Língua para beijar, para falar, para comer, para tratar o cérebro. Tratar o cérebro? Isso mesmo. A língua comunica-se com o cérebro e sua estimulação elétrica pode ajudar a recuperar funções cerebrais que não estejam bem. A saliva rica em eletrólitos e a alta densidade de terminações nervosas facilitam essa comunicação com o cérebro.
Essa estimulação elétrica pode ser chamada de Neuromodulação e é uma técnica que estimula centros cerebrais provocando reorganização e recuperação funcional. É a tal neuroplasticidade. A estimulação da língua estimula dois nervos importantes que se comunicam com o tronco cerebral, região cerebral que controla inúmeras funções cerebrais como o equilíbrio do nosso corpo. O estímulo não provoca dor e a sensação é semelhante à de uma bebida gasosa na língua.
Essa é uma estratégia terapêutica que ainda não foi bem explorada, mas é fato que pode abrir caminhos para o tratamento de diversas doenças neurológicas. Recentemente, um estudo apontou que uma semana de estimulação da língua promoveu a melhora dos sintomas em pacientes com o diagnostico de esclerose múltipla e com dificuldades de equilíbrio. Além disso, a RM funcional apontou a ativação em centros do tronco cerebral e, diferente de outros métodos de neuromodulação, seu efeito persistiu mesmo depois de interrompido o estímulo.