Ganhamos dois anos de vida ao limitarmos o tempo em que ficamos sentados em no máximo três horas por dia. Além disso, tem um extra de 1.4 anos se assistirmos TV por menos de duas horas diárias. Essa é a conclusão de um estudo publicado esta semana pelo British Medical Journal.
Os pesquisadores analisaram os dados de uma enquete de grande representatividade nacional conduzida nos EUA que avaliava, entre outras questões, o tempo médio diário que as pessoas passam sentadas ou em frente da TV. Esses resultados foram analisados em conjunto com os de outras pesquisas relevantes sobre o tema que incluíram cerca de 170 mil adultos.
O sedentarismo vai muito além da ausência de exercícios físicos regulares. O termo sedentário tem origem em SEDERE do Latim que significa SENTAR e já existem argumentos coerentes que dariam suporte à mudança do termo “comportamento sedentário” por “comportamento de inatividade muscular”. As pesquisas têm mostrado que o hábito de permanecer longos períodos do dia sem movimentação aumenta o risco de obesidade, diabetes, síndrome metabólica, doenças do coração, câncer, e também está associado a uma menor longevidade. Tudo isso é independente da presença de exercícios moderados a vigorosos. É previsível que essas horas de inatividade muscular sejam ainda mais prejudiciais para quem faz poucos exercícios físicos. Perdemos dois anos com o sedentarismo e vale lembrar que se estima que perdemos até 2.8 anos com o tabagismo e 1.3 anos com o sobrepeso / obesidade.
Recentemente, outra pesquisa demonstrou que aparelhos que permitem que uma pessoa pedale em sua mesa de trabalho podem ser uma saída viável para reduzir o sedentarismo de quem trabalha sentado por períodos prolongados. O aparelho foi oferecido por 20 dias de trabalho consecutivos e ao final do estudo, um questionário foi aplicado para avaliar a aceitação do aparelho e a maioria dos voluntários respondeu que usaria o aparelho caso fosse oferecido pelo empregador e que ele não atrapalhou o desempenho do trabalho. O aparelho também não devia atrapalhar o desempenho dos colegas, já que o ruído do aparelho é muito discreto.
Você usaria uma bicicleta dessas debaixo da sua mesa de trabalho?
Pelo corpo de evidências que temos até o momento, as recomendações médicas poderiam incluir não só os exercícios físicos regulares, mas também o hábito de se movimentar de forma intermitente durante o dia. Paradas de alguns minutos no trabalho a cada hora para se movimentar, evitar o automóvel quando possível, usar as escadas no lugar do elevador, todas essas são atitudes que podem ter mais influência sobre nossa saúde do que podemos imaginar. Campanhas que estimulem as pessoas a viverem menos sentadas podem ter um grande impacto na saúde pública do nosso país que já tem metade dos seus adultos com excesso de peso.