O ideal de uma relação médico-paciente é quando ambas as partes participam das decisões. Entretanto, nem sempre as coisas funcionam assim. Em um extremo encontraremos médicos que se colocam em posição de superioridade e nem escutam a vontade do paciente. No outro extremo encontraremos pacientes com atitude passiva esperando de olhos fechados que o médico tome as decisões, e essa é uma situação mais comum entre idosos e indivíduos com baixo nível educacional. Entre esses dois extremos, encontramos a grande parte das relações médico-paciente, uma relação que tanto o médico como o paciente influenciam um ao outro mutuamente.
Em algumas situações em que o médico pensa que o paciente não quer participar de decisões, esse julgamento pode depender bastante da forma como ele aborda o paciente. Uma coisa é o médico perguntar: “Você prefere que eu tome as decisões a respeito do seu tratamento ou você mesmo pode tomá-las?”. Provavelmente teremos uma diferente resposta se o médico perguntar: “Você quer que eu tome decisões sobre seu tratamento sabendo o que é importante para você, ou sem saber o que é importante para você?
Não existe receita de bolo, fórmula ideal, para se chegar a um bom nível de compartilhamento de decisões. Muito do que se discute e se pesquisa sobre o assunto concentra-se em atitudes do médico que podem facilitar a comunicação e seu papel como facilitador da relação médico-paciente. Entretanto, são poucos os estudos que avaliaram o papel do paciente. Na verdade os pacientes tomam decisões o tempo todo, seja na frente do médico, seja chegando em casa e seguindo ou não a prescrição ou recomendações de mudanças de estilo de vida, ou então quando decide trocar de médico. Alguns pacientes querem só ouvir o que o médico tem a dizer e decidir sozinhos o que fazer.
Há muito que se trabalhar para melhorar a comunicação entre médico e paciente, em busca de uma relação mais eficiente e que promova os melhores resultados ao paciente. E muita gente tem trabalhado por isso. Temos como exemplo a Academia Americana de Comunicação na Assistência à Saúde e também a Academia Européia que têm todo um corpo de programas educacionais aos profissionais de saúde, mas também à comunidade. O sucesso terapêutico depende muito do paciente também, e começa com uma boa comunicação entre médico e paciente, em via dupla.
3 comentários
10 março, 2011 às 3:21 am
A empatia do médico é capaz de influenciar os resultados de um tratamento «
[…] ** Leia também: Relação médico-paciente. Quando um não quer, dois não compartilham. […]
4 maio, 2011 às 8:56 pm
António Marques
Quando é que. na linha de Hipócrates e de outros grandes médicos humanistas, o paciente paciente passa a ser o centro do processo clínico, agente-sujeito (e não apenas objecto!), com o direito que tem (deve ter) de não só ser informado cientificamente das suas mazelas e “negociar” com o seu médico as estratégias do processo? Oh divino Hipócrates, quantos te “juram” e depois na prática te perjuram!
8 maio, 2011 às 1:50 pm
Ricardo Teixeira
Obrigado Antonio pelas suas palavras inspiradoras