O derrame cerebral pode acontecer por causa de um rompimento de um vaso sanguíneo no cérebro, mas sua causa mais comum é o entupimento de um vaso e conseqüente interrupção do fluxo sanguíneo para uma região do cérebro, provocando a morte das células dessa região. A isto se dá o nome de isquemia cerebral. Quando as pessoas pensam em derrame cerebral, uma imagem que comumente vem à cabeça é a de uma pessoa com seqüelas na cadeira de rodas. É uma doença grave mesmo: a principal causa de morte em nosso país. Mas nem sempre é grave e muitos deles acontecem sem chamar a atenção de ninguém.
É ultrapassada a idéia de que usamos apenas uma pequena porcentagem do cérebro. Cada pedacinho de cérebro é relevante sim. Entretanto, podemos dizer que algumas regiões do cérebro quando destruídas são capazes de provocar sintomas mais perceptíveis que outras. Algumas regiões até podem ser destruídas que o indivíduo nem se dá conta de que algo aconteceu. E essa não é uma situação incomum no cérebro que envelhece: isquemias cerebrais silenciosas podem ser encontradas em boa parte das pessoas acima dos 60 anos de idade. Quando se fala em lesões que chegam a provocar um buraquinho no cérebro, estudos com ressonância magnética revelam que cerca de 20% dos idosos apresentam tais lesões sem nunca ter apresentado sintomas relacionados. Quando se fala em lesões que só fazem pequeninas cicatrizes no cérebro, essas estão presentes em até 90% dos idosos.
No conjunto, essas pequenas lesões fazem parte daquilo que se chama de doença de pequenos vasos cerebrais. Uma ou duas pequenas cicatrizes realmente não costumam provocar sintomas, mas o cérebro de um indivíduo que apresenta inúmeras dessas cicatrizes ou buraquinhos, esse sim começa a funcionar de forma ineficiente. Algumas pessoas chegam a apresentar dificuldades graves do pensamento e da marcha, e hoje em dia reconhece-se que essa seja a principal causa de déficit cognitivo entre os idosos. Existem fatores genéticos que determinam o quanto de lesões terá um cérebro que envelhece. Entretanto, é bem sabido que os conhecidos fatores de risco para aterosclerose (ex: hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, etc.) aumentam significativamente a chance de uma pessoa colecionar mais dessas lesões ao longo dos anos.
O que fazer para proteger nosso cérebro dessas lesões? São as mesmas coisas que boa parte das pessoas sabe que são eficazes para reduzir o risco de um infarto do coração ou derrame cerebral: 1) não fumar; 2) praticar atividade física; 3) reduzir o estresse; 4) para quem tem doença do coração, alterações do colesterol, diabetes ou hipertensão arterial, tratar essas condições com preciosismo; 5) bebidas alcoólicas só se for com moderação; 6) dieta saudável e controle do peso. (Visite o Post Previdência Vascular). E no quesito dieta saudável, os peixes estão com a bola toda.
O consumo regular de peixes ricos em Ômega 3 (ex: sardinha, atum, salmão) pelo menos duas vezes por semana já é bem reconhecido como uma atitude que reduz o risco de doenças cardiovasculares e também a Doença de Alzheimer. A última edição da revista Neurology ( Academia Americana de Neurologia) publicou uma pesquisa que demonstrou pela primeira vez que o consumo regular de peixes ricos em Ômega 3 (≥ 3 vezes por semana) reduz a chance de acúmulo de pequenas isquemias cerebrais. O estudo foi desenvolvido ao longo de cinco anos com mais de 3600 finlandeses com mais de 65 anos. Importante: o efeito protetor ao cérebro deixa de existir quando o consumo é de peixe frito.
6 comentários
18 janeiro, 2009 às 2:56 am
Existem alimentos que realmente podem melhorar o desempenho cerebral? «
[…] Ler também: Precisamos comer mais peixe. Nosso cérebro vai gostar. […]
4 janeiro, 2009 às 2:24 am
Chocolate, chá e vinho: uma boa combinação para vitaminar o cérebro «
[…] chocolate amargo na sobremesa e um chá verde antes de sair da mesa. Pra melhorar, só se tiver peixinho rico em Omega 3 como prato […]
30 agosto, 2008 às 5:44 pm
drricardoteixeira
A questão do peixe em cativeiro procede completamente. Existe uma forte linha de pesquisa que avalia como esses peixes devem ser alimentados para que realmente atinjam uma concentração boa de ômega-3.
Da mesma forma que o chocolate 70% , 80% , 90% cacau de nenhuma marca é controlada quanto ao seu real teor de substâncias nobres ao coração (catequina, epicatequina), não temos como saber qual salmão, qual atum, qual sardinha tem concentrações significativas disso ou daquilo.
Espero que estejamos evoluindo no sentido de que as associações de produtores de cada tipo de alimento “ïnteligente” possam se organizar para conceder selos de qualidade “de verdade” para o produtor que cumpra o padrão mínimo de concentração de elemento X ou Y.
Ainda estamos engatinhando com as medicações….
30 agosto, 2008 às 5:01 pm
Rafaela e Caldas
Sim! Comer peixes! e também porque a Rafaela detesta os habitantes
aquáticos, somos adeptos dos bons suplementos de ômega 3…
Sem querer cair em lugar-comum, é bom lembrar que a origem do peixe
tem de ser observada: peixes de cativeiro são suspeitos quanto a
ômega 3.
Segundo informação em edição anterior da revista Veja, ao contrário do
que normalmente se pensa, os peixes não são produtores de ômega 3,
mas apenas transportadores.
Como em cativeiro não há alimentos contenedores de ômega 3 para os
peixes, esses, destarte, não possuem esse elemento, pois ele comum
em algas de grandes profundidades.
8 agosto, 2008 às 11:39 pm
Maria de Lourdes Borges
Obrigada pela matéria e, espero tantas outras mais!
Acredite: serão muito proveitosas em meu benefício e de meus
familiares, cujo objetivo sanar tantas dúvidas e obter muitos esclarecimentos!
Sinceramente
Maria de Lourdes Borges
8 agosto, 2008 às 1:06 pm
Raquel Barros
Muito obrigada por mais uma informação tão importante.