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A pobreza é reconhecida como um dos principais fatores que contribuem para o número de pessoas com retardo mental ao redor o mundo. Em países desenvolvidos, a prevalência de retardo mental situa-se em torno de 3-5 / 1000 indivíduos, enquanto em países pobres encontramos uma prevalência que chega a ser cinco vezes maior. Uma estimativa recentemente publicada na revista Lancet por um painel de experts no assunto aponta que cerca de 200 milhões de crianças menores de cinco anos em países subdesenvolvidos não atingem seu pleno potencial de desenvolvimento cognitivo devido a condições associadas à pobreza. A pobreza está por trás de dois dos principais fatores de risco para o retardo mental: deficiência nutricional e de estímulo cerebral. Uma revisão sobre o assunto publicada pela Academia Americana de Neurologia em agosto de 2008 intitula o problema como UMA EPIDEMIA NEUROLÓGICA ESCONDIDA. Do ponto de vista de saúde pública, a pobreza tem um impacto sobre o estado neurológico muito maior que a grande maioria das doenças neurológicas com suas organizadas sociedades médicas e associações de pacientes, e com seus medicamentos que movem o business da saúde.

 

Atacar de frente a pobreza vai além da questão de humanismo, de direitos humanos. O Banco Mundial reconhece que dentre todas as intervenções em saúde, o controle da desnutrição pode ser considerada a que apresenta melhor custo-benefício. E os primeiros anos de vida de uma criança são os mais vulneráveis para o cérebro, começando a contar desde o primeiro dia da concepção, na barriga da mãe. A mãe precisa comer bem! Todo mundo tem que comer bem. E uma coisa puxa a outra. Crianças desnutridas têm menor chance de chegar à escola, e quando chegam têm maior chance de evasão.

 

Há cerca de uma semana o maior programa de transferência de renda do mundo, o Bolsa Família, ficou órfão com a precoce morte de Rosani Cunha, secretária nacional do programa desde 2004. É bom entendermos por meio de números o tamanho do trabalho de Rosani, e daqueles que a acompanharam e a antecederam. Ela certamente está na galeria daqueles que mais fizeram pelo cérebro dos brasileiros.

– O Programa Bolsa Família atende atualmente a 11 milhões de famílias pobres. Além da transferência de renda, que permite a compra de alimentos, as famílias devem manter seus filhos na escola. Devem seguir ainda uma agenda de acompanhamento da saúde, como vacinação, pré-natal e acompanhamento nutricional de gestantes, nutrizes e crianças até completarem 7 anos.

– Entre 2003 e 2006, a redução da pobreza foi de 31,4%. Quatorze milhões de pessoas superaram a condição de pobreza no período. A concentração de renda no país atingiu, em 2006, o menor índice dos últimos 30 anos. Uma pesquisa aponta que 93% das crianças e 82% dos adultos beneficiários fazem três ou mais refeições por dia.

– A taxa de mortalidade infantil no Brasil caiu de 47 por mil, em 1990, para 25 por mil, em 2006 – uma queda de 45%.

– A desnutrição medida por peso por idade das crianças com menos de 1 ano diminuiu de 10%, em 1999, para 2,4%, em 2006. Entre as crianças de 1 a 2 anos de idade, a desnutrição caiu de 20% para 5%. Ou seja, a queda da desnutrição nas duas faixas etárias foi superior a 75% em sete anos.

– O Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008 da ONU registra que o Brasil atingiu um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,8 – situando-o, pela primeira vez, no grupo de países de alto desenvolvimento humano. 

 

 

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