Temos acompanhado nos últimos anos uma série de estudos que demonstra que o consumo moderado de álcool reduz o risco de doenças cardiovasculares, incluindo o infarto do coração e o derrame cerebral. Devemos entender consumo moderado como até duas doses de bebida por dia para homens e uma dose para mulheres. Além disso, é bem reconhecido que a relação entre álcool e doenças cardiovasculares tem um comportamento estatístico conhecido como curva J. Quanto mais alta a posição na curva J, maior o risco. Isso significa que a ausência de consumo de álcool, que está na ponta inferior do J, está associada a um risco maior de doenças cardiovasculares do que o consumo moderado que se encontra na “barriga” do J. Quem bebe pouco tem menos eventos cardiovasculares do que quem não bebe. Por outro lado, o consumo exagerado de álcool, que se encontra na ponta superior do J, reflete um maior risco de doenças cardiovasculares.
Alguns estudos epidemiológicos têm demonstrado que o álcool também tem um comportamento semelhante à curva J quando o assunto é declínio das capacidades cognitivas com o envelhecimento, sendo que o consumo moderado está associado a um menor risco de demência, e o consumo excessivo a um maior risco (ponta superior do J). Temos ainda resultados de pesquisas nos mostrando que o excesso de álcool está associado à redução do volume do cérebro. Na verdade, já a partir dos 15 anos de idade nosso cérebro já tem seu peso reduzido em 1.5-1.19% por década, e essa redução não significa que há perdas funcionais. E será que o consumo moderado de álcool reduz esse ritmo de perda de volume cerebral? Na tentativa de responder a essa pergunta, uma população significativa de americanos sem história de derrame cerebral ou demência (grupo Frahmingham Offspring) foi avaliada quanto ao histórico de consumo de álcool e submetida à ressonância magnética do crânio. Os resultados foram publicados na última edição da revista Archives of Neurology. Confirmaram-se resultados anteriores de que o consumo excessivo de álcool está associado a um maior risco de redução do volume cerebral, e esse efeito foi mais forte nas mulheres do que nos homens. Além disso, não foi possível demonstrar que o uso moderado de álcool tenha efeito protetor sobre a redução do volume cerebral.
Já existe realmente um bom corpo de pesquisas mostrando o efeito protetor do álcool em doses moderadas. Além disso, o efeito protetor do vinho tinto parece ser superior ao de outras bebidas, pois além do álcool, ele possui outras substâncias nobres antioxidantes (ex: polifenóis). Do ponto de vista de saúde pública, não se deve fazer campanhas convidando a população a começar a beber. A recomendação é de que quem já bebe não precisa parar, desde que consiga beber dentro dos limites considerados seguros (duas doses diárias para homens e uma dose para mulheres). Quem não bebe não deveria começar a beber, já que hábitos como uma dieta inteligente e atividade física regular podem ser mais interessantes à saúde que os potenciais efeitos positivos do álcool.
CLIQUE AQUI e confira matéria do jornal Correio Braziliense sobre o tema com o Dr. Ricardo Teixeira
4 comentários
7 fevereiro, 2009 às 9:53 pm
Álcool com moderação ajuda a envelhecer com menos incapacidade física «
[…] O cérebro parece se dar bem com baixas doses de álcool. Em altas doses ele pode se atrofiar. […]
26 novembro, 2008 às 10:59 am
É melhor beber um pouquinho por dia do que um monte no fim de semana «
[…] Leia também: O cérebro parece se dar bem com baixas doses de álcool […]
22 outubro, 2008 às 6:40 pm
JR
Ótimo Teixeira, vamos beber!!!!!
Abraço,
JR
20 outubro, 2008 às 4:08 pm
RBarros
Dr.Ricardo Teixeira,
que interessante este artigo sobre o álcool.
Inclusive vou mostrar para algumas pessoas ao meu redor, que são
consumidores de álcool.
É muito útil e importante esta informação.
Muito obrigada!!!!!