Algumas pessoas têm um olho mental ineficiente e não conseguem, por exemplo, imaginar carneirinhos ou qualquer outra coisa. A essa dificuldade dá-se o nome de afantasia.
Acredita-se que cerca de uma em cada 50 pessoas podem ter afantasia. Alguns relatam que a condição faz a pessoa se sentir sozinha ou isolada, sabendo que elas não podem ver coisas que a maioria das pessoas pode. Sentem-se angustiadas por não poderem imaginar mentalmente amigos ou parentes falecidos.
A condição foi identificada pela primeira vez na década de 1880 e tem sido ocasionalmente descrita como resultado de grande dano cerebral, mas o fenômeno tem, até agora, atraído pouca atenção. Um artigo foi publicado recentemente na revista Cortex por neurologistas ingleses que descreveram casos de indivíduos com essa dificuldade.
Um dos indivíduos descritos pelos ingleses relata que não sabia que tinha a condição até os 21 anos. Todos os seus sentidos são afetados, e ele não consegue se lembrar de sons, textura, ou até mesmo odores. “Eu tive um impacto emocional grave”, explicou. “Eu comecei a me sentir isolado – incapaz de fazer algo tão central para a experiência humana comum. A capacidade de recordar memórias e experiências, o cheiro das flores ou o som da voz de um ente querido; antes que eu descobri que lembrar essas coisas era humanamente possível, eu nem estava ciente do que eu estava perdendo.” Algumas pessoas são incapazes de criar mentalmente imagens, cheiros e sons e podemos chamar isso de afantasia total.
Entende-se que a experiência mental dos sentidos seja o resultado de uma rede de regiões em todo o cérebro que trabalham em conjunto para gerar a experiência sensorial com base em memórias. O melhor palpite até agora é que naqueles que têm afantasia as ligações entre estas áreas do cérebro são interrompidas.