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Além de terem uma maior sobrevida, as pessoas que se dedicam a trabalhos voluntários têm a percepção de terem um melhor estado físico e psicológico e apresentam menor risco de depressão. Essa é a conclusão de uma metanálise de quarenta estudos sobre o assunto recém-publicada no jornal BMC Public Health.

Mas quais seriam os mecanismos que explicariam a promoção de todos esses efeitos benéficos do voluntariado?  Incremento das iterações sociais é uma possibilidade. Além disso, o voluntariado é capaz de aumentar a motivação e promover uma sensação mais profunda de sentido na vida. Quando a motivação é para ajudar o outro, essa sensação pode ser ainda mais forte, pelo sentimento de dedicação a algo maior do que a si próprio. Quando o voluntário é orientado pelo altruísmo, este te maior chance de apresentar um melhor equilíbrio psicossocial.

Toda forma de voluntariado é legítima, mas quando a razão é focada em interesses próprios, a chance de estresse é maior, especialmente quando a expectativa de retorno não é alcançada.

No Brasil, estima-se que 25% da população já exerceram algum trabalho voluntário e 11% continuam exercendo. A razão mais comumente relatada pelos voluntários para exercer essa atividade é o altruísmo, devolver algo à comunidade.

Precisa ter alguém olhando?

O altruísmo é uma especial característica da espécie humana já que estende os benefícios de nossas boas ações a indivíduos que não fazem parte do núcleo familiar. Atualmente há uma forte linha de pesquisas que busca explicar as raízes de nossas ações altruísticas através da ideia de que elas podem gerar ganhos do ponto de vista de reputação, colocando o altruísmo como uma possível vantagem evolutiva, ou seja, indivíduos com comportamento altruísta teriam maior chance de sucesso em gerar descendentes.

Esse efeito reputação é ainda mais reforçado por resultados de pesquisas que evidenciam que ações altruísticas são maiores quando há plateia. Além dos potencias ganhos sociais, há outro nível de recompensa, já que nosso sistema cerebral de recompensa e prazer é ativado quando nos doamos para outras pessoas. Tudo isso não é simples ceticismo. O corpo atual de evidências nos faz pensar que nosso cérebro evoluiu para se sentir bem fazendo bem aos outros e que isso permitiu que aumentássemos nosso potencial de relações e procriação.

O comportamento humano frente a situações injustas reforça ainda mais o papel da reputação como base do altruísmo. Experimentos nos mostram que indivíduos que assistem a uma situação de injustiça, que não os afeta pessoalmente, ganham em reputação quando assumem um comportamento de punição à injustiça. Esse comportamento também ativa os centros cerebrais de recompensa.

CBN-RICARDO[1]

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