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A jornalista Emily Esfahani Smith, autora do recém-lançado livro Power of a Meaning, Editora Crown, New York, chama nossa atenção para que nossa vida seja cheia de sentido, e não simplesmente cheia de felicidade.
Ser feliz? Todo mundo quer, mas será que a missão de encontrar a felicidade, fortemente estimulada pela indústria da autoajuda, não tem deixado as pessoas mais vazias, infelizes? Ela propõe que desviemos o foco da felicidade para uma vida cheia de sentido, vida dedicada a algo maior do que o eu. Um dos passos fundamentais para a publicação do livro foi seu artigo escrito em 2013 na revista americana The Atlantic : Há muito mais para a vida do que ser feliz. Esfahani provoca a reflexão de que a empreitada de encontrar a felicidade traz consigo um modelo de retirada. Isso é diferente no caso da busca por uma vida que faça sentido em que o pilar mais forte é a doação, o altruísmo.
Existem falsos substitutos para esse sentido, criando uma sociedade com um vácuo existencial. A tecnologia nos ajuda e ajudará muito mais, mas ela também tem seu lado negro. Para termos uma vida com sentido precisamos ser conscientes e presentes. Difícil imaginar isso nutrindo a mente e o cérebro com estímulos a conta-gotas que prevalecem nas plataformas das redes sociais.
A felicidade é uma condição fluida, efêmera. A percepção de sentido na vida é duradoura.
A prestigiada revista Nature Communication publicou neste mês de julho um estudo que mostrou como ações altruístas estimulam regiões do nosso cérebro que conectam o efeito do altruísmo (região temporo-parietal) à nossa percepção de felicidade (estriado ventral). Maiores ou menores doses de altruísmo não fizeram diferença no tanto que as pessoas ficavam felizes. Mais interessante foi que a simples intenção de se doar ao outro já foi capaz de ativar essa conexão. Altruísmo dá um barato que também é conhecido pelos neurocientistas como “warm glow”, ou brilho quente.