Flavonóides, substâncias abundantes em alguns tipos de vegetais, têm sido apontados como bons combustíveis para o funcionamento cerebral, promovendo a melhora de funções cognitivas e até a redução do risco de demência entre os idosos. Esses efeitos parecem ser ainda mais pronunciados no caso de um subtipo de flavonóides chamado flavanol, muito presente no cacau, vinho tinto, chá verde e algumas frutas. É bem reconhecido que os flavanols têm o poder de melhorar a função dos vasos sanguíneos, e pode ser que essa seja apenas uma das formas de como essas substâncias ajudam o cérebro.
O prestigiado periódico New England Journal of Medicine publicou esta semana uma pesquisa bem provocativa que procurou demonstrar se o consumo de chocolate, um dos principais alimentos ricos em flavanol, pode trazer vantagens cognitivas quando se pensa em nível populacional. Para isso, foi analisada a possível associação entre o número de Prêmios Nobel per capita de um determinado país e o nível de consumo de chocolate. Os resultados mostraram uma forte associação entre esses dois indicadores em diversos países – quanto maior o consumo de chocolate de um país, maior o número de ganhadores do Prêmios Nobel.
E então? É fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é fresquinho? Um maior consumo de chocolate faz com que um determinado país tenha mais estrelas intelectuais? Ou será que um país com maior nível educacional e econômico consome mais chocolate por ter mais dinheiro para gastar ou até mesmo mais consciência dos seus benefícios à saúde? Os resultados da pesquisa são legítimos, mas provavelmente só refletem uma associação entre uma cultura de se comer mais chocolate onde também existe uma forte cultura científica, sem qualquer relação causa e efeito.