Uma pesquisa publicada hoje pelo British Medical Journal revela que o uso de suplementos de cálcio pode aumentar o risco de infarto do coração. Os pesquisadores analisaram 11 grandes estudos sobre os efeitos da suplementação de cálcio sem a vitamina D, o que no conjunto envolvia 12 mil pacientes. Esse tipo de suplemento é frequentemente indicado para pessoas com diagnóstico de rarefação óssea (osteoporose), especialmente os idosos. Os achados foram consistentes nas diversas pesquisas avaliadas e os resultados mostraram um aumento de 30% no risco relativo de ataque do coração entre os indivíduos que faziam uso de suplementos de cálcio após um tempo médio de consumo de 3.6 anos. Por outro lado, o uso dos suplementos não aumentou o risco de derrame cerebral nem os índices de mortalidade geral.
Devemos entender esse aumento de 30% no risco de infarto como modesto. Entretanto, devido à ampla utilização dos suplementos de cálcio pelos idosos, do ponto de vista de saúde pública, os resultados deixam de ser modestos. Além disso, o corpo de evidências científicas mostra que o poder da suplementação de cálcio em reduzir o risco de fraturas, associada ou não à vitamina D, é muito pequeno. E prevenir fraturas é o principal objetivo desse tipo de tratamento. Para cada mil pessoas tratadas por 5 anos com suplementos de cálcio, previne-se 26 fraturas, mas promove um aumento de 14 casos de infarto do coração, 10 de derrame cerebral e 13 mortes nesse mesmo período.
Os resultados sugerem que os critérios de indicação de suplementos de cálcio para indivíduos portadores de osteoporose devem ser reavaliados. Vale ressaltar que aqueles que fazem uso dos suplementos não devem abandoná-los sem orientação médica. Exercício físico, manter o peso em dia e fugir do cigarro são ótimas armas contra a osteoporose. Quanto ao cálcio da dieta, não há motivos para preocupação: não há evidências de que dietas ricas em cálcio aumentem o risco de doenças do coração.
CLIQUE aqui e ouça um bate-papo sobre o assunto com o Dr. Ricardo Teixeira
veiculado na Rádio CBN no dia 30 julho de 2010
3 comentários
1 agosto, 2010 às 1:33 am
Leonardo Fontenelle
Ricardo, e por que não foram incluídos estudos com vitamina D associada ao cálcio? Imagino que a suplementação dos dois seja muito mais comum que a de cálcio puro.
30 julho, 2010 às 3:28 am
Roni Ivan
Será que é com qualquer suplemento de Cálcio? O mais comum, acho, é o carbonato de cálcio, mas tem o citrato de cálcio e quem sabe outros…
Gostaria de entender porque isso acontece… Qual a relação deste cálcio ingerido por suplemento que provoca esta doença nas fibras do coração e que o cálcio dos alimentos não provoca?
Sou usuário de Citrato de Cálcio, gastroplastizado.
30 julho, 2010 às 3:48 am
Ricardo Teixeira
Essa pesquisa incluiu os estudos randomizados com aministração de cálcio maior ou igal a 500mg por dia. Depósito de cálcio nas artérias e redução da complacência é uma das hipóteses principais para explicar essa associação da suplementação de cálcio e isquemia do coração.