Uma alta concentração da proteína beta-amilóide no cérebro influencia o desempenho cognitivo até mesmo de adultos de meia-idade saudáveis. Esse é o principal resultado de uma pesquisa que acaba de ser publicada pela revista Neurology, periódico oficial da Academia Americana de Neurologia. Já é bem reconhecido que a Doença de Alzheimer é caracterizada por um depósito expressivo dessas proteínas no cérebro.
A pesquisa avaliou 137 adultos com idades entre 30 e 89 anos, com alto nível educacional e sem problemas cognitivos. Todos os voluntários foram submetidos a exame de imagem PET scan do cérebro que permite estimar o contingente de depósitos da proteína beta-amilóide. Além disso, teste genético para o gene da apolipoproteína E também foi realizado. A presença do alelo 4 neste exame está associado a uma maior concentração cerebral da proteína beta-amilóide e maior risco da Doença de Alzheimer.
Os resultados mostraram que os indivíduos mais velhos apresentaram uma concentração maior de beta-amilóide e que 20% daqueles com mais de 60 anos apresentavam alta concentração da proteína no cérebro. Essas altas concentrações estavam associadas a um menor desempenho nos testes de memória de trabalho, raciocínio lógico e velocidade de processamento de informação. Esse grupo com alto grau de beta-amilóide apresentava mais freqüentemente o alelo de risco para doença de Alzheimer do que aqueles com pouco depósito de beta-amilóide (38% x 15%).
Novos estudos poderão concluir se esses depósitos de proteínas em cérebros na meia-idade representam um maior risco de desenvolver a Doença de Alzheimer. Por enquanto, podemos começar ou continuar a fazer aquilo que já sabemos que ajuda a prevenir a doença: atividade física regular, manter o cérebro ocupado e o peso em dia, comer peixe, se possível duas vezes por semana, e evitar substâncias tóxicas ao cérebro como o cigarro e o excesso de álcool.
3 comentários
2 fevereiro, 2012 às 8:20 pm
jorge henrique coimbra
gostaria de ver mais matérias sobre drogas. Estamos vivenciando uma pandemia de crack cocaina e a mídia se cala quanto a isso.
2 fevereiro, 2012 às 9:03 am
robertoandersen
Dr Ricardo Teixeira,
Há algum estudo sobre as razões do depósito da proteína beta-amilóide no cérebro? Ou seja, há algo que possa ser feito para evitar isso?
Sabemos que já foi descoberto, para os autistas, que deficiências enzimáticas reduzem a hidrolização (quebra) de algumas proteínas, fazendo com que elas ultrapassem a barreira intestinal e alcancem a corrente sanguínea. A partir daí elas atravessam a barreira homoencefálica e agem como opiáceos aumentando alguns sintomas nos autistas.
Para eles a forma de reduzir o problema é a eliminação, na dieta, de glúten e caseína.
Há algo que possa ser feito para evitar essa proteína beta-amilóide no alzheimer?
2 fevereiro, 2012 às 11:10 pm
Ricardo Teixeira
A simples redução do depósito de beta amilóide parecenão não ser suficiente para interromper a progressão da doença. Até mesmo vacinas estão sendo testadas com esse objetivo. Teoricamente, fattores associados a um menor risco da doença como atividade física regular, atividades cognitivas e consumo de peixes ricos em ômega 3 podem reduzir os depósitos. Veja este post e os artigos abaixo
https://consciencianodiaadia.com/2008/07/27/vacina-para-doenca-de-alzheimer-nao-e-ficcao-cientifica/
Clique para acessar o nihms212515.pdf
Clique para acessar o nut1400869.pdf
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22271235