Para quem tem pressão alta, seu simples controle é capaz de reduzir o risco de uma série de doenças graves como o infarto do coração e o derrame cerebral. Entretanto, no tratamento da hipertensão arterial é difícil ter a disciplina de tomar diariamente a medicação, assim como manter um programa de atividade física e controle da dieta. O tratamento ainda é mais difícil pelo fato da pressão alta não provocar habitualmente sintomas de alerta quando em níveis elevados.
Motivar o indivíduo que tem pressão alta a seguir corretamente seu tratamento é extremamente importante, mas qual a forma mais eficaz? O periódico Annals of Internal Medicine publicou uma pesquisa esta semana sugerindo que depoimentos de pacientes gravados em DVD podem influenciar de forma positiva outros pacientes com o mesmo problema de saúde.
Cerca de 300 pacientes hipertensos com 53 anos de idade em média, e atendidos em uma clínica voltada a indivíduos de baixa renda nos Estados Unidos, foram divididos em dois grupos. Um dos grupos foi direcionado a assistir a um DVD com histórias de 14 pacientes selecionados da mesma clínica, que promovia uma percepção de semelhança entre quem assistia e os pacientes/personagens. O outro grupo foi orientado a assistir a um vídeo de dicas de saúde, que não abordava o assunto hipertensão arterial. Após 3 meses, e mesmo após 9 meses de acompanhamento, o grupo que assistiu ao DVD com relatos de pacientes apresentou melhor controle da pressão arterial, especialmente aqueles que tinham a pressão não controlada no início do estudo.
Todos os pacientes envolvidos neste estudo eram negros, população que é mais vulnerável a ter hipertensão arterial mal controlada e complicações da doença em órgãos alvo. A ferramenta de comunicação narrativa, usando depoimentos de indivíduos do mesmo ambiente social, dá um recado culturalmente relevante para quem assiste ao DVD. A estratégia utilizada tem grande potencial para ser aplicada em outras condições de saúde crônicas e, além disso, os resultados têm aplicação universal, pois cada cultura tem sua tradição e histórias peculiares.
** CORREÇÃO. Pode-se ouvir no audio que estima-se que 10% dos hipertensos não conseguem controlar a pressão. Na verdade, apenas 10% dos hipertensos têm controle adequado da pressão.
2 comentários
20 janeiro, 2011 às 11:04 pm
Ricardo Teixeira
Boa questão Leonardo. O protagonsita do video sendo negro poderia não exercer o mesmo efeito sobre uma população de brancos. Acho que o ponto mais intessante dessa pesquisa é a lembrança que a comunicação para a promoção da saúde deve ir além da evidência estatística, da lógica e da razão. Fazemos isso às vezes no consultório, né? Às vezes,ao invés de falar ao paciente que “x%” dos casos na literatura evoluem assim ou assado, falamos que “tenho três pacientes que evoluíram assim, um deles inclusive é um professor…”. O paciente projeta-se nesse personagem, algo que não acontece quando simplesmente falamos sobre estatísticas.
A comuncação narrativa realmente é uma ferramenta que merece toda a atenção quando se pensa em motivar as pessoas a aderir a um tratamento e para mudanças de hábitos de vida.
20 janeiro, 2011 às 9:12 pm
Leonardo Fontenelle
No Brasil a gente costuma fazer reuniões de educação em saúde, e essas reuniões funcionam muito melhor se forem de fato reuniões, e não apenas palestras.
Agora eu queria é saber como fica a efetividade do mesmo vídeo sendo exibido para pessoas de outras comunidades.