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Um dos maiores gargalos para o sucesso de um programa de transplante de órgãos é o consentimento da doação de órgãos pela família. Há uma série de famílias que declara ser a favor da doação de órgãos, mas na hora de tomar a decisão muda de idéia. É de extrema importância a identificação de fatores que possam ser explorados para aumentar o número de famílias que irão decidir pela doação e uma pesquisa recém-publicada pelo British Medical Journal examinou os 20 principais estudos que investigaram essa questão.

 

Identificou-se que os fatores mais importantes para o sucesso da doação de órgãos foram: 1) fornecer aos familiares adequada informação sobre o processo de doação e seus benefícios; 2) alta qualidade nos cuidados ao potencial doador; 3) garantir que os familiares tenham um claro entendimento sobre o conceito de morte cerebral; 4) antecipar o processo de solicitação de doação ao momento da notificação da morte cerebral do potencial doador; 5) realizar o processo de solicitação de doação em ambiente privativo; 6) envolver profissionais treinados no processo de solicitação de doação. Existem evidências também de que é preciso dar tempo para a família refletir. É recomendável que, mesmo após uma primeira posição negativa da família, seja feita uma nova abordagem, já que muitas famílias mudam de opinião.

 

O número de pessoas aguardando na fila do transplante aumenta cada dia mais, mas não se vê o mesmo crescimento no número de doadores. Uma grande porcentagem das pessoas que precisam de transplante literalmente morre na fila e esse grave problema de saúde pública deve ser tratado da forma mais profissional possível. O processo de solicitação de doação junto às famílias requer tempo e treinamento, e o plantonista da UTI na maioria das vezes não é o profissional mais indicado para assumir esse papel. O presente estudo sugere que a melhoria do processo de comunicação com a família seja o fator que consiga mais rapidamente incrementar o número de doações num programa de transplante. Em nosso meio, ainda contamos com dificuldades como a falta de aparelhagem e profissionais preparados para o diagnóstico de morte cerebral, situação que tem sido oportunamente exposta pelo Dr. Drauzio Varella em recente campanha na TV.

 

 

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