entender melhor como funciona as redes sociais permite-nos entender também como elas podem influenciar importantes problemas de saúde pública, área recente do conhecimento chamada de epidemiologia social. Os mesmos pesquisadores desse estudo deram importantes passos nesses últimos dois anos demonstrando que a rede social de um indivíduo tem impacto na sua oportunidade de parar de fumar, de manter-se com o peso ideal e ainda é capaz de influenciar a sua chance de se perceber feliz.
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2 comentários
23 fevereiro, 2009 às 2:14 pm
Ricardo Teixeira
Caro Luiz,
Agradeço o comentário.
Esse é um fator não muito explorado no paper original mas bem discutido no comentário escrito por Matthew Jackson na mesma edição do PNAS de 10 fev 2009 em que o estudo original foi publicado.
Os gêmeos monozigóticos realmente podem ser mais parecidos em suas atividades sociais, podem ter comportamento mais semelhante aos olhos das pessoas que os cercam e isso explicaria a maior concordância de popularidade. Entretanto, o fato de eles se mostrarem mais iguais para os outros não deixa de ter uma influência genética.
Vale a pena ler o comentário:
http://www.pnas.org/content/106/6/1687.full.pdf+html
23 fevereiro, 2009 às 6:51 am
Luiz Z.
Caro, primeiramente gostaria de lhe parabenizar pelo Blog, há coisas muito interessantes aqui.
Segundo, acho que nessa pesquisa que você citou há algumas variáveis não controladas. Como por exemplo, o fato de que gêmeos idênticos podem ter níveis de popularidade mais semelhantes do que os não idênticos, simplesmente devido ao fato de que as outras pessoas têm mais dificuldade em pensá-los separadamente.
Abs, Luiz.