Reconhece-se que a forma mais correta de divulgar o risco absoluto de algum problema de saúde ou de eficácia de um tratamento é usando o formato chamado de freqüência natural, como por exemplo, “chance de dois em 1000”. Essa é a recomendação de várias organizações ícones da saúde como o sistema de revisão Cochrane e o equivalente britânico do órgão regulador americano FDA. Entretanto, temos poucas evidências de que isso realmente é o mais certo. Um estudo recém-publicado pelo periódico Annals of Internal Medicine demonstra que essa crença parece não fazer muito sentido.

 

Através de uma enquete na internet, quase três mil americanos avaliaram cinco diferentes formatos da mesma informação que descrevia a eficácia de dois tratamentos hipotéticos: 1) freqüência natural – ex: 2 em 1000; 2) freqüência variável, para fazer com que o numerador seja sempre maior que 1 – ex: 2 em 100, 2 em 1000, 2 em 10000; 3) porcentagem; 4) porcentagem associada a freqüência natural; 5) porcentagem  associada a freqüência variável.

 

Os resultados mostraram que o formato porcentagem foi o que permitiu a melhor compreensão. Freqüências naturais, e mais ainda freqüências variáveis, foram os formatos que passaram com mais dificuldade a idéia de custo / benefício de um tratamento. Além disso, a associação da freqüência natural à porcentagem não facilitou em nada a compreensão.

 

Podemos falar então: o tratamento com a medicação “x” aumenta em 1% a chance de dor de cabeça (3% com a medicação e 2% com o placebo). Até aqui estamos tratando de risco absoluto. O menos recomendável de todos os formatos de apresentação de resultados é o chamado risco relativo, que dá uma impressão de que os resultados são bem mais robustos. O mesmo recado dos efeitos colaterais descrito acima em formato de risco relativo seria: a medicação aumenta a chance de efeitos colaterais em 50%.