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As doenças degenerativas do cérebro trazem grande impacto no funcionamento mental, mas enquanto não afetam as características morais, não mudam a forma como as pessoas reconhecem a identidade de quem sofre com essas doenças. Essa é a conclusão de um estudo recém-publicado pelo periódico Psychological Science.
A importância desses resultados reside no fato de que pacientes com a Doença de Alzheimer são vistos pelos seus entes queridos como a “mesma pessoa” por grande parte da evolução da doença. Apenas nas fases mais avançadas da doença é que identificamos alterações nas características morais como altruísmo e generosidade. No momento em que as pessoas enxergam o doente como se fosse “outra pessoa”, os laços afetivos podem ser quebrados.
Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade de Ohio nos EUA aplicaram questionários a familiares de pacientes de três tipos de doença degenerativa: Doença de Alzheimer, Demência Fronto-Temporal e Esclerose Lateral Amiotrófica. Eles avaliaram não só o perfil cognitivo dos pacientes, mas também a forma como os parentes reconheciam o doente com perguntas como “O paciente já lhe pareceu ser um estranho?”
Aqueles que apresentavam Demência Fronto-Temporal foram os que tinham mais mudanças no reconhecimento da identidade pelos parentes, já que é uma condição que altera muito o comportamento, capacidade de julgamento e autocensura.
Os que apresentavam Esclerose Lateral Amiotrófica foram os que tinham menos alterações dessa identidade, já que é uma doença que afeta apenas de forma discreta o funcionamento mental e características morais.
Os pacientes com Doença de Alzheimer apresentaram uma situação intermediária, já que nas fases iniciais da doença, a memória é a alteração que mais chama a atenção, com poucas mudanças comportamentais.
De uma forma geral, os familiares referiam mudanças significativas na percepção da identidade dos pacientes quando existiam alterações nas características morais. As capacidades cognitivas, como a memória, não foram determinantes.