Pesquisadores americanos da Escola de Medicina de Johns Hopkins acabam de publicar na revista Neurology um estudo que mostra que adultos jovens que usaram ecstasy no passado têm maior risco de apresentar a síndrome da apnéia obstrutiva do sono (SAOS), condição caracterizada por oclusões repetitivas das vias aéreas superiores durante o sono e que pode causar problemas como o infarto do coração e derrame cerebral.
Foram estudados 62 jovens que nunca usaram ecstasy e outros 71 que relataram ter consumido ecstasy pelo menos 25 vezes ao longo da vida. Quanto maior o consumo da droga, maior foi o risco de apnéia do sono e o ecstasy teve mais influência sobre a apnéia do que a obesidade. Vale lembrar que a obesidade é um dos principais fatores de risco para a apnéia do sono.
Já dispomos de uma série de estudos experimentais que evidenciam que o ecstasy é tóxico aos neurônios, especialmente às ramificações de neurônios que produzem serotonina, neurotransmissor fortemente vinculado à regulação de inúmeras funções como o sono, a memória e o humor. A redução da atividade da serotonina associada à exposição ao ecstasy é uma das formas de explicar o maior risco de apnéia do sono no presente estudo, já que a serotonina exerce grande influência no controle da respiração, especialmente na ativação do centro cerebral da respiração em resposta ao aumento do teor de gás carbônico no sangue. Além disso, uma menor atividade da serotonina pode levar a uma maior dificuldade em se passar do estado de sono para o estado de vigília, o que pode favorecer a ocorrência de apnéias mais prolongadas.
Em diversos países, o ecstasy é a segunda droga ilegal mais utilizada, perdendo só para a maconha. De acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas 2009, o Brasil está entre os 22 países com maiores apreensões de ecstasy, fenômeno que aumentou exponencialmente em 2007. É importante que a informação sobre os efeitos do ecstasy cheguem à população, especialmente os jovens, pois já há muitas evidências de que essa droga pode estragar o cérebro.