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Pobreza e estresse na infância podem levar a dificuldades no controle das emoções na idade adulta. Essa é a conclusão de um estudo publicado esta última semana pelo prestigiado Proceedings of the National Academy of Sciences.
Os pesquisadores demonstraram que crianças de nove anos e de famílias de baixa renda familiar chegam à idade adulta com maior ativação da amígdala, área do cérebro ligada ao processamento do medo e outras emoções negativas. Apresentam também uma menor ativação do córtex prefrontal, área do cérebro que regula emoções negativas. A habilidade de regular emoções negativas pode fazer toda a diferença para equilibrar os efeitos do estresse.
Foi pesquisada também a exposição ao estresse psicossocial que essas crianças tinham aos nove anos de idade, como separação da família e violência familiar. Quanto maiores os fatores de estresse, maior a influência do fator pobreza sobre os achados da ressonância magnética funcional.
E a estrutura do cérebro também fica diferente. Esta semana outra pesquisa foi publicada pelo Pediatrics, periódico oficial da Academia Americana de Pediatria, revelando que pobreza na infância está associada a uma redução do volume da substancia branca e cinzenta, assim como da amígdala e hipocampo. Mais uma vez a influência da pobreza foi maior em ambientes estressantes ou com provação de estímulos.
A pobreza é reconhecida como um dos principais fatores que contribuem para o número de pessoas com retardo mental ao redor o mundo. Em países desenvolvidos, a prevalência de retardo mental situa-se em torno de 3-5 / 1000 indivíduos, enquanto em países pobres encontramos uma prevalência que chega a ser cinco vezes maior. A pobreza está por trás de dois dos principais fatores de risco para o retardo mental: deficiência nutricional e de estímulo cerebral. O problema deve ser visto como uma EPIDEMIA NEUROLÓGICA ESCONDIDA.
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