Pesquisa inédita publicada nesta última semana na prestigiada revista PLoS ONE aponta que pais que dormem junto aos filhos passam a ter menores concentrações do hormônio testosterona.
Foram avaliados 362 pais nas Filipinas com idades entre 21 e 22 anos em dois momentos distintos separados por cerca de quatro anos. Os voluntários foram divididos em três grupos: 1) os que dormiam em quarto diferente do filho; 2) os que dormiam no mesmo quarto do filho e em camas separadas; 3) os que dormiam na mesma cama do filho. Aqueles que dormiam na mesma cama das crianças, hábito da grande maioria dos pais nas Filipinas, tinham menores concentrações de testosterona ao fim do dia, maior queda dos níveis do hormônio ao logo do dia e também ao longo dos quatro anos entre uma e outra medida. Não houve diferenças na qualidade do sono e no estado de estresse psíquico entre os diferentes grupos.
Os resultados reforçam pesquisas anteriores que sugerem que essa queda de testosterona é um mecanismo de adaptação para que o pai fique mais disponível para as demandas da paternidade. Os mesmos autores já haviam demonstrado que a paternidade por si só já traz consigo uma queda do hormônio testosterona e a queda é ainda maior entre os pais que passam mais tempo com os filhos, brincando, dando comida ou lendo para eles.
A testosterona é reconhecida em outras espécies como um hormônio que influencia a capacidade do macho em atrair a fêmea, e altos níveis do hormônio estão associados a comportamentos que não combinam muito com uma paternidade eficiente. Além de fazer com que o macho fique mais “disponível” a uma nova fêmea, o hormônio também está associado a uma maior tendência em tomar condutas de risco. Há ainda evidências de que o homem com menores taxas do hormônio tem uma resposta mais afetuosa quando ouve o choro do filho.
Essa pesquisa dá mais um passo para entendermos que a fisiologia do homem é influenciada pela paternidade, algo que por muito tempo era pensado apenas no caso das mães. O cuidado com os filhos também faz parte da masculinidade, e esse é um componente pra lá de antigo na história de nossa espécie.
!! Dormir na mesma cama dos bebês pode aumentar o risco de asfixia e morte súbita infantil e essa é uma prática contra-indicada por boa parte das sociedades de medicina pediátrica. Vale lembrar que o hábito pode também atrapalhar a saúde do casamento.