O risco de doenças do coração é duas vezes maior em quem trabalha em um ambiente com alto nível de ruído. Essa é a conclusão de um estudo publicado esta semana pelo periódico Occupational and Environmental Medicine.
Mais de 6000 trabalhadores americanos com mais de 20 anos de idade foram estudados através de uma entrevista que abordava hábitos de vida e saúde ocupacional, exame clínico e testes laboratoriais. Os participantes da pesquisa foram classificados como expostos a alto nível de ruído quando tinham histórico de trabalho por pelo menos três meses em ambiente em que não era possível conversar com o volume normal da voz.
Os resultados mostraram que cerca de 20% dos participantes estavam sendo expostos a altos níveis de ruído por uma média de nove meses. A maioria desses trabalhadores eram homens com uma media de idade de 40 anos, e apresentavam mais excesso de peso e hábito de fumar do que os que trabalhavam em ambientes mais silenciosos. A exposição persistente ao ruído estava associada a um risco duas a três vezes maior de doença isquêmica do coração. Naqueles com idade inferior a 50 anos, o risco chegava a ser até quatro vezes maior.
Os testes laboratoriais desse grupo exposto ao excesso de ruído não se mostraram mais alterados, como é o caso dos testes de colesterol e de inflamação no sangue. Entretanto, a pressão diastólica, também conhecida por mínima, era mais frequentemente elevada nesse grupo, caracterizando uma condição clínica conhecida por Hipertensão Diastólica Isolada, que por sua vez é reconhecida como um fator de risco independente para eventos cardiovasculares.
A exposição a um exagero de barulho pode ser um fator estressante comparável ao estresse psicológico, podendo levar a alterações no sistema nervoso autônomo e endócrino que promovem a redução de calibre de pequenas artérias, aumentando a pressão arterial e o risco de angina e infarto do coração.
O presente estudo confirma os resultados de pesquisas anteriores realizadas em diferentes países e indicam que o nível de ruído no trabalho é um ponto da saúde do trabalho que merece toda a atenção.
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2 comentários
9 outubro, 2010 às 6:45 pm
Leonardo Fontenelle
Levando em consideração que várias pesquisas mostram que os adolescentes estão ficando literalmente surdos de tanto ouvir música em volume excessivo com fones de ouvido, pode ser que essa faixa etária também esteja exposta a um risco cardiovascular desnecessariamente elevado.
10 outubro, 2010 às 1:33 am
Ricardo Teixeira
Pois é Leonardo. Um MP3 novolume 5 de a 1 a 10 ´tem uma intensidade de som de 95 decibeis, maior que o pátio do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro que é de 80-85 decibéis. A Sociedade Brasileira de Otologia recomenda uma exposição máxima de 6 horas diárias nesse nível de ruído.