oLD MAN

 

Como saber se a dificuldade de memória de uma pessoa idosa já é sinal de um quadro demencial, como é o caso da Doença de Alzheimer? Essa é uma pergunta que vem muito à cabeça das pessoas que convivem com o envelhecimento de seus entes queridos e mobiliza também uma série de pesquisas para que o diagnóstico da Doença de Alzheimer e outros tipos de demência seja feito o mais precocemente possível.

 

Nessa busca por um diagnóstico precoce, pesquisadores americanos desenvolveram um índice capaz de classificar de forma acurada o risco de um indivíduo idoso em vir a desenvolver um quadro de demência. O estudo acaba de ser publicado pela revista Neurology, periódico oficial da Academia Americana de Neurologia.

 

Os pesquisadores acompanharam cerca de 3400 idosos com 76 anos em média e sem o diagnóstico de demência. Após seis anos de seguimento, 480 deles (14%) desenvolveram um quadro demencial. Desse total, 51% apresentava o diagnóstico de Doença de Alzheimer, 13% de demência vascular, 31% demência mista (Alzheimer + vascular) e 5% outros tipos de demência.

 

A partir das características clínicas dessa população, foi criado um índice com pontuação que vai de 0 a 15 pontos e que foi capaz de estratificar o risco de demência em baixo, médio e alto. Os dois fatores com maior poder em predizer o risco de demência foram a idade e o desempenho nos testes cognitivos. Além disso, o índice incluiu uma série de marcadores de doenças vasculares, consistente com o atual consenso de que a doença vascular contribui para a manifestação de quadros demenciais, incluindo a Doença de Alzheimer.  Ainda colaboraram para o cálculo do índice de risco de demência: dados da ressonância magnética do cérebro e teste genético para Doença de Alzheimer.

 

RISCO DE DEMÊNCIA EM 6 ANOS

 

Índices   0-3            BAIXO RISCO   de demência    4% de risco

Índices   4-7            MÉDIO RISCO  de demência    23% de risco

Índices   8             ALTO RISCO    de demência    54% de risco

 

Esses resultados ainda precisam ser validados em outras populações, mas o índice de risco de demência promete ser uma ferramenta extremamente útil na relação entre o médico, o idoso e sua família. O cálculo de um baixo índice pode ajudar sobremaneira a tranqüilizar aqueles que estão preocupados de forma exagerada quanto ao futuro risco de demência. Por outro lado, índices de alto risco também podem ser úteis no sentido de convencer o paciente e sua família de que as atitudes preventivas para a demência, como por exemplo, a atividade física e intelectual, devem ser incrementadas ainda com mais ênfase. A informação de um índice de alto risco também pode vir a apoiar um melhor planejamento do futuro.   

 

 

ÍNDICE DE RISCO DE DEMÊNCIA (Barnes et al., 2009)

 

Idade Pontos  (0 a 15)
75-79 anos 1
≥ 80 anos    2
Testes cognitivos 0-4
Índice de massa corporal < 18.5 2
Teste genético – presença de ≥ 1 alelos da apolipoproteína  E e4 1
Ressonância magnética  
Alargamento dos ventrículos 1
Doença de pequenos vasos cerebrais 1
Ultrassom de carótidas – espessamento médio-intimal ≥ 2.2mm   1
História de cirurgia cardíaca (bypass) 1
Desempenho motor lento (velocidade para vestir e abotoar uma camisa ≥ 45s) 1
Abstenção de álcool 1

 

 

SMALLicone