Um estudo divulgado esta semana na convenção anual da Associação Americana de Psicologia (Boston, EUA) traz novas evidências sobre o impacto do uso de antidepressivos no desempenho do indivíduo ao volante. Os pesquisadores submeteram 60 pessoas a um simulador de direção que exigia dos participantes tomadas de diversas decisões habituais do trânsito, como reagir à luz de freio do carro da frente. Metade dos participantes usava pelo menos um tipo de antidepressivo enquanto a outra metade não usava qualquer medicação. O desempenho “ao volante” dos pacientes que usavam antidepressivos só foi pior do que o do grupo controle entre aqueles que apresentavam um alto score de sintomas depressivos. O estudo sugere que o impacto do uso do antidepressivo sobre o desempenho ao volante possa ser menos significativo do que o próprio estado depressivo.
Um estudo anterior conduzido na Alemanha (J Clin Psychiatry 2006), desta vez com pacientes avaliados imediatamente após alta hospitalar de internação por quadro depressivo, evidenciou que 16% desses pacientes apresentava severo comprometimento do desempenho à direção, também avaliado por simulador de trânsito. Alguns estudos até compararam a influência de diferentes tipos de antidepressivos, demonstrando que alguns deles influenciam menos a capacidade de dirigir.
Esse é um assunto importante, pois o uso de antidepressivos vêm crescendo cada dia mais. Nos EUA, estima-se uma em cada dez mulheres usam essa classe de medicação. Não importa tanto se é a medicação em si ou estado depressivo que tem mais relevância na performance dos condutores. Pacientes, médicos e autoridades devem estar cientes do problema.
8 comentários
28 agosto, 2008 às 11:49 am
drricardoteixeira
Prezado Francisco,
Os benefícios em se freqüentar a igreja sugeridos por sua observação deve ser visto sob duas diferentes dimensões: a própria questão da espiritualidade mas também o apoio social que recebe o indivíduo ao freqüentar uma comunidade religiosa. Caso tenha interesse de desenvolver um estudo nesse sentido, o Prof. Dr. Vicente Paulo Alves da Universidade Católica de Brasília seria uma ótima interlocução.
28 agosto, 2008 às 11:39 am
Francisco Bueno
Gostei demais do assunto recebido sobre o uso de antidepressivos e desempenho ao volante. Como pessoa espiritualista e tendo trabalhado quase 2 anos no NAPS em Bauru/SP, nos casos mais brandos indicava à pessoa participar de alguma ativdade junto à sua “igreja”, (religião), e caso necessário, voltasse a nos procurar. Observei que não houve nenhum retorno nesse período, embora poucos os casos observados. Seria possível fazer um estudo epidemiológico nesse sentido?
Atenciosamento.
prof. FRANCISCO BARBOSA BUENO
25 agosto, 2008 às 12:46 pm
MLourdes
Boa tarde!
Obrigada por mais essa mensagem! Não deixa de ser um alerta para as
pessoas que pegam ao volante todos os dias! Isso é bom, pois
repassarei essa msg a vários amigos e parentes!
Obrigada mesmo por mais essa contribuição.
Cordialmente
MLourdes
22 agosto, 2008 às 5:52 pm
drricardoteixeira
Prezada Silvia,
Certamente as medicações antidepressivas ou ansiolíticas quando bem indicadas trazem uma significativa melhora na qualidade de vida das pessoas. E é assim com qualquer tratamento médico que é cientificamente aprovado: os prós e contras sempre são muito bem medidos e só se aprova um tratamento para determinada condição quando os benefícios ultrapassam de forma bem expressiva os potenciais riscos.
22 agosto, 2008 às 5:35 pm
silvia nunes magalhaes
Dr. Ricardo
Foi de fundamental importancia a informaçao que acabo de receber em relaçao ao uso de ante depressivos pois sou usuaria do procimax para sindrome do panico .A minha capacidade motora , de raciocinio , reflexos etc. em nada foi afetado pelo uso dessa droga . Sou agil no raciocinio , dirijo desde os meus vinte poucos anos e ja tomava remedio controlado . Nunca bati em carro de ninguem , nunca causei nenhum problema no transito . E pra encurtar o assunto aprendi a dirigi sozinha … Ai esta a prova de que esses remedios qdo. bem orientados so fazem melhorar a qualidade de vida das pessoas principalmente das mulheres , certo ?
Um abraço cordial
Sylvia
22 agosto, 2008 às 1:11 am
RBarros
Obrigada Dr. Ricardo pela informação.Eu sou uma pessoa que tomo antidepressivos.
21 agosto, 2008 às 7:34 pm
drricardoteixeira
É Adeline. Realmente, o “estrago” de uma depressão não tratada na vida de uma pessoa é de longe mais sério do que os potenciais efeitos colaterais das medicações.
21 agosto, 2008 às 7:03 pm
Adeline
Querido Ricardo!
Hoje vejo que há muito preconceito quanto ao uso de certos medicamentos para contribuir na qualidade de vida das pessoas, até por alguns médicos, quando tentam convencer seus pacientes a tomar “coisinhas” e atitudes para substituir tal medicação. Este seu artigo, fundamentado, como sempre em dados científicos, prova que que a dose certa de medicamentos fazem menos estragos que as próprias patologias! Mais uma identificação entre meus ídolos da saúde: Você e o Contardo Caligaris!Muito bom .