Há décadas nos deparamos com notícias de que há um efeito protetor contra crises epiléticas quando se ouve a música do gênio, especificamente a Sonata KV448 em Ré Maior. Será que isso tem algum fundamento? Pesquisadores da Universidade de Viena, país em que Mozart nasceu, acabam de publicar uma análise de todos os relatos científicos sobre o tema, mostrando que não há evidência confiável de que o fenômeno realmente exista na epilepsia ou em qualquer outra condição clínica. O estudo foi publicado pela Scientific Reports do grupo Nature.

Especula-se que a sonata de Mozart tenha efeitos positivos não só para a espécie humana, mas também para animais e até microorganismos. Poderia promover a inteligência de humanos adultos, crianças e até fetos. Fala-se nas vacas que têm maior produção de leite e bactérias que tratam melhor o esgoto quando em ambiente com a Sonata KV448. A origem dessas ideias começou após a observação na década de 1990 de que estudantes quando ouviam o primeiro movimento da sonata apresentavam um incremento cognitivo transitório na inteligência espacial, fato não comprovado por estudos posteriores. Uma indústria de produtos de músicas clássicas para o cérebro surge.

Todas essas promessas não têm sido confirmadas pela boa ciência, ou seja, através de metodologia robusta que permita chegar a conclusões de real associação entre uma coisa e outra. Mas uma coisa é certa: para muitos a música de Wolfgang Amadeus é um bálsamo para a alma que poderia trazer benefícios em algumas doenças. O atual estudo sugere que isso ainda não pôde ser comprovado com segurança.