Quatro dias de imersão na natureza e longe de bytes e pixels aumenta nossa capacidade criativa. Essa é a conclusão de uma pesquisa conduzida por psicólogos da Universidade Kansas e de Utah nos EUA e publicada esta semana pelo periódico PLoS ONE.
Cinqüenta e seis voluntários com 28 anos de idade em média participaram de um experimento que incluía uma viagem de quatro a seis dias de caminhada na natureza, bem longe dos aparelhinhos do cotidiano urbano. Uma parte deles foi submetida a testes de criatividade e solução de problemas na manhã anterior ao início da viagem e outra parte na manhã do quarto dia de viagem. Aqueles que fizeram os testes no quarto dia obtiveram um desempenho 50% maior.
Existem evidências de que a vida tecnológica e de multitarefa cansa o cérebro, mais especificamente as regiões pré-frontais responsáveis pelas nossas funções executivas. Por outro lado, o contato com a natureza pode ser uma grande ferramenta para restaurar essas funções – voltar ao estado default, e é isso que os resultados da presente pesquisa sugerem. Não é possível dizer se a experiência da natureza foi mais ou menos importante que os dias desconectados da tecnologia, mas a princípio os dois podem ter efeitos sinérgicos.
Estudos anteriores já haviam demonstrado efeitos positivos do “efeito natureza” sobre algumas funções cognitivas como, por exemplo, atenção, memória e linguagem. Porém, essa foi a primeira vez que benefícios sobre a capacidade criativa foram demonstrados. O ineditismo da pesquisa também tem a ver com o extenso tempo de exposição à natureza e com o fato dos testes terem sido feito “na trilha”, fora dos laboratórios.