Pesquisadores ingleses da Universidade de Oxford avaliaram 431 peças publicitárias de 104 diferentes produtos voltados ao esporte nos melhores magazines de esporte da Inglaterra e dos EUA. Os resultados apontaram que menos de 3% delas tinham respaldo científico. Além de uma constatação de informações duvidosas, o estudo dá uma espetada na autoridade de segurança alimentar européia, correspondente à ANVISA aqui no Brasil, órgão que regula esse tipo de publicidade. Os resultados da pesquisa foram publicados no British Medical Journal esta semana e esse também foi o conteúdo de um programa veiculado ontem pela BBC com o título “A Verdade dos Produtos Esportivos”. 

 

Anúncios de distribuidores não foram incluídos, mas apenas os de fabricantes de produtos, como isotônicos, suplementos alimentares e acessórios esportivos. As empresas foram questionadas por email quanto às referências científicas que justificavam os anúncios de melhora de desempenho ou prevenção de condições clínicas com o produto.

 

Muitas empresas não tinham mesmo qualquer tipo de referência para apresentar, outras apresentavam, mas com evidências que não justificavam os anúncios, e apenas uma minoria de 2.7% tinha embasamento científico satisfatório de acordo com critérios objetivos baseados no Centro de Medicina Baseada em Evidências. Os resultados ainda mostraram que a maior parte das pesquisas que investigavam a eficácia desses produtos era patrocinada pelas próprias empresas interessadas.

 

Elenco abaixo alguns pontos que foram alvo de críticas por uma série de experts em medicina do esporte e publicados em outros sete artigos na última edição do British Medical Journal :

 

* promessas dos isotônicos – para o atleta de elite, esses produtos podem fazer a diferença, especialmente em provas de longa duração. Entretanto, para maioria dos que praticam atividade física de forma amadora, água é o suficiente e é bom lembrar que muitos dos isotônicos estão cheios de calorias. Existe um apelo de que os isotônicos têm menor risco de queda dos níveis de sódio, mas o que temos de evidências é de que qualquer líquido em excesso pode provocar essa condição clínica chamada de hiponatremia. Além disso, não custa lembrar que o corpo saudável tem um mecanismo preciso de controle dos níveis de eletrólitos no sangue e não é qualquer corridinha que é capaz de driblá-lo;   

 

* outros “movimentos isotônicos” – a bebida oficial da Olimpíada de 2012 é o isotônico Powerade da Coca-Cola com a chamada “Ajuda a manter a resistência”. A gigante GlaxoSmithKline tem um programa de pesquisa com voluntários de 11 a 14 anos de idade para avaliar as vantagens de isotônicos sobre a água;

 

* hidratar muito antes mesmo de sentir sede – o excesso de hidratação tem suas repercussões negativas, assim como a desidratação. Beber à medida que se tem sede pode ser a melhor opção já que a sede é o melhor alarme que o corpo está precisando de hidratação;   

 

* tênis especiais para cada tipo de pisada – o que faz mesmo diferença na incidência de lesões é a intensidade e tempo de treino/prova assim como o intervalo de recuperação. O tipo de tênis tem um valor irrisório, é o que aponta recente e maior pesquisa realizada sobre o tema;

 

* shakes de proteína – forma cara de tomar um copo de leite;

 

 

Por enquanto, o que a ciência endossa é que devemos nos exercitar regularmente, e se for com o pé no chão, que seja com um tênis confortável.  Garantir também uma dieta balanceada e hidratação com água. 

 

 

 

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