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A personalidade de fulano é típica de que quem tem o hemisfério cerebral esquerdo mais ativo já que ele é bastante lógico, detalhista e analítico. Já beltrano que é criativo, subjetivo e reflexivo, este deve ter o hemisfério direito mandando mais que o esquerdo. Faz algum sentido esse tipo de comentário? Parece que não e essa é conclusão de uma pesquisa recém-publicada por neurocientistas da Universidade de Utah – EUA na prestigiada revista PLoS ONE.
Sabemos há muito tempo que algumas funções cerebrais são lateralizadas. Isso significa que um hemisfério é mais especializado que o outro para o desempenho da função. Esse é o caso da linguagem e da orientação espacial. Isso é diferente de dizer que um hemisfério é mais ativo que outro.
No caso da linguagem, a quase totalidade dos destros tem essa função desempenhada pelo hemisfério esquerdo, enquanto nos canhotos, cerca de 70% também tem essa função controlada por esse hemisfério. O hemisfério direito, por sua vez, é melhor na percepção da linguagem musical e também é ele que dá à fala as características afetivas, também conhecidas como prosódia.
No presente estudo os pesquisadores analisaram as imagens cerebrais de mais de mil voluntários através de uma técnica especial de ressonância magnética que permite avaliar o grau de conexões entre diferentes áreas do cérebro. Eles não encontraram nenhuma evidência de que as pessoas têm mais conexões em um hemisfério do que em outro. Se tivesse maior atividade em um hemisfério, era de se esperar que as conexões entre as diversas regiões desse lado do cérebro fossem mais robustas.
O fato é que não há um hemisfério dominante outro “dominado”. O cérebro funciona como uma grande orquestra. Também é um pensamento ultrapassado que só usamos 10% dele. Os músicos todos tocam. Todos têm sua partitura.
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