Quem pega no volante até três horas após o consumo de maconha tem duas vezes mais chance de se envolver num acidente. Essa é a conclusão de um estudo publicado hoje pelo prestigiado periódico British Medical Journal.

 

Pesquisadores canadenses avaliaram nove diferentes estudos que envolveram quase 50 mil pessoas. Essa foi a primeira meta-análise sobre o tema e que conseguiu separar os efeitos da maconha e do álcool de forma independente. Os resultados são consistentes com estudos experimentais que demonstram que o consumo da maconha provoca alterações das capacidades psicomotoras e redução do desempenho em simulações de direção em laboratório.

 

Apenas conscientizar a população sobre os riscos de acidentes associados ao uso da maconha pode ser insuficiente. Alguns países europeus, Austrália e mais de dez estados americanos implantaram testes de maconha nas estradas que são feitos através de análise da saliva dos condutores. A maioria dessas experiências tem sido de tolerância zero, ou seja, qualquer traço de maconha na saliva já implica em penalização. Até existem propostas para definir níveis considerados toleráveis para a condução de veículos, mas elas ainda não emplacaram.      

 

Testes para maconha podem até ser eficazes, mas ao contrário da experiência com os bafômetros, ainda não há evidências de que esse tipo de ação reduza os índices de acidentes de trânsito. Análises criteriosas de resultados dos governos que já implantaram os testes de saliva devem guiar as decisões de outros países que consideram esse tipo de ação.