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Este mês foi marcado por muitas evidências de que um estilo de vida saudável é capaz de preservar nossas funções cerebrais à medida que envelhecemos. O periódico científico JAMA publicou uma pesquisa que evidencia que a dieta mediterrânea, assim como a prática de atividade física regular, são capazes de reduzir o risco da Doença de Alzheimer, e os resultados conseguiram demonstrar que cada um desses fatores tem seu poder independente do outro. 

 

Nesse estudo, quase dois mil idosos de Nova Iorque foram acompanhados por uma média de 5.4 anos, período em que os pesquisadores os examinaram do ponto de vista de desempenho cerebral e aplicavam escalas para avaliação da aderência à dieta mediterrânea e à atividade física. Vale lembrar que a dieta mediterrânea é uma alimentação rica em peixes, verduras, legumes, frutas, cereais (melhor se forem integrais), azeite e outras fontes de ácidos graxos insaturados, e baixo consumo de carnes e laticínios e outras fontes de gorduras saturadas, além do uso moderado, porém regular, de álcool.

 

Após o período de seguimento, 15% dos idosos desenvolveram o diagnóstico da Doença de Alzheimer. O risco absoluto em desenvolver a doença foi de 21% no caso de idosos sedentários e com baixo consumo dos itens da dieta mediterrânea, comparado a um risco de 9% entre aqueles com alta aderência à dieta e atividade física intensa. Atividade física intensa nesse grupo de idosos foi assim definida: 1.3 horas semanais de atividade intensa ou 2.4 horas de atividade moderada ou 4 horas de atividade leve. A atividade física foi capaz de reduzir o risco relativo da doença em 29-41%, e quando em nível intenso o poder de redução de risco foi ainda maior: 37-50%. Quanto à aderência à dieta mediterrânea, a terça parte dos idosos com maior aderência à dieta apresentou um risco relativo 32-40% menor de desenvolver a doença. Quando se analisou a terça parte dos idosos com os maiores níveis tanto de atividade física como de aderência à dieta mediterrânea, o risco da doença foi 61-67% menor.

 

Um segundo estudo publicado nessa mesma edição do JAMA confirma o poder protetor da dieta mediterrânea sobre o cérebro, dessa vez entre moradores da cidade de Bordeaux na França. Cerca de 1500 idosos foram acompanhados por uma média de 5 anos e aqueles com maior aderência à dieta mediterrânea foram os que menos tiveram declínio das funções cerebrais. Porém, os resultados não conseguiram demonstrar uma redução no risco da Doença de Alzheimer no período estudado, pois a metodologia do estudo não tinha poder para demonstrar esse tipo de efeito.

 

E não pára por aí. Neste mesmo mês, o American Journal of Epidemiology  publicou um grande estudo realizado na Inglaterra em que os hábitos de vida de mais de cinco mil pessoas foram acompanhados por uma média de 17 anos em diferentes períodos entre a meia-idade e a velhice. Uma escala foi utilizada para definir o grau de comportamento deletério à saúde e incluía a pesquisa dos seguintes hábitos: tabagismo, abstinência de álcool, baixo nível de atividade física e baixo consumo de frutas e vegetais. Aqueles que concentravam mais hábitos deletérios apresentaram mais perdas das funções cerebrais ao envelhecerem, especialmente a memória e capacidade de alcançar objetivos, também conhecida como funções executivas. E um dos dados mais importantes desse estudo foi que os hábitos deletérios já na meia idade foram capazes de influenciar o desempenho cognitivo na velhice.

 

O efeito negativo sobre as funções cognitivas de cada um desses fatores estudados já havia sido anteriormente demonstrado, mas essa é foi a primeira vez que esses efeitos foram demonstrados em conjunto. Isso é importante, pois é bem reconhecido que hábitos de vida costumam andar em grupo: um hábito saudável atrai outros hábitos saudáveis assim como hábitos deletérios também atraem outros. E por falar em grupos, outra coisa que a ciência tem nos demonstrado é que andar ao lado de pessoas com estilo de vida saudável aumenta nossa chance de adotar hábitos saudáveis também.

 

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