“Aí, maloqueiro / levanta essa cabeça / enxuga essas lágrimas, sério / respira fundo e volta pro ringue / você vai sair dessa prisão / você vai atrás desse diploma / com a fúria da beleza do sol, entendeu / faz isso por nós / faz essa por nós / te vejo no pódio”. (Trecho de encerramento de AmarElo – Emicida)
Artistas de Rap são celebridades fortemente reconhecidas pelo público jovem não só nos EUA, mas em inúmeros países em todo o mundo. Uma análise qualitativa das letras das 125 músicas americanas mais populares desse estilo entre os anos de 1998 e 2018 mostrou que houve um significativo aumento da abordagem de temas relacionados à saúde mental: suicídio de 0% para 12%, depressão de 16% para 32% e metáforas relacionadas à saúde mental de 8% para 44%. Nesse mesmo período houve um drástico aumento na prevalência de transtornos mentais entre os jovens americanos.
O estudo acaba de ser publicado pelo periódico JAMA Pediatrics. Novas pesquisas são necessárias para examinar os efeitos negativos e positivos desse aumento substancial nas mensagens que abordam a saúde mental. Pode ser positivo, pois tem o potencial de reduzir o estigma dos transtornos mentais e aumentar a busca por tratamento. Ansiedade, por exemplo, afeta 30% dos adolescentes, mas 80% deles nunca procuraram assistência médica ou psicológica. Apenas 50% dos adolescentes com depressão são diagnosticados antes de atingirem a idade adulta.
Enquanto isso na pandemia… Nos EUA, sintomas de ansiedade triplicaram quando comparado ao ano de 2019 e sintomas depressivos quadruplicaram. A mudança é bem maior à encontrada após o atentado terrorista de 11 de setembro ou o furacão Katrina. E os jovens são especialmente vulneráveis. Cerca de 63% dos americanos com idades entre 18 e 24 anos demostram nesse período de pandemia transtornos de ansiedade ou depressão, 25% relatam que bebem e fumam mais devido ao estresse associado à pandemia e que já consideraram “seriamente” a possibilidade de cometer suicídio.