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Por volta dos 15 anos de idade nosso encéfalo alcança seu maior peso (~ 1350g), com uma perda de cerca de 1,5% desse peso a cada década. Essa redução se dá muito mais por redução do tamanho dos neurônios do que por destruição dos mesmos. Paralelamente, há uma redução no número de conexões entre os neurônios e significativo acúmulo de substâncias associadas ao envelhecimento que dificultam o pleno funcionamento cerebral. Do ponto de vista funcional, essas alterações estruturais só começam a ter impacto após a sexta década de vida. Em média, só a partir dos 60 anos é possível confirmar declínio de capacidades psicométricas, com exceção da fluência verbal que declina levemente já na quinta década de vida. O declínio dessas capacidades é muito modesto até os 80 anos, quando se torna mais acentuado em pelo menos 50% dos indivíduos.
Mas será que esse declínio cognitivo é inevitável? O fato é que alguns chegam a idades muito avançadas com memória comparável a de pessoas com seus 50-60 anos. O que será que esses supercérebros têm de diferentes?
Quando se compara esses supercérebros com outros da mesma idade, mas com o discreto declínio cognitivo esperado para a idade, observa-se que eles têm a substância cinzenta mais avantajada e comparável à de “jovens” de 50-65 anos. E não é só isso. Os superoctagenários apresentam uma região do cérebro até mais desenvolvida que aqueles 20 anos mais novos. Essa região é conhecida como cíngulo anterior, região fortemente associada à nossa capacidade de prestar atenção nas coisas e também faz parte do sistema de recompensa cerebral. Isso pode ser a chave do sucesso para a boa memória dos superoctagenários.
Entender melhor o que esses supercérebros têm de diferente pode ser tão promissor para a criação de terapias para a prevenção da doença de Alzheimer como conhecer os cérebros doentes.
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