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Música pode ser uma ferramenta poderosa para enfrentar inúmeras condições clínicas. Digitei há alguns minutos o termo musicoterapia no Pubmed, site de referência para pesquisas na literatura médica, e encontrei seus efeitos benéficos como coadjuvante no tratamento da ansiedade em pacientes com câncer e naqueles internados numa Unidade de terapia Intensiva, também entre pacientes com diagnósticos como Doença de Alzheimer, Parkinson, autismo, e isso só na primeira página de busca dentre as 261.
Uma série de estudos também foi realizada testando o poder da música sobre a saúde de quem sofre de doenças do coração e os resultados são muito encorajadores. Música é capaz de reduzir a ansiedade, pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória e até mesmo a percepção de dor.
E por quais caminhos a música é capaz de trazer esses benefícios? As melhores evidências que temos até o momento apontam que a música prazerosa é capaz de ativar centros cerebrais que irão modular o sistema nervoso autônomo, promovendo com isso uma redução da atividade de nossas descargas de adrenalina e hormônios do estresse. A música é capaz de modular os circuitos da dor e reduzir a ansiedade associada a um procedimento médico. Mais uma vez, o efeito final é uma menor ativação das respostas de estresse. Entretanto, quando a música não é prazerosa, o efeito pode ser exatamente oposto.
Uma experiência bem interessante publicada pela revista inglesa Brain chegou a mostrar que a música pode colaborar na reabilitação de pacientes com derrame cerebral na fase aguda. Cada paciente recebia um CD player portátil e CDs com músicas de sua preferência, qualquer que fosse o estilo musical, e tiveram uma melhor recuperação nos domínios da memória e atenção. Apresentaram também menos sintomas depressivos e de confusão mental.
Oliver Sachs, formidável neurologista e escritor, deixou-nos este recado: “… ela tem a capacidade de nos mover, de induzir diferentes sentimentos e estados mentais” (Brain 2006;129). E como toda forma de arte, ela não reproduz o conhecido, mas o desconhecido. Aquilo que nunca foi ouvido.