Os potenciais efeitos terapêuticos que a maconha pode oferecer a pacientes com o diagnóstico de esclerose múltipla deixam de fazer sentido quando se avalia a deterioração cognitiva observada com o uso da droga. Essa é conclusão de um estudo publicado hoje pela revista Neurology, periódico oficial da Academia Americana de Neurologia.
A esclerose múltipla é uma doença auto-imune que afeta o sistema nervoso central e algumas pesquisas até que têm demonstrado, sem conclusões definitivas, que os pacientes podem se beneficiar do uso da maconha, especialmente no combate à dor, espasticidade dos membros e disfunção da bexiga.
A atual pesquisa avaliou dois grupos de 25 canadenses com diagnóstico de esclerose múltipla com idades entre 18 e 65 anos. Um dos grupos fazia uso regular de maconha enquanto o outro referia já não ter contato com a droga por vários anos, informações que foram checadas através de testes de urina. Todos foram submetidos a testes neuropsicológicos que avaliaram diferentes funções do pensamento.
A média do tempo de duração da doença era de 12 anos enquanto o tempo de uso da droga era de 26 anos, com início aos 17. O consumo era diário em 72% deles e duas vezes por semana em 24%. Oito usuários (32%) referiram usar a droga por razões médicas, três (12%) com fins recreativos e 14 (56%) por uma combinação desses motivos.
Aqueles que usavam maconha tinham um pior desempenho nos testes de atenção, velocidade de pensamento, funções executivas e percepção visuo-espacial. Aqueles que usavam a droga tinham duas vezes mais chance de serem considerados como tendo um déficit cognitivo global, condição que é definida por déficit significativo em duas ou mais dimensões do funcionamento intelectual. Tinham também duas mais chances de estarem desempregados.
Os resultados chamam a atenção para os efeitos negativos da droga sobre o cérebro de pacientes que mesmo sem o seu uso já apresentam problemas cognitivos em cerca de 50% dos casos. Esses efeitos da maconha devem ser colocados na balança quando se pensa no uso da droga com fins medicinais, não só em quem tem problemas no cérebro, já que a deterioração cognitiva também é bem demonstrada entre usuários saudáveis.
Por que a maconha provoca isso tudo? É claro que os efeitos são dependentes da quantidade e tempo de uso, mas sabe-se que, entre os usuários mais “pesados”, seu consumo está associado a um menor fluxo sanguíneo e tamanho de algumas regiões do cérebro. Além disso, já foi demonstrado que ela danifica a capa que envolve as ramificações dos neurônios e que potencializa a velocidade dos impulsos nervosos. Por acaso, essa é a estrutura cerebral mais agredida pela esclerose múltipla.
1 comentário
4 abril, 2011 às 2:23 am
Tem tratamento SIM «
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