Não só o povo brasileiro, mas toda a raça humana é otimista. Essa é a conclusão de uma série de pesquisas que aponta que cerca de 80% das pessoas superestimam as chances de eventos positivos quando têm que predizer o futuro. Esse é um fenômeno inerente da natureza humana e é observado independente do gênero, da raça, idade e nacionalidade. Mesmo os experts são otimistas quando analisam prognósticos em suas áreas.
Pensamos que vamos viver acima da expectativa de vida do brasileiro, que teremos muito sucesso na carreira quando completamos um curso de formação e que nossos filhos serão brilhantes. Também costumamos subestimar as chances de eventos negativos, pois achamos que essas coisas só acontecem com os outros – divórcio, acidentes de carro, doenças graves. Temos a tendência de incorporar ao nosso repertório as notícias que são ainda melhores que a nossa expectativa inicial. O contrário não acontece. Quando temos contato com previsões piores que nossa idéia inicial, não damos muita bola. A posição otimista é resistente a mudanças.
Pesquisas também mostram que as pessoas com quadros depressivos são as únicas que não apresentam essa expectativa otimista superestimada do futuro. Aqueles com um quadro de depressão leve não apresentam expectativas desviadas nem para o lado positivo, nem para o negativo. Já aqueles com depressão grave enxergam o futuro de uma forma negativa exagerada.
Os cientistas já localizaram as regiões do cérebro que orquestram esse otimismo. Quanto mais otimista for uma pessoa, menos importância seu lobo frontal direito (giro frontal inferior) dará para expectativas ruins. É como se a censura ficasse adormecida. Quando a previsão é ainda melhor do que o esperado, os lobos pré-frontais são ativados de forma similar tanto nos pouco como nos muito otimistas. Além disso, quando pensamos no futuro com otimismo, duas regiões envolvidas no controle das emoções são ativadas (amígdala e giro do cíngulo anterior rostral), as mesmas regiões disfuncionais em indivíduos deprimidos.
Mas afinal esse otimismo é um aliado de nossa saúde? Na maior parte das vezes sim. Os otimistas têm maior longevidade e melhores marcadores de saúde. Apresentam menores índices de doença cardiovascular, doenças infecciosas, ansiedade e depressão, e vivem mais quando acometidos por doenças como câncer e AIDS. Além disso, já foi demonstrado que pessoas mais otimistas têm maior tendência a assumir hábitos de vida saudáveis. Por outro lado, aqueles com excesso de otimismo podem ter uma saúde mais vulnerável, pois tem maior tendência em assumir comportamentos de risco.
E por que o ser humano é tão otimista? Uma explicação bem interessante é a de que, ao adquirirmos a consciência sobre o futuro, passamos a conviver de forma mais intensa com a idéia de nossa finitude e nossas fragilidades. Ilusões otimistas criam um equilíbrio para que toda nossa consciência não atrapalhe a dinâmica da vida.
3 comentários
20 janeiro, 2012 às 3:56 pm
vanessa
Dr. Ricardo, boa tarde!
Em abril / 2011 , tive um pico de stress , total , sentia todos os sintomas horriveis, taquicardia, suor frio ,pressão nos ouvidos, perda de apetite , nervosismo, não desejo a ninguém, emagreci 10 kilos comecei a fazer terapia , e fui ao pisquiatra ele me receitou 100mg de setralina 2 x ao dia 50g manha e 50 mg noite, aprazolam 1mg manha, 1mg tarde e 1mg noite . Tive melhoras , mas como estou com vários problemas tive crises fiortes essa semana, minha cabeça doi parece que eu bati , mas não desde segunda parei de fumar estou com tonturas , vertigens , está demais, fui ao médico ontem ele me receitou BUP 150MG tomar antes de dormir e não parar os medicamentos será que tem algum problema tomar tudo isso???? Tenho 02 filhos preciso me concentrar no trabalho está tudo muito dificil, mas estou me esforçando ao máximo. agradeço desde já sua atenção.
21 janeiro, 2012 às 12:54 am
Ricardo Teixeira
Oi Vanessa
Em algumas situações , dois tipos de antidepressivos são necessários. Se essa foi a decisão do seu médico, dê um crédito a ele.
21 janeiro, 2012 às 4:40 am
vanessa
Obrigada . abraços