Uma pesquisa recém-publicada pelo Journal of Epidemiology and Community Health aponta que mulheres grávidas que usam regularmente o telefone celular têm maior chance de ter filhos com problemas de comportamento, e esse risco passa a ser ainda maior quando as crianças começam a usar o aparelho de forma precoce.
Os mesmos pesquisadores que conduziram o presente estudo já haviam demonstrado esse efeito dos telefones celulares no ano de 2008 numa amostra de 13 mil crianças dinamarquesas. Desta vez, eles analisaram 28 mil crianças e suas mães, diferentes daquelas do estudo anterior, com ajustes na metodologia da pesquisa, incluindo outras variáveis que refletem o nível de atenção que as mães dispensam aos filhos nas fases precoces do desenvolvimento. As mães foram entrevistadas durante a gravidez e novamente quando os filhos completavam 7 anos de idade.
Os resultados mostraram que 35% das crianças usavam um aparelho de celular aos 7 anos, menos de 1% destes por mais de uma hora por semana, e 17.9% foram expostas ao aparelho antes e depois do nascimento. As crianças mais expostas ao aparelho foram as de famílias com menor status ocupacional, cujas mães eram mais jovens e que fumaram durante a gravidez e que tiveram mais estresse pré-natal. Cerca de 7% das crianças foram classificadas como portadoras de transtornos do comportamento e a exposição combinada pré-natal / infância aumentou em 50% essa chance comparado a um aumento de 40% no caso de exposição pré-natal restrita e 20% quando limitada à infância. Pouco tempo dedicado à amamentação foi associado a uma maior chance de alterações do comportamento, mas mesmo excluindo-se esse fator, o efeito do celular ainda permaneceu estatisticamente significativo.
E como é que as ondas eletromagnéticas do celular poderiam afetar o desenvolvimento da mente? Uma das hipóteses é a de que o uso do celular pode levar a um aumento do hormônio melatonina nas mães, hormônio que por sua vez tem influência nos hormônios sexuais femininos e que podem interferir na formação do bebê.
Os resultados são concordantes com o estudo anterior, mas não permite concluir que exista uma relação de causa e efeito entre o uso do celular por grávidas e crianças e problemas de comportamento na infância. As pesquisas disponíveis até o momento ainda são muito limitadas para qualquer tipo de orientação do tipo “mulheres grávidas não devem falar ao celular”. Entretanto, enquanto não tivermos novas pesquisas sobre o tema, é bem razoável que as grávidas pelo menos evitem exagerar no uso da aparelhinho.
4 comentários
11 janeiro, 2011 às 8:29 pm
Rodolfo Araújo
Concordo com o comentário anterior sobre a identificação de uma relação de causa e efeito. Falar muito ao celular é apenas uma das manifestações de um estilo de vida das mães, este sim, que pode levar ao surgimento de problemas em suas crianças.
Culpar a radiação dos aparelhos parece-me precipitado.
Atenciosamente, Rodolfo.
14 janeiro, 2011 às 10:43 pm
Ricardo Teixeira
Perfeito Rodolfo. é precipitado sim fazer esse tipo de afirmação.
12 dezembro, 2010 às 9:55 am
Leonardo Fontenelle
Reconheço que os autores da pesquisa se esforçaram para evitar esse tipo de viés, mas pela dificuldade em fazê-lo continuo acreditando ser possível que, na verdade, os transtornos descritos estejam mais relacionados à família da criança do que à exposição ao eletromagnetismo.
10 dezembro, 2010 às 1:15 pm
Andréa
Olá,
Tudo bem?
Dia 27 de novembro foi o Dia Internacional de Combate ao Câncer. Para marcar essa data, a Unimed quis lembrar quem pode ser o principal agente de prevenção da doença e fez uma ação bem legal em Porto Alegre. Vale a pena conferir!
Como o seu blog fala sobre saúde, achamos que a campanha pudesse lhe interessar.
Segue o link do vídeo para caso você queria divulgar:
Qualquer dúvida, estamos à disposição.
Desde já muito obrigada!